dezembro 31, 2005
Inside Dakar
Na verdade, é mais Dakar inside Lisboa mas, seja como fôr, já tive a minha estreia.
Ouvir de perto o roncar dos motores destes TT na estrada, mesmo não sendo de terra..
Não importa..
Sentir a atmosfera duma prova destas, é uma emoção!
O acompanhamento começou em Monsanto, num dos inúmeros viadutos - ao longo da ligação até à primeira classificativa - que se encheram de milhares de pessoas para ver a caravana do Dakar.
À passagem de cada máquina - em especial as dos portugueses -, o pessoal levantava as bandeiras nacionais, aplaudia, ao que os concorrentes ocorrespondiam, acenando ou mostrando os cachecóis.
As fotos foram tiradas em andamento, o que me valeu um olhar nº 3 de um dos co-pilotos, durante o acompanhamento na A2..
Saída da Marginal e entrada na CREL
CREL, pouco antes da entrada na A5
Monsanto, a caminho da Ponte 25 de Abril
Na Ponte 25 de Abril
A2, na zona de Almada
A2, na zona de Palmela
A2, na zona de Setúbal
Clique nas imagens para ampliar
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Ouvir de perto o roncar dos motores destes TT na estrada, mesmo não sendo de terra..
Não importa..
Sentir a atmosfera duma prova destas, é uma emoção!
O acompanhamento começou em Monsanto, num dos inúmeros viadutos - ao longo da ligação até à primeira classificativa - que se encheram de milhares de pessoas para ver a caravana do Dakar.
À passagem de cada máquina - em especial as dos portugueses -, o pessoal levantava as bandeiras nacionais, aplaudia, ao que os concorrentes ocorrespondiam, acenando ou mostrando os cachecóis.
As fotos foram tiradas em andamento, o que me valeu um olhar nº 3 de um dos co-pilotos, durante o acompanhamento na A2..
Saída da Marginal e entrada na CREL
CREL, pouco antes da entrada na A5
Monsanto, a caminho da Ponte 25 de Abril
Na Ponte 25 de Abril
A2, na zona de Almada
A2, na zona de Palmela
A2, na zona de Setúbal
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Ó Sousa! Vê lá se fazes uma gracinha..
Hoje é um dia especial na mouraria, pois tem início em Lisboa a mítica aventura do Dakar!
Os meus favoritos são os Volkswagen larguinhos..
Naturalmente, se não puder ser o Sousa a ganhar, que seja o Sainz, pois também me gusta mucho!
Boa sorte a todos os portugueses envolvidos!
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Os meus favoritos são os Volkswagen larguinhos..
Naturalmente, se não puder ser o Sousa a ganhar, que seja o Sainz, pois também me gusta mucho!
Boa sorte a todos os portugueses envolvidos!
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dezembro 30, 2005
Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
Álvaro de Campos
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dezembro 28, 2005
Postais de Lisboa - Natal de 2005
Praça do Município
Câmara Municipal, com o Terreiro do Paço em fundo
Árvore de Natal, no Terreiro do Paço
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Câmara Municipal, com o Terreiro do Paço em fundo
Árvore de Natal, no Terreiro do Paço
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Etiquetas: Fotografia, Lisboa, Postais de Lisboa
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dezembro 27, 2005
sorrisos amarelos
No dia de Natal, fizemos as nossas crianças mais felizes, em boa parte por via do fair trade:
Cerca de 80% dos brinquedos foram importados da China ou dos vizinhos asiáticos, muitas vezes fruto do trabalho escravo de crianças, que só conhecem brinquedos porque são elas que os fabricam.
Negar esta realidade não alivia o desconforto de saber que, oculto no sorriso das nossas crianças ao receber um presente, está muitas vezes um trabalho desumano.
A ameaça
Hoje, ser competititivo no mercado global é também saber tirar vantagens de qualquer forma de ameaça.
Daí ter alguma dificuldade em entender as queixas por parte de alguns dos nossos empreendedores, face à dificuldade em competir com os chineses;
Durante décadas - em lugar de modernizarem as suas indústrias - mais não fizeram do que escravizar mão-de-obra barata!
Defendem o proteccionismo, ao mesmo tempo que pretendem tornar-se competitivos no mercado global - deslocalizando a produção para os países de leste - com baixo custo... salarial!
E depois criticam os chineses...
Da Marca Amarela
O facto de chineses e indianos representarem quase metade da população mundial, bem como a provável melhoria das suas condições de vida - fruto da entrada no mercado global - fará deles não só das maiores potências económicas, mas também... culturais?!
Conheço pouco da cultura chinesa, mas sei que eles já praticavam o comércio livre muito antes de os europeus se aventurarem nos mares da China.
Não creio, porém, que os chineses que invadem a Europa sejam os melhores veículos dessa cultura.
Na realidade, são os novos escravos do século XXI (a grande maioria trabalhou no dia de Natal).
Não têm vida social, não os vemos nos espaços culturais e de lazer...
Um exemplo: na CeBIT - Feira de Telecomunicações e TI de dimensão mundial, que se realiza em Hannover na Alemanha, das centenas de expositores asiáticos e chineses em particular, a maioria permanece no stand todo o santo dia; recebem os visitantes enquanto seguram uma tigela de arroz e um pacote de sumo...
Reflectem na actividade profissional a sua forma de estar na vida, que respeito.. mas não entendo.
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Cerca de 80% dos brinquedos foram importados da China ou dos vizinhos asiáticos, muitas vezes fruto do trabalho escravo de crianças, que só conhecem brinquedos porque são elas que os fabricam.
Negar esta realidade não alivia o desconforto de saber que, oculto no sorriso das nossas crianças ao receber um presente, está muitas vezes um trabalho desumano.
A ameaça
Hoje, ser competititivo no mercado global é também saber tirar vantagens de qualquer forma de ameaça.
Daí ter alguma dificuldade em entender as queixas por parte de alguns dos nossos empreendedores, face à dificuldade em competir com os chineses;
Durante décadas - em lugar de modernizarem as suas indústrias - mais não fizeram do que escravizar mão-de-obra barata!
Defendem o proteccionismo, ao mesmo tempo que pretendem tornar-se competitivos no mercado global - deslocalizando a produção para os países de leste - com baixo custo... salarial!
E depois criticam os chineses...
Da Marca Amarela
O facto de chineses e indianos representarem quase metade da população mundial, bem como a provável melhoria das suas condições de vida - fruto da entrada no mercado global - fará deles não só das maiores potências económicas, mas também... culturais?!
Conheço pouco da cultura chinesa, mas sei que eles já praticavam o comércio livre muito antes de os europeus se aventurarem nos mares da China.
Não creio, porém, que os chineses que invadem a Europa sejam os melhores veículos dessa cultura.
Na realidade, são os novos escravos do século XXI (a grande maioria trabalhou no dia de Natal).
Não têm vida social, não os vemos nos espaços culturais e de lazer...
Reflectem na actividade profissional a sua forma de estar na vida, que respeito.. mas não entendo.
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dezembro 26, 2005
Ho! Ho! Ho!
It's Christmas in Heaven,
All the children sing,
It's Christmas in Heaven,
Hark hark those church bells ring.
It's Christmas in Heaven,
The snow falls from the sky...
But it's nice and warm and everyone
looks smart and wears a tie.
It's Christmas in Heaven,
There's great films on TV...
`The Sound of Music' twice an hour
And `Jaws' I, II, and III.
There's gifts for all the family,
There's toiletries and trains...
There's Sony Walkman Headphone sets
And the latest video games.
It's Christmas it's Christmas in Heaven!
Hip hip hip hip hip hooray!
Every single day,
Is Christmas day.
It's Christmas it's Christmas in Heaven!
Hip hip hip hip hip hooray!
Every single day,
It's Christmas day.
Lyrics by Monty Phyton
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All the children sing,
It's Christmas in Heaven,
Hark hark those church bells ring.
It's Christmas in Heaven,
The snow falls from the sky...
But it's nice and warm and everyone
looks smart and wears a tie.
It's Christmas in Heaven,
There's great films on TV...
`The Sound of Music' twice an hour
And `Jaws' I, II, and III.
There's gifts for all the family,
There's toiletries and trains...
There's Sony Walkman Headphone sets
And the latest video games.
It's Christmas it's Christmas in Heaven!
Hip hip hip hip hip hooray!
Every single day,
Is Christmas day.
It's Christmas it's Christmas in Heaven!
Hip hip hip hip hip hooray!
Every single day,
It's Christmas day.
Lyrics by Monty Phyton
Etiquetas: filmes da minha vida, Monty Python
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dezembro 24, 2005
King Kong 70 mm
A frase de Ann Darrow ( Naomi Watts) "as coisas boas não duram muito tempo" não se aplica a King Kong. Este espectacular filme de aventuras de Peter Jackson - realizador da trilogia O Senhor dos Anéis - tem cerca de 3 horas; demasiado longo para a narrativa, dirão os críticos! Mas, enquanto espectador, é um deslumbramento assistir às sequências deste remake do clássico de 1933. A reconstituição da atmosfera de New York é notável. Os edifícios da época foram meticulosamente reproduzidos em computador. O Empire State Building, que serve de cenário à fuga impossível de Kong, foi reconstruido de forma perfeita. I'm someone you can trust, I'm a film producer. Ann Darrow, actriz de teatro desempregada, vítima da Depressão dos anos 30, revela a sua integridade ao rejeitar a possibilidade de trabalhar num cabaret; Conhece então o louco Carl Denham ( Jack Black) - realizador com uma paixão ilimitada pela sétima arte e de ambição desmesurada - que a convence a embarcar na aventura de se tornar actriz de cinema, num filme de acção e aventura. Com apenas meia dúzias de páginas do guião para iniciar as filmagens, o manhoso Carl arrasta o escritor Jake Driscoll (Adrien Brody) na tortuosa viagem de barco, que os conduzirá à misteriosa Ilha das Caveiras. A aventura A aventura da equipa de filmagens começa logo que põem os pés em terra; uma tribo de gente de aspecto fantasmagórico torna Ann prisioneira e inicia o ritual da oferenda ao poderoso Kong, que a leva para a densa floresta. Entre a frustrada tentativa de salvamento da bela Ann e o sentido de oportunidade de Carl para registar em película o desenrolar dos acontecimentos, vamos assistindo a espantosas sequências de acção. Naquela ilha hostil, onde habitam criaturas estranhíssimas, desde dinossauros a aranhas e lagartos gigantes, os desfiladeiros ladeados por luxuriante vegetação servem de palco, por um lado, às perseguições de Kong por parte da equipa de filmagens e da tripulação do barco; por outro, eles próprios serão vítimas de perseguição por parte dos répteis, dominadores, no seu habitat natural. Porém, o gigante Kong é de tal forma poderoso que vence qualquer inimigo, desferindo violentos golpes com uma mão, enquanto segura a frágil loira com a outra. O inevitável A loira deixa-se seduzir pelo olhar ternurento do gorila, e ele rende-se ao irresistível encanto daquela doce fêmea.. O escritor, que também se apaixonara pela actriz, consegue salvá-la e juntos correm em direcção ao mar que os há-de levar de regresso a casa. A tripulação do barco, especialista em capturar animais selvagens, utiliza clorofórmio e põe Kong a dormir. De volta aos palcos, o agora aclamado Carl exibe o gorila gigante a uma plateia circense, entre a estupefacção e o terror, com a visão daquele monstro. A encenação do ritual do sacrifício da donzela enfurece o gigante Kong, que se liberta das correntes de aço e destroi o teatro. The beast looked upon the face of beauty. Beauty stayed his hand, and from that moment he was as one dead. Inicia então a busca da loira, destruindo tudo o que lhe aparece pela frente. A viagem termina no topo do edifício mais alto de New York, onde o reeencontro derradeiro tem lugar. Título original: King Kong Realização: Peter Jackson Intérpretes: Naomi Watts, Jack Black, Adrien Brody, Andy Serkis, Jamie Bell, Kyle Chandler, Lobo Chan, Thomas Kretschmann Nova Zelândia/EUA, 2005 King Kong - 2005 King Kong - 1976 King Kong - 1933 |
Etiquetas: Cinema
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dezembro 22, 2005
Postais de Lisboa
dezembro 21, 2005
Como diria Toscanini..
A voz de anjo deixou de se ouvir há um ano.
É pois tempo de recordar uma das maiores sopranos líricos do século XX.
Sem o dramatismo de Maria Callas, a voz de Renata Tebaldi possuia uma beleza inigualável.
Elegeu Verdi e Puccini como seus compositores favoritos, alimentando assim o desejo de cantar sempre em italiano.
A colecção de temas deste duplo cd é preciosa, pois representa a época de maior expressividade da diva. Uma bela prenda de Natal.. e, se o impulso de a guardar for mais forte, tanto melhor..
The Great Renata Tebaldi em 2 CDs - Decca, ref: 00289 470 2802
Estritamente por gosto pessoal, recomendaria:
Do primeiro cd
O Mio Babbino Caro da ópera Gianni Schicchi, de Puccini; gravação de 1962
Vissi D'arte da ópera Tosca, de Puccini; gravação de 1959
Ne Andro Lontana da ópera La Wally, de Catalani; gravação de 1968
L'altra Notte In Fondo Al Mare da ópera Mefistofele, de Boito; gravação de 1958
Si. Mi Chiamano Mimi...O Soave Fanciulla da ópera La Bohème, de Puccini; gravação de 1959
Do segundo cd
Ritorna Vincitor da ópera Aida, de Verdi; gravação de 1949
Sola, Perduta, Abbandonata da ópera Manon Lescaut, de Puccini; gravação de 1954
Pace, Pace, Mio Dio da ópera La Forza Del Destino, de Verdi; gravação de 1955
Podem ouvir-se os samples aqui.
Memoráveis também, as interpretações em La Forza del Destino-1955 e Otelo-1961, com Mario Del Monaco.
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É pois tempo de recordar uma das maiores sopranos líricos do século XX.
Sem o dramatismo de Maria Callas, a voz de Renata Tebaldi possuia uma beleza inigualável.
Elegeu Verdi e Puccini como seus compositores favoritos, alimentando assim o desejo de cantar sempre em italiano.
A colecção de temas deste duplo cd é preciosa, pois representa a época de maior expressividade da diva. Uma bela prenda de Natal.. e, se o impulso de a guardar for mais forte, tanto melhor..
The Great Renata Tebaldi em 2 CDs - Decca, ref: 00289 470 2802
Estritamente por gosto pessoal, recomendaria:
Do primeiro cd
O Mio Babbino Caro da ópera Gianni Schicchi, de Puccini; gravação de 1962
Vissi D'arte da ópera Tosca, de Puccini; gravação de 1959
Ne Andro Lontana da ópera La Wally, de Catalani; gravação de 1968
L'altra Notte In Fondo Al Mare da ópera Mefistofele, de Boito; gravação de 1958
Si. Mi Chiamano Mimi...O Soave Fanciulla da ópera La Bohème, de Puccini; gravação de 1959
Do segundo cd
Ritorna Vincitor da ópera Aida, de Verdi; gravação de 1949
Sola, Perduta, Abbandonata da ópera Manon Lescaut, de Puccini; gravação de 1954
Pace, Pace, Mio Dio da ópera La Forza Del Destino, de Verdi; gravação de 1955
Podem ouvir-se os samples aqui.
Memoráveis também, as interpretações em La Forza del Destino-1955 e Otelo-1961, com Mario Del Monaco.
Etiquetas: In Memoriam
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dezembro 18, 2005
O carteiro Elmano
Raramente como em Bocage (1765-1805), a vida e obra de um poeta estão tão intrinsecamente ligadas.
À imagem de obsceno e libertino está associada uma das figuras maiores da nossa história literária; O Bocage da exaltação da liberdade, da lírica, da tradução, é muito mais que o irreverente Bocage das anedotas.
Foi o Bocage desbocado e boémio que escreveu As Cartas de Olinda a Alzira; No primeiro manifesto feminista da literatura portuguesa, são relatadas na primeira pessoa as aventuras sexuais de duas jovens mulheres.
No Manifesto Epístola a Marília, são colocados a nu os déspotas e a moral vigente do seu tempo; em última análise, o Clero.
No âmbito das comemorações do bicentenário da morte du Sadino, a Biblioteca Nacional dedica-lhe a Exposição Eis Bocage... até 28 de Janeiro de 2006.
Epístola I
Olinda e Alzira
Que estranha agitação não sinto n'alma
Depois que te perdi, querida Alzira!
De meus olhos fugiu, sumiu-se o fogo,
Que a tua companhia incendiava!
Por uma vez se foi minha alegria,
Nem a mesma já sou, que outrora hei sido!
Minhas vistas ao céu lânguidas se erguem,
E a mim própria pergunto d'onde venha
Tão novo sentimento assoberbar-me?
Não se aquieta o coração no peito,
Não cabe nele, e viva chama no íntimo
Das entranhas ardente me devora,
Sem que eu possa atinar a causa, a origem.
Aqueles passatempos que na infância
Tão do peito queria, em ódio os tenho.
Das mesmas superioras a presença,
Que d'antes para mim era indif'rente,
Se me torna hoje dura, intolerável!
Aonde, aonde irão estes impulsos
Precipitar a malfadada Olinda?
Será, querida Alzira, a tua ausência,
Que me faz derramar tão agro pranto?
Debalde a largos passos solitária
Vago sem norte: ignoro o que procuro;
Ah! Minha cara! Os males que tolero
Expressá-los não posso, nem sofrê-los.
Pavorosa Ilusão da Eternidade
- Epístola a Marília
Pavorosa ilusão de Eternidade,
Terror dos vivos, cárcere dos mortos;
D'almas vãs sonho vão, chamado inferno;
Sistema de política opressora,
Freio que a mão dos déspotas, dos bonzos
Forjou para a boçal credulidade;
Dogma funesto, que o remorso arraigas
Nos ternos corações, e a paz lhe arrancas:
Dogma funesto, detestável crença,
Que envenena delícias inocentes!
Tais como aquelas que o céu fingem:
Fúrias, Cerastes, Dragos, Centimanos,
Perpétua escuridão, perpétua chama,
Incompatíveis produções do engano,
Do sempiterno horror horrível quadro,
(Só terrível aos olhos da ignorância)
Não, não me assombram tuas negras cores,
Dos homens o pincel, e a mão conheço:
Trema de ouvir sacrílego ameaço
Quem d'um Deus quando quer faz um tirano:
Trema a superstição; lágrimas, preces,
Votos, suspiros arquejando espalhe,
Coza as faces co'a terra, os peitos fira,
Vergonhosa piedade, inútil vénia
Espere às plantas de impostor sagrado,
Que ora os infernos abre, ora os ferrolha:
Que às leis, que às propensões da natureza
Eternas, imutáveis, necessária,
Chama espantosos, voluntários crimes;
Que as vidas paixões que em si fomenta,
Aborrece no mais, nos mais fulmina:
Que molesto jejum roaz cilico
Com despótica voz à carne arbitra,
E, nos ares lançando a fútil bênção,
Vai do grã tribunal desenfadar-se
Em sórdido prazer, venais delícias,
Escândalo de Amor, que dá, não vende.
II
Oh Deus, não opressor, não vingativo,
Não vibrando com a destra o raio ardente
Contra o suave instinto que nos deste;
Não carrancudo, ríspido, arrojando
Sobre os mortais a rígida sentença,
A punição cruel, que execede o crime,
Até na opinião do cego escravo,
Que te adora, te incensa, e crê que és duro!
Monstros de vis paixões, danados peitos
Regidos pelo sôfrego interesse
(Alto, impassivo númen!) te atribuem
A cólera, a vingança, os vícios todos
Negros enxames, que lhes fervem n'alma!
Quer sanhudo, ministro dos altares
Dourar o horror das bárbaras cruezas,
Cobrir com véu compacto, e venerando
A atroz satisfação de antigos ódios,
Que a mira põem no estrago da inocência,
(...)
Ei-lo, cheio de um Deus, tão mau como ele,
Ei-lo citando os hórridos exemplos
Em que aterrada observe a fantasia
Um Deus algoz, a vítima o seu povo:
(...)
Ah! Bárbaro impostor, monstro sedento
De crimes, de ais, de lágrimas, de estragos,
Serena o frenesi, reprime as garras,
E a torrente de horrores, que derramas,
Para fundar o império dos tiranos,
Para deixar-lhe o feio, o duro exemplo
De oprimir seus iguais com férreo jugo.
Não profanes, sacrílego, não manches
Da eterna divindade o nome augusto!
Esse, de quem te ostentas tão válido,
É Deus de teu furor, Deus do teu génio,
Deus criado por ti, Deus necessário
Aos tiranos da terra, aos que te imitam,
E àqueles, que não crêem que Deus existe.
(...)
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À imagem de obsceno e libertino está associada uma das figuras maiores da nossa história literária; O Bocage da exaltação da liberdade, da lírica, da tradução, é muito mais que o irreverente Bocage das anedotas.
Foi o Bocage desbocado e boémio que escreveu As Cartas de Olinda a Alzira; No primeiro manifesto feminista da literatura portuguesa, são relatadas na primeira pessoa as aventuras sexuais de duas jovens mulheres.
No Manifesto Epístola a Marília, são colocados a nu os déspotas e a moral vigente do seu tempo; em última análise, o Clero.
No âmbito das comemorações do bicentenário da morte du Sadino, a Biblioteca Nacional dedica-lhe a Exposição Eis Bocage... até 28 de Janeiro de 2006.
Epístola I
Olinda e Alzira
Que estranha agitação não sinto n'alma
Depois que te perdi, querida Alzira!
De meus olhos fugiu, sumiu-se o fogo,
Que a tua companhia incendiava!
Por uma vez se foi minha alegria,
Nem a mesma já sou, que outrora hei sido!
Minhas vistas ao céu lânguidas se erguem,
E a mim própria pergunto d'onde venha
Tão novo sentimento assoberbar-me?
Não se aquieta o coração no peito,
Não cabe nele, e viva chama no íntimo
Das entranhas ardente me devora,
Sem que eu possa atinar a causa, a origem.
Aqueles passatempos que na infância
Tão do peito queria, em ódio os tenho.
Das mesmas superioras a presença,
Que d'antes para mim era indif'rente,
Se me torna hoje dura, intolerável!
Aonde, aonde irão estes impulsos
Precipitar a malfadada Olinda?
Será, querida Alzira, a tua ausência,
Que me faz derramar tão agro pranto?
Debalde a largos passos solitária
Vago sem norte: ignoro o que procuro;
Ah! Minha cara! Os males que tolero
Expressá-los não posso, nem sofrê-los.
Pavorosa Ilusão da Eternidade
- Epístola a Marília
Pavorosa ilusão de Eternidade,
Terror dos vivos, cárcere dos mortos;
D'almas vãs sonho vão, chamado inferno;
Sistema de política opressora,
Freio que a mão dos déspotas, dos bonzos
Forjou para a boçal credulidade;
Dogma funesto, que o remorso arraigas
Nos ternos corações, e a paz lhe arrancas:
Dogma funesto, detestável crença,
Que envenena delícias inocentes!
Tais como aquelas que o céu fingem:
Fúrias, Cerastes, Dragos, Centimanos,
Perpétua escuridão, perpétua chama,
Incompatíveis produções do engano,
Do sempiterno horror horrível quadro,
(Só terrível aos olhos da ignorância)
Não, não me assombram tuas negras cores,
Dos homens o pincel, e a mão conheço:
Trema de ouvir sacrílego ameaço
Quem d'um Deus quando quer faz um tirano:
Trema a superstição; lágrimas, preces,
Votos, suspiros arquejando espalhe,
Coza as faces co'a terra, os peitos fira,
Vergonhosa piedade, inútil vénia
Espere às plantas de impostor sagrado,
Que ora os infernos abre, ora os ferrolha:
Que às leis, que às propensões da natureza
Eternas, imutáveis, necessária,
Chama espantosos, voluntários crimes;
Que as vidas paixões que em si fomenta,
Aborrece no mais, nos mais fulmina:
Que molesto jejum roaz cilico
Com despótica voz à carne arbitra,
E, nos ares lançando a fútil bênção,
Vai do grã tribunal desenfadar-se
Em sórdido prazer, venais delícias,
Escândalo de Amor, que dá, não vende.
II
Oh Deus, não opressor, não vingativo,
Não vibrando com a destra o raio ardente
Contra o suave instinto que nos deste;
Não carrancudo, ríspido, arrojando
Sobre os mortais a rígida sentença,
A punição cruel, que execede o crime,
Até na opinião do cego escravo,
Que te adora, te incensa, e crê que és duro!
Monstros de vis paixões, danados peitos
Regidos pelo sôfrego interesse
(Alto, impassivo númen!) te atribuem
A cólera, a vingança, os vícios todos
Negros enxames, que lhes fervem n'alma!
Quer sanhudo, ministro dos altares
Dourar o horror das bárbaras cruezas,
Cobrir com véu compacto, e venerando
A atroz satisfação de antigos ódios,
Que a mira põem no estrago da inocência,
(...)
Ei-lo, cheio de um Deus, tão mau como ele,
Ei-lo citando os hórridos exemplos
Em que aterrada observe a fantasia
Um Deus algoz, a vítima o seu povo:
(...)
Ah! Bárbaro impostor, monstro sedento
De crimes, de ais, de lágrimas, de estragos,
Serena o frenesi, reprime as garras,
E a torrente de horrores, que derramas,
Para fundar o império dos tiranos,
Para deixar-lhe o feio, o duro exemplo
De oprimir seus iguais com férreo jugo.
Não profanes, sacrílego, não manches
Da eterna divindade o nome augusto!
Esse, de quem te ostentas tão válido,
É Deus de teu furor, Deus do teu génio,
Deus criado por ti, Deus necessário
Aos tiranos da terra, aos que te imitam,
E àqueles, que não crêem que Deus existe.
(...)
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dezembro 11, 2005
Breve promessa de vida..
As Árvores
Há em cada árvore uma alma tua, uma alma tua
que se retorce em troncos e se abandona em frutos,
uma alma que se move sobre a terra pura
como sobre os seios os mamilos escuros.
Uma ave é cada folha que voa no outono
e que desfibrada vai alimentar uma flor,
cada tronco sofrido, chagado e resinoso
fornece por cada estria águas do coração...
Na planície a árvore é uma chaga viva
que se torra em brasas e ainda dá sombra.
Amassa-a no teu sangue viajante que passas
e pede que venha a Primavera azul
que lhe dará tremores de seiva e de harmonia
(folha oblonga ou rosada maçã do amanhecer)
e assim poderão ver os seus ramos ao alto...
É tão doce a sábia promessa do mel!
Pablo Neruda, Cadernos de Temuco
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Há em cada árvore uma alma tua, uma alma tua
que se retorce em troncos e se abandona em frutos,
uma alma que se move sobre a terra pura
como sobre os seios os mamilos escuros.
Uma ave é cada folha que voa no outono
e que desfibrada vai alimentar uma flor,
cada tronco sofrido, chagado e resinoso
fornece por cada estria águas do coração...
Na planície a árvore é uma chaga viva
que se torra em brasas e ainda dá sombra.
Amassa-a no teu sangue viajante que passas
e pede que venha a Primavera azul
que lhe dará tremores de seiva e de harmonia
(folha oblonga ou rosada maçã do amanhecer)
e assim poderão ver os seus ramos ao alto...
É tão doce a sábia promessa do mel!
Pablo Neruda, Cadernos de Temuco
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dezembro 04, 2005
o menino vai ter um brinquedo novo..
Dez meses de um amor correspondido foram abruptamente interrompidos por uma brisa marinha..
Dois meses de espera após o envio para reparação, os senhores da Pixmania decidiram ser simpáticos e propôr a substituição da falecida Nikon 5700; Optei pela Nikon 8800, pagando o diferencial..
Depois desta experiência , recomendo a quem se sinta tentado a efectuar este tipo de aquisições na internet, que se certifique se o representante em Portugal garante assistência ao abrigo da garantia, o que não acontece com a Finicon.
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Dois meses de espera após o envio para reparação, os senhores da Pixmania decidiram ser simpáticos e propôr a substituição da falecida Nikon 5700; Optei pela Nikon 8800, pagando o diferencial..
Depois desta experiência , recomendo a quem se sinta tentado a efectuar este tipo de aquisições na internet, que se certifique se o representante em Portugal garante assistência ao abrigo da garantia, o que não acontece com a Finicon.
Etiquetas: Fotografia
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dezembro 02, 2005
Lembra-te..
Nem da tua curta vida nem de ti me despedi.. não por não estar presente,
mas porque sempre que me lembrar da Serra, do Vento e do Mar..
o teu sorriso despertará do sono onde vives
e virá cheio de palavras doces, as que tu saberás recordar..
não para esquecer que partiste, mas para o silêncio não se calar.
Um beijinho, Paula.
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dezembro 01, 2005
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
Chapitre XX
Mais il arriva que le petit prince, ayant longtemps marché à travers les sables, les rocs et les neiges, découvrit enfin une route. Et les routes vont toutes chez les hommes.
- Bonjour, dit-il.
C'était un jardin fleuri de roses.
- Bonjour, dirent les roses.
Le petit prince les regarda. Elles ressemblaient toutes à sa fleur.
- Qui êtes-vous? leur demanda-t-il, stupéfait.
- Nous sommes des roses, dirent les roses.
- Ah! fit le petit prince...
Et il se sentit très malheureux. Sa fleur lui avait raconté qu'elle était seule de son espèce dans l'univers. Et voici qu'il en était cinq mille, toutes semblables, dans un seul jardin!
- "Elle serait bien vexée", se dit-il, si elle voyait ça... "elle tousserait énormément et ferait semblant de mourrir pour échapper au ridicule. Et je serais bien obligé de faire semblant de la soigner, car, sinon, pour m'humilier moi aussi, elle se laisserait vraiment mourir..."
Puis il se dit encore:
- Je me croyais riche d'une fleur unique, et je ne possède qu'une rose ordinaire. Ca et mes trois volcans qui m'arrivent au genou, et dont l'un, peut-être, est éteint pour toujours, ça ne fais pas de moi un bien grand prince...
Et, couché dans l'herbe, il pleura.
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Mais il arriva que le petit prince, ayant longtemps marché à travers les sables, les rocs et les neiges, découvrit enfin une route. Et les routes vont toutes chez les hommes.
- Bonjour, dit-il.
C'était un jardin fleuri de roses.
- Bonjour, dirent les roses.
Le petit prince les regarda. Elles ressemblaient toutes à sa fleur.
- Qui êtes-vous? leur demanda-t-il, stupéfait.
- Nous sommes des roses, dirent les roses.
- Ah! fit le petit prince...
Et il se sentit très malheureux. Sa fleur lui avait raconté qu'elle était seule de son espèce dans l'univers. Et voici qu'il en était cinq mille, toutes semblables, dans un seul jardin!
- "Elle serait bien vexée", se dit-il, si elle voyait ça... "elle tousserait énormément et ferait semblant de mourrir pour échapper au ridicule. Et je serais bien obligé de faire semblant de la soigner, car, sinon, pour m'humilier moi aussi, elle se laisserait vraiment mourir..."
Puis il se dit encore:
- Je me croyais riche d'une fleur unique, et je ne possède qu'une rose ordinaire. Ca et mes trois volcans qui m'arrivent au genou, et dont l'un, peut-être, est éteint pour toujours, ça ne fais pas de moi un bien grand prince...
Et, couché dans l'herbe, il pleura.
Etiquetas: Le Petit Prince, Leituras
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