dezembro 11, 2005
Breve promessa de vida..
As Árvores
Há em cada árvore uma alma tua, uma alma tua
que se retorce em troncos e se abandona em frutos,
uma alma que se move sobre a terra pura
como sobre os seios os mamilos escuros.
Uma ave é cada folha que voa no outono
e que desfibrada vai alimentar uma flor,
cada tronco sofrido, chagado e resinoso
fornece por cada estria águas do coração...
Na planície a árvore é uma chaga viva
que se torra em brasas e ainda dá sombra.
Amassa-a no teu sangue viajante que passas
e pede que venha a Primavera azul
que lhe dará tremores de seiva e de harmonia
(folha oblonga ou rosada maçã do amanhecer)
e assim poderão ver os seus ramos ao alto...
É tão doce a sábia promessa do mel!
Pablo Neruda, Cadernos de Temuco
Há em cada árvore uma alma tua, uma alma tua
que se retorce em troncos e se abandona em frutos,
uma alma que se move sobre a terra pura
como sobre os seios os mamilos escuros.
Uma ave é cada folha que voa no outono
e que desfibrada vai alimentar uma flor,
cada tronco sofrido, chagado e resinoso
fornece por cada estria águas do coração...
Na planície a árvore é uma chaga viva
que se torra em brasas e ainda dá sombra.
Amassa-a no teu sangue viajante que passas
e pede que venha a Primavera azul
que lhe dará tremores de seiva e de harmonia
(folha oblonga ou rosada maçã do amanhecer)
e assim poderão ver os seus ramos ao alto...
É tão doce a sábia promessa do mel!
Pablo Neruda, Cadernos de Temuco
Comments:
(...)
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca
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Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca