dezembro 07, 2004
Sublimação!
Que forma tão sentida de admirar a Renascença e os seus vultos!
Sandro Botticelli (1445-1510)
Giovanna degli Albizzi Receiving a Gift of Flowers from Venus - 1486
Fresco destacado e colocado em tela - 211 x 284 cm
Museu do Louvre, Paris
Para Botticelli
Pressinto que o mundo cresce de teus dedos
quando num clarão mortal se rasgam asas
e faces lívidas de anjos
choram suas raízes arrancadas do chão.
Quando o vento grita em teus cabelos
que não é o mar a seara que se ondula.
Quando um perfil destrói em si a noite
e o teu peito,
onde límpida era a sua côr.
Quando uma árvore frutifica a sua solidão
e se ilumina
com um súbito canto
ou um vulto quase irreal de ser tão breve.
Quando, de olhos sangrentos,
sentes nitidamente o anoitecer
e exausto abandonas a cabeça a mãos ausentes:
náufrago de veias que prolongam a terra,
transfigurado no rosto
onde a manhã te anuncia o seu regresso.
in Silabário, de José Bento
Sandro Botticelli (1445-1510)
Giovanna degli Albizzi Receiving a Gift of Flowers from Venus - 1486
Fresco destacado e colocado em tela - 211 x 284 cm
Museu do Louvre, Paris
Para Botticelli
Pressinto que o mundo cresce de teus dedos
quando num clarão mortal se rasgam asas
e faces lívidas de anjos
choram suas raízes arrancadas do chão.
Quando o vento grita em teus cabelos
que não é o mar a seara que se ondula.
Quando um perfil destrói em si a noite
e o teu peito,
onde límpida era a sua côr.
Quando uma árvore frutifica a sua solidão
e se ilumina
com um súbito canto
ou um vulto quase irreal de ser tão breve.
Quando, de olhos sangrentos,
sentes nitidamente o anoitecer
e exausto abandonas a cabeça a mãos ausentes:
náufrago de veias que prolongam a terra,
transfigurado no rosto
onde a manhã te anuncia o seu regresso.
in Silabário, de José Bento
Etiquetas: José Bento, Poesia
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