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janeiro 12, 2005

O tigre 



Sou o tigre.
Espio-te entre as folhas
largas como lingotes
de mineral molhado.

O rio branco cresce
sob a névoa. Chegas.

Nua, mergulhas.
Espero.

Então, num salto
de fogo, sangue, dentes,
com uma pancada derrubo
teu peito, tuas ancas.

Bebo teu sangue, despedaço-te
os membros um a um.

E fico a velar
durante anos, na selva,
teus ossos, tua cinza,
imóvel, longe
do ódio e da cólera,
desarmado em tua morte,
enredado nos cipós,
imóvel à chuva,
sentinela implacável
do meu amor assassino.

in Os Versos do Capitão, de Pablo Neruda
Tradução de Albano Martins

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