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fevereiro 27, 2007

Como desenhar um sonho 

La fidélité et l’espoir sont capables de vaincre tous les obstacles


“... Atravessava uma séria crise e os meus sonhos eram quase todos em tons de branco. E eram muito angustiantes. Recordo um em que me encontrava numa espécie de torre constituída por rampas sucessivas. Folhas mortas caíam e cobriam tudo. A dada altura, numa espécie de alcova de uma brancura imaculada, aparecia um esqueleto todo branco que tentava apanhar-me. E nesse instante, à minha volta, o mundo tornou-se branco, branco. E eu punha-me em fuga, uma fuga desvairada...”
"Eu utilizo a lógica do sonho ou a sua aparente falta de lógica. Os sonhos são vagos e de tal modo fluidos que é difícil desenhá-los; quando lhes queremos dar forma, esta torna-se difusa. Para isso, é necessário reconstrui-los."

"Entretiens avec Hergé", de Numa Sadoul - Editions Casterman, 1958



Mon rêve? Célébrer le centenaire de la naissance de Hergé a Bruxelles au 22 Mai, aussi le jour de mon anniversaire. Allez!

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fevereiro 26, 2007

ânsia desmedida de mudez 

John Henry Fuseli - Silence, 1799-1801


É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade


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fevereiro 25, 2007

Cadáver adiado, ou o direito a morrer a própria morte 

August Macke - Man Reading in the Park, 1914


Uma maior solidão

Uma maior solidão
Lentamente se aproxima
Do meu triste coração.

Enevoa-se-me o ser
Como um olhar a cegar,
A cegar, a escurecer.

Jazo-me sem nexo, ou fim...
Tanto nada quis de nada,
Que hoje nada o quer de mim.


Fernando Pessoa

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fevereiro 24, 2007

Bom fim-de-semana 


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fevereiro 20, 2007

Vem (Além de toda a solidão) 

Vem
Além de toda a solidão
Perdi a luz do teu viver
Perdi o horizonte

Está bem
Prossegue lá até quereres
Mas vem depois iluminar
Um coração que sofre

Pertenço-te
Até ao fim do mar
Sou como tu
Da mesma luz
Do mesmo amar

Por isso vem
Porque me quero
Consolar
Se não está bem
Deixa-te andar a navegar


Madredeus

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fevereiro 19, 2007

a puta da subjectividade 

Afinal sempre é verdade que os deuses menores também podem cair da nuvem...


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.


Fernando Pessoa

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fevereiro 16, 2007

Canal Memória - 1994 



Pink Floyd - Wish You Were Here

So, so you think you can tell Heaven from Hell,
blue skies from pain.
Can you tell a green field from a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
And did they get you to trade your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
And did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage?
How I wish, how I wish you were here.
We're just two lost souls swimming in a fish bowl, year after year,
Running over the same old ground.
What have we found? The same old fears.
Wish you were here.

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fevereiro 15, 2007

diálogo sincrético 



she - It's going to be a long night.
he - True.
she - And I don't particularly like the book I've started.
he - Ah.
she - You know what I mean?
he - Ah, let me think. Yes, I know exactly what you mean.

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fevereiro 14, 2007

Harmonia entre o belo e o grotesco 

Johann Heinrich Fussli - O Incubo, 1781



Une forêt profonde où se noie le regard
Sur la rive du désespoir et de l’oubli
Un vieux manoir surgi au fond de nulle part
Dans un écrin lugubre où règne la magie.

Mes larmes ont usé les pierres du chemin,
Mes cris ont lézardé les puissantes murailles
La colère nourrit chacun de ces matins
Où l’âme emplie d’amour livre et perd la bataille.

Sombres couloirs bordés de vivants candélabres
Visages de granit aux inhumains regards,
Tout évoque l’enfer dans ce château macabre
Qui emmure mon cœur de ses épais remparts.

Vieux promeneur perdu dans la brume ennemie,
Tu peux te reposer quelques menus instants
J’entrouve sous tes pas mon royaume maudit
Qui dort dans un linceul, oublié des vivants.


Poema de Bernard Sellier, inspirado no filme La Belle ou la Bête, de Jean Cocteau

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fevereiro 09, 2007

ligações perigosas - casos da vida real 



mulher engravida do próprio irmão



mulher tem três filhos do próprio tio


mulher engravida do heremita


abadessa entrega criança após o parto


mulher com criança amaldiçoada

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fevereiro 05, 2007

A Roda dos Expostos 

O cartoon, enquanto mensagem não verbal, deve ser vista à luz da semiótica, fenómeno cultural que estuda a natureza dos signos e inter-relaciona o significante e o significado.
Uma análise diversa deste método conduz ao radicalismo dos pragmáticos, como aconteceu com as caricaturas do Profeta Maomé.

Terrorismo é o Verbo!
Edição do EXPRESSO de 3 de Fevereiro de 2007


O Verbo - palavra de Deus, é o verdadeiro reponsável pelo massacre dos inocentes, cuja confiança nos homens é traída pelo Anjo da morte (repare-se nas mãos), que, sorridente, parece dizer "deixai vir a mim as criancinhas". Conceptualmente, para os crentes um aborto é uma vida sem direito ao paraíso; eis o ambiente de purgatório em tons de vermelho.
As alminhas a sairem pelo topo da cruz será porventura o significante mais forte deste cartoon de António, pois o ancestral repúdio pelo preservativo já tinha sido retratado na ponta do nariz de João Paulo II.


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fevereiro 04, 2007

Noite de emoções 

Não podia ter começado melhor a noite. Acabado de subir a interminável escadaria que conduz à bancada e ainda mal recuperado o fôlego, vejo aí umas 200 pessoas coladas à televisão e pensei: o Porto não está a ganhar! Aproximo-me para ver o resultado e... golo do Estrela! Parecia que jogava a Selecção Nacional!!!

Foi com outro ânimo que subi os últimos degraus até chegar ao lugar e logo, nova emoção: a sentida homenagem a Luis Ribeiro com quem, há uns 15 anos, tive oportunidade de trocar breves palavras sobre o negócio das telecomunicações e de quem retive para sempre a imagem de excelente pessoa.


Depois, o jogo.

Na primeira parte, uma jogada perfeita e um excelente golo do adversário; pouco depois, o fantástico remate do Caneira que, se tivesse entrado, seria do nível do que marcou ao Inter de Milão. Que pena.

Carlos -con tranquilidad- Bueno, que marcou quatro golos (não fez um único golo na primeira volta!), foi o merecido ovo kinder para adoçar a boca dos adeptos que há muito tinham entrado em hipoglicémia.

Ah! Liedson, esse sádico! Deu-se ao luxo de falhar um penalti que parece não ter existido para compensar com um golo de antologia!




Depois de pensar que o clube do coração estava condenado a ficar atrás daqueles cujo nome não pronunciamos, agora... até os comemos!

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fevereiro 02, 2007

Referendo sobre o aborto 

O que está em causa neste Referendo é unicamente se se altera ou não a lei vigente, através da pergunta
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”.
É inconsequente discutir a formulação da pergunta, pois é esta e não outra.




INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA
A mulher vai poder abortar, porque assim o decide. Nada de novo, portanto.
Mesmo considerando a actual lei, que concede à mulher a possibilidade de interromper a gravidez até às 12 semanas em caso de risco de vida, até às 24 em razão de o nascituro poder vir a sofrer, de forma incurável, de doença grave ou malformação congénita, será sempre pessoal o motivo - por variadíssimas razões, as apontadas ou outras - pelo qual a mulher decide viabilizar ou não o feto. É uma questão de responsabilidade individual.

A defesa do direito do feto à vida enferma de duas fragilidades:
1. A actual lei permite à mulher abortar, caso o feto seja portador de deficiência; no entanto, há mulheres que ainda assim decidem prosseguir com a gravidez. Se o direito do feto à vida fosse absoluto, a sua defesa seria irrepreensível. Não é.
2. Independentemente do desejo, ou não, de ser mãe, pois o feto tem identidade genética mas não identidade pessoal, logo não é autónomo, prevalece a consciência da mulher que - em circunstâncias que só ela pode avaliar - lhe permite decidir se o direito à vida do feto é defensável até às 10 semanas.

Porque é, no mínimo, discutível, se deve o Estado decidir quais são os motivos aceitáveis para a interrupção, daí a pertinência do termo despenalização.


NAS PRIMEIRAS DEZ SEMANAS
Não deriva de nenhum fundamento científico, o prazo de dez semanas, mas sim das necessárias condições de segurança e de saúde para a mulher. Poderiam ser 12 ou 14, como na França e Alemanha.


EM ESTABELECIMENTO DE SAÚDE LEGALMENTE AUTORIZADO
Só assim é possível desincentivar o aborto clandestino. Se assim não fosse, tratava-se duma efectiva liberalização. Não é. Argumentar que passaremos a pagar "leviandades femininas" por via dos nossos impostos não é sério, na medida em que não é legítimo pensar que o Estado quer ser promotor do aborto; O Estado deve assegurar as condições de segurança que garantam à mulher que recorrer ao Serviço Nacional de Saúde obter a salvaguarda da sua saúde, caso não possua recursos para procurar uma clínica autorizada, onde a sua intimidade será mais defendida.


É lícito discutir se o aborto é sinónimo de liberdade de eliminar uma vida, tal como é nobre a discussão sobre a defesa da vida humana - pessoa humana é outra matéria.
É importante que a sociedade discuta o aborto enquanto problema de saúde pública, bem como se o SNS deve ou não - e em que medida - fazer parte da solução.
Podemos especular sobre que regulamentação resulta da eventual alteração da lei.
Nenhum destes temas consta da pergunta colocada a Referendo no dia 11. À pergunta, eu respondo sim.


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