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outubro 30, 2006

Postais de Portugal - Aveiro 

Apontamento fotográfico sobre os painéis de azulezos da bonita Estação de Aveiro - a Veneza de Portugal - no âmbito das Comemorações dos 150 de História da CP.
(textos retirados do sítio da Companhia dos Caminhos-de-Ferro Portugueses).
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Aveiro recebe o viajante com uma luminosidade única e um aroma intenso a maresia.
É a Ria que a envolve e atravessa a responsável por tão singular ambiência, perceptível logo à chegada, ultrapassadas as portas da Estação dos Caminhos-de-Ferro.
O edifício, revestido a painéis de azulejos da Fábrica da Fonte Nova (1916), com motivos alusivos às actividades marinhas, anuncia, desde logo, a ligação da cidade a esse generoso braço de mar.
E mesmo hoje em dia, não constituindo a sua fonte de maior riqueza, as margens da laguna são as favoritas para passeios tranquilos, dado que guardam não só belas paisagens, como os bairros mais graciosos de Aveiro.









Cidade situada em área plana na foz do rio Vouga, Aveiro é porto lagunar e marítimo, em comunicação com a Ria a que dá nome.

As salinas, desenvolvidas nesse estuário, dominam a paisagem, ocupando perto de 50 mil hectares, boa parte classificados de Interesse Ambiental pela União Europeia.

Atravessada por três canais, a cidade é conhecida por Veneza Portuguesa.










Povoação de pescadores, provavelmente anterior à ocupação romana, Aveiro assumiu com os Descobrimentos um papel importante no
desenvolvimento económico do País, tendo sido elevada à categoria de cidade em 1759.









Com o assoreamento da sua barra conheceu algum declínio, do qual recuperou com a abertura da Barra nova, em 1808, e com a inauguração da estação dos Caminho-de-ferro.


Essa nova pujança é ainda hoje visível no seu ordenamento urbano, onde as casas Arte Nova e os revestimentos azulejares lhe imprimem um carácter único, em especial na zona do Rossio e junto ao pitoresco bairro da Beira-Mar.

No entanto, um dos edifícios mais espectaculares do município é a própria estação ferroviária, revestida de um grande número de painéis de azulejos da Fábrica da Fonte Nova (1916), reproduzindo motivos regionais.















Desde sempre associada às actividades marítimas e piscatórias, Aveiro possui um porto dotado de doca seca, estaleiros navais e grandes espaços reservados à seca do bacalhau.


As indústrias tradicionais estão também ligadas ao barro, funcionando na sua área grandes unidades fabris de azulejos, telhas, tijolos e louças, destacando-se, nesta última categoria, a Fábrica da Vista Alegre, uma visita obrigatória na cidade.












Actualmente consagrada ao comércio e serviços, a cidade conhece um novo fôlego graças ao crescimento exponencial da sua Universidade, criada nos anos 70 do século passado e ocupando hoje um lugar cimeiro no panorama académico português.


No que toca ao seu património histórico, destacam-se o Museu de Aveiro, instalado no antigo Mosteiro de Jesus, com uma importante colecção da arte barroca; a Igreja da Misericórdia, seiscentista, cujo interior está revestidos a azulejos; a Sé e a invulgar Igreja das Barrocas, capela do início do séc. XVIII, com planta octogonal e decorada a talhas douradas em todo o altar-mor e altares laterais.









A cerca de 12 Km encontram-se as Praias da Barra e da Costa Nova, já em Ílhavo, que, com as suas areias finas e águas despoluídas, fazem as delícias de locais e turistas.

As festas da cidade realizam-se a 13 de Maio em honra da Princesa Santa Joana, padroeira de Aveiro.

São igualmente de salientar a Festa de São Gonçalo, em Janeiro, e as Festas da Ria, no mês de Julho ou de Agosto (em função das marés), que integram uma corrida de barcos moliceiros e constituem um óptimo pretexto para experimentar uma das especialidades mais interessantes da doçaria nacional, os ovos-moles.











Recantos pitorescos


Os quarteirões da Beira-Mar, por exemplo, outrora habitados por pescadores, peixeiras e marnotos (homens que amanham as salinas) encantam com ruas estreitas, casas pequeninas protegidas da humidade por azulejos, e pontes coloridas.

O
bairro encontra-se disposto ao longo do Canal de São Roque, junto ao animado Mercado do Peixe – lugar de peregrinação nocturna dos mais jovens, acabada a azáfama matinal da venda do pescado –, deixando reflectir nas águas serenas da Ria estendais de roupa esvoaçante e o pitoresco da sua arquitectura.

Do lado oposto ao casario, entre o canal e as salinas, um passeio pedonal – espécie de passadeira flutuante – é frequentado pelos adeptos da boa forma e da invulgar paisage
m, ainda mais misteriosa quando envolta na névoa matutina típica das zonas ribeirinhas. A vizinha Marinha da Troncalhada, transformada em Eco-Museu, é lugar de visita obrigatória. Tem como propósito dar a conhecer a tarefa de arrancar o sal à laguna, com a ajuda indispensável do sol, do vento e da sabedoria musculada dos marnotos.










No coração da cidade


Já no Rossio, largo ajardinado junto ao Canal Central, são os barcos moliceiros e os magníficos edifícios Arte Nova, a atrair as atenções.

As embarcações ostentam na proa e na popa painéis decorativos com pinturas naif, acompanhadas de mensagens de carácter satírico, romântico, profissional ou religioso.

Em redor, as pastelarias, restaurantes e casas de petiscos oferecem algumas das mais gulosas especialidades da região: caldeiradas de peixe e enguias, burriés e os célebres ovos-moles.











História e modernidade


Deixando a baixa coroada pela rotunda conhecida por “Pontes”, que atravessa o Canal Central e liga os vários bairros da cidade, há que subir a R
ua Direita. Pelo caminho surgem a seiscentista Igreja da Misericórdia, com o interior revestido a azulejo; o recentemente restaurado Teatro Aveirense, obra-prima da arquitectura do séc. XIX; e o edifício da Câmara Municipal, voltado para a estátua do jornalista e político aveirense, José Estêvão.

E
sta artéria pedonal desemboca na Praça Marquês de Pombal, animada por esplanadas e repuxos refrescantes. À esquerda encontra-se o Palacete do Visconde da Granja, ou casa de Santa Zita, actualmente a maior fachada de azulejos da cidade, com seis painéis alusivos às estações do ano.

Um pouco mais à frente o Museu de Aveiro ocupa o Mosteiro de Jesus, convento fundado em 1458, que acolheu a princesa D. Joana, santa padroeira da cidade. A sua igreja, com rica talha dourada e azulejos, aloja o túmulo da princesa, e constitui uma obra-prima do barroco. Mesmo ali ao lado, a Sé foi construída junto a uma das portas das desaparecidas muralhas medievais, apresentando no adro uma cópia do cruzeiro do séc. XV, cujo
original se encontra no seu interior.

Descendo a partir daí em direcção à Ria, vislumbra-se o Jardim Municipal Infante D. Pedro, lugar fresco e romântico com um grande lago e recantos ajardinados. A seus pés tem início o campus da Universidade, cujo Plano de Ordenamento foi coordenado pelo arquitecto Nuno Portas. Possui edifícios da autoria de Souto Moura e Siza Vieira, tendo este último projectado a Biblioteca - lugar aprazível para ler, estudar ou simplesment
e descansar, graças às grandes vidraças voltadas para as marinhas, que se prolongam até ao mar.










Ao encontro do Atlântico


As praias, a pouco mais de 10 km, já pertencem ao concelho de Ílhavo, mas são frequentadas assiduamente pelos aveirenses. A mais próxima, a da Barra, possui o farol mais alto de Portugal - o terceiro a nível mundial - e um extenso areal banhado por águas relativamente dóceis.

A praia da Costa Nova permanece como a mais pitoresca, com os seus palheiros de madeira às riscas verdes, vermelhas, azuis ou amarelas. Uma jóia da arquitectura popular portuguesa plantada entre o Atlântico e o estuário da Ria de Aveiro.

Não faltam aí esplanadas para petiscar umas amêijoas ou mexilhões provenientes da ria. Um último momento de prazer antes de regressar ao ponto de partida - a Estação dos Caminhos-de-Ferro.

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Comments:
Agora que foi desactivada, esta estação vai transformar-se no novo museu de arte contemporânea da cidade.

Mais uma boa razão para uma visita futura.

Abraço
 
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