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abril 09, 2004

Paixão segundo S. Mateus 



Bach compôs a Paixão segundo São Mateus para o serviço religioso de Sexta Feira Santa em 1729, na Igreja de S. Tomás, em Leipzig.
Durante a cerimónia, a obra era executada por inteiro, com um longo sermão entre as partes I e II.
A tradição de cantar a Paixão de Cristo (a história segundo os quatro Evangelhos, a prisão, crucificação e morte de Jesus), começara séculos antes.
De início, a narrativa era cantada por melodias simples.
Depois, os compositores, começaram gradualmente a aperfeiçoar o canto.
Compositores do Barroco tardio foram particularmente influenciados por duas novas formas musicais aparecidas no período: a ópera e o oratório.
A Paixão de S. Mateus de Bach é o culminar desta velha tradição de séculos.
E representa sem dúvida a mais bela narrativa da Paixão de todos os tempos.

A obra é a maior composição escrita por Bach, quer em duração, quer em executantes.
São necessários dois coros, com um terceiro coro de sopranos para o primeiro e último movimentos da 1.ª parte, duas orquestras, quatro solistas vocais e muitos outros solistas para as partes das diversas personagens.
O papel do Evangelista representa S. Mateus.
É quem conta a história.
Bach pôs este papel numa voz de tenor.

O Evangelista e as várias personagens são acompanhados por melodias simples da harpa e violoncelo. Todavia, Bach pôs a música de Jesus a ser acompanhada por uma orquestra de cordas, assim o distinguindo dos restantes personagens.
E é impressionante que, no momento da morte, ele diz as últimas palavras, acompanhado apenas pela harpa e violoncelo, enquanto a “sua” orquestra de cordas permanece silenciosa.

Não é certo quem preparou o libretto da Paixão de S. Mateus: o poeta Christian Friedrich Henrici ou o próprio Bach?
Os textos provêm de três fontes:
1) O Evangelho de S. Mateus, capítulos 26 e 27
2) Hinos tradicionais luteranos, chamados “corais”
3) poemas religiosos de Henrici (que usava o pseudónimo literário de Picander)
A construção desta obra épica é relativamente simples.
Bach pega na história, cena a cena. Em geral, principia com um pedaço da narrativa da Bíblia, tal como cantada pelo Evangelista e pelas várias personagens.
Depois, pára a cena para comentar o que acaba de acontecer.
O comentário é feito através de hinos tradicionais (corais), recitativos a solo e árias.

O coro desempenha dois papeis diferentes na obra. Algumas vezes são personagens da acção (por exemplo, a turba furiosa), outras vezes ficam fora da acção, tal como o coro na tragédia Grega.
No princípio e no fim das partes I e II, Bach colocou coros de introdução e fecho.

A Paixão segundo S. Mateus de Bach é uma das maiores obras musicais da civilização ocidental, que não é suplantada por qualquer ópera.

Fonte: Arlindo Correia

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