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outubro 11, 2005

tic tac.. tic tac.. tic tac.. 


Acordo de noite subitamente.
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora,
O meu quarto é uma coisa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena coisa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única coisa que o meu relógio simboliza ou significa
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...

Fernando Pessoa

Comments:
Autárquicas 05 - análise à maneira de um deles (dos heterónimos, pois claro)

dali e daqui

PS: já agora, não sei se a zezinha vai ser uma mais-valia para o Carmona ou se vai ser mais valia não ter sido eleita

a ver vamos, como diz o Sócrates (sim, porque só um ceguinho é que não percebia que o Carrilho não era a escolha correcta)
 
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