Maio 30, 2006
Palacete Ribeiro da Cunha
Ex.mo Senhor Presidente da CML
Ex.ma Srª Vereadora do Urbanismo
Ex.mo Sr.Vereador da Cultura
Ex.mo Sr.Vereador dos Espaços Verdes
e restante Vereação
Lisboa, 30 de Maio de 2006
Considerando que,
1. A proposta nº 243 a ser discutida amanhã, dia 31 de Maio, é apresentada como sendo um plano de pormenor, mas é apenas um projecto de ampliação e construção nova para um determinado edifício, edifício neo-mourisco do séc.XIX, inserido na área de protecção do Jardim Botânico.
2. Mesmo como plano de pormenor, esta proposta não respeita o PDM no seu artigo 33º, designadamente quando se refere à excepção à interdição da ocupação dos logradouros com construções ou pavimentos permeáveis, inclusive estacionamento subterrâneo em 20%: o projecto prevê uma ocupação de quase 100% do logradouro.
3. Esta proposta não respeita o perímetro de protecção do Jardim Botânico, sendo que, inclusive, o projecto implicará forte impacto visual desde o Jardim Botânico e, mesmo, desde a Avenida da Liberdade.
4. Esta proposta, a ser aprovada, consistirá um precedente grave em termos de destruição dos logradouros dos palacetes e demais vizinhos, designadamente as traseiras dos da Rua do Salitre e da Praça da Alegria, ambos objecto de protecção do plano da Avenida da Liberdade (o Jardim Botânico passará a ser o logradouro dos prédios vizinhos?).
5. Esta proposta reduz consideravelmente o actual jardim (de 3.330 m2 para 2.190 m2) e aumenta quase para o dobro a área de construção (de 1.290 m2 para 2.430 m2).
6. Esta proposta apresenta o pressuposto falso de que é o de tentar fazer crer que é possível plantar sobre o estacionamento subterrâneo “um espesso coberto vegetal, de árvores de grande porte, que recobrirá parte da construção enterrada” (!).
7. Esta proposta não é suportada em nenhum estudo hidrogeológico, de impacte de tráfego ou de impacte nas estruturas dos prédios sob o jardim.
8. Esta proposta não se destina a qualquer “hotel de charme” à europeia mas antes à empreitada de um hotel de grandes dimensões (55 quartos duplos, ampla zona de reuniões e conferências, restaurantes, salas, health club e 30 lugares de estacionamento) numa zona romântica, pacata e que importa preservar.
Apelamos à CML (a toda a Vereação) que retire esta proposta de agenda, abrindo espaço ao debate com vista a:
1. Elaboração de plano de pormenor para toda a Praça do Príncipe Real, englobando a recuperação e reutilização do valiosíssimo edificado, recuperação dos logradouros, condicionamento do trânsito, ordenamento do estacionamento, reabertura da linha de eléctrico, etc.
2. Iniciar desde já procedimentos com vista ao encontro de potenciais investidores (começando pelo investidor estrangeiro que já mostrou vontade em investir no Príncipe Real), e estabelecimento de contactos com as instituições públicas, proprietárias de alguns dos palacetes vizinhos ao Palacete Ribeiro da Cunha, hoje devolutos, com vista à sua cedência para projecto alternativo e efectivo de “hotel de charme”, em regime de várias antena(s)/pólo(s), de modo a deixar-se intacto o logradouro actual e de modo a reaproveitar-se as antigas cavalariças (classificadas juntamente com o palacete e jardins) -alguém já viu como se faz lá fora um “hotel de charme”?
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Luís Pedro Correia e Nuno Caiado (Pelo Fórum Cidadania Lx),
António Branco Almeida (pelo blogue Sétima Colina)
e João Pinto Soares (pela Associação Lisboa Verde)
Ex.ma Srª Vereadora do Urbanismo
Ex.mo Sr.Vereador da Cultura
Ex.mo Sr.Vereador dos Espaços Verdes
e restante Vereação
Lisboa, 30 de Maio de 2006
Considerando que,
1. A proposta nº 243 a ser discutida amanhã, dia 31 de Maio, é apresentada como sendo um plano de pormenor, mas é apenas um projecto de ampliação e construção nova para um determinado edifício, edifício neo-mourisco do séc.XIX, inserido na área de protecção do Jardim Botânico.
2. Mesmo como plano de pormenor, esta proposta não respeita o PDM no seu artigo 33º, designadamente quando se refere à excepção à interdição da ocupação dos logradouros com construções ou pavimentos permeáveis, inclusive estacionamento subterrâneo em 20%: o projecto prevê uma ocupação de quase 100% do logradouro.
3. Esta proposta não respeita o perímetro de protecção do Jardim Botânico, sendo que, inclusive, o projecto implicará forte impacto visual desde o Jardim Botânico e, mesmo, desde a Avenida da Liberdade.
4. Esta proposta, a ser aprovada, consistirá um precedente grave em termos de destruição dos logradouros dos palacetes e demais vizinhos, designadamente as traseiras dos da Rua do Salitre e da Praça da Alegria, ambos objecto de protecção do plano da Avenida da Liberdade (o Jardim Botânico passará a ser o logradouro dos prédios vizinhos?).
5. Esta proposta reduz consideravelmente o actual jardim (de 3.330 m2 para 2.190 m2) e aumenta quase para o dobro a área de construção (de 1.290 m2 para 2.430 m2).
6. Esta proposta apresenta o pressuposto falso de que é o de tentar fazer crer que é possível plantar sobre o estacionamento subterrâneo “um espesso coberto vegetal, de árvores de grande porte, que recobrirá parte da construção enterrada” (!).
7. Esta proposta não é suportada em nenhum estudo hidrogeológico, de impacte de tráfego ou de impacte nas estruturas dos prédios sob o jardim.
8. Esta proposta não se destina a qualquer “hotel de charme” à europeia mas antes à empreitada de um hotel de grandes dimensões (55 quartos duplos, ampla zona de reuniões e conferências, restaurantes, salas, health club e 30 lugares de estacionamento) numa zona romântica, pacata e que importa preservar.
Apelamos à CML (a toda a Vereação) que retire esta proposta de agenda, abrindo espaço ao debate com vista a:
1. Elaboração de plano de pormenor para toda a Praça do Príncipe Real, englobando a recuperação e reutilização do valiosíssimo edificado, recuperação dos logradouros, condicionamento do trânsito, ordenamento do estacionamento, reabertura da linha de eléctrico, etc.
2. Iniciar desde já procedimentos com vista ao encontro de potenciais investidores (começando pelo investidor estrangeiro que já mostrou vontade em investir no Príncipe Real), e estabelecimento de contactos com as instituições públicas, proprietárias de alguns dos palacetes vizinhos ao Palacete Ribeiro da Cunha, hoje devolutos, com vista à sua cedência para projecto alternativo e efectivo de “hotel de charme”, em regime de várias antena(s)/pólo(s), de modo a deixar-se intacto o logradouro actual e de modo a reaproveitar-se as antigas cavalariças (classificadas juntamente com o palacete e jardins) -alguém já viu como se faz lá fora um “hotel de charme”?
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Luís Pedro Correia e Nuno Caiado (Pelo Fórum Cidadania Lx),
António Branco Almeida (pelo blogue Sétima Colina)
e João Pinto Soares (pela Associação Lisboa Verde)
Maio 29, 2006
Culpa Humana
Sarcófagos
Para onde vão as aneladas donzelas
que aos ombros levam as repletas ânforas
e têm o firme passo tão ligeiro;
e ao fundo uma aberta de vale
em vão esperando as belas
com a sombra de uma pérgola de vinho
e os seus cachos pendem oscilando.
O sol vai bem alto,
as pressentidas ladeiras
não têm cores: no brando
momento a natureza fulminada
expressa as suas faceiras
criaturas, mãe e não madrasta,
em leveza de formas.
Mundo que dorme ou mundo que se vangloria
de existência imutável, quem o pode dizer?,
homem que passas, dá-lhes tu
o melhor raminho do teu horto.
Depois segue: neste vale
não cabem a escuridão e a luz.
Longe daqui o teu caminho te conduz,
não há asilo para ti, estás por demais morto:
segue o caminhar das tuas estrelas.
E adeus então, aneladas pucelas,
levai aos ombros as repletas ânforas.
que aos ombros levam as repletas ânforas
e têm o firme passo tão ligeiro;
e ao fundo uma aberta de vale
em vão esperando as belas
com a sombra de uma pérgola de vinho
e os seus cachos pendem oscilando.
O sol vai bem alto,
as pressentidas ladeiras
não têm cores: no brando
momento a natureza fulminada
expressa as suas faceiras
criaturas, mãe e não madrasta,
em leveza de formas.
Mundo que dorme ou mundo que se vangloria
de existência imutável, quem o pode dizer?,
homem que passas, dá-lhes tu
o melhor raminho do teu horto.
Depois segue: neste vale
não cabem a escuridão e a luz.
Longe daqui o teu caminho te conduz,
não há asilo para ti, estás por demais morto:
segue o caminhar das tuas estrelas.
E adeus então, aneladas pucelas,
levai aos ombros as repletas ânforas.
Gravura de Edvard Munch (1863-1944)
Poema de Eugenio Montale (1896-1981)
Poema de Eugenio Montale (1896-1981)
Maio 26, 2006
Postais de Aveiro
Maio 24, 2006
Arte Pública - Cowparade
Artista: RAF, Ana Santos, Francisco Mota e Ilda Bizarro
Localização: Av.Roma-Areeiro
Originalmente publicado no Sétima Colina.
Maio 19, 2006
A veracidade da inverosimilhança - fragmentos
Ora encontrar essa pequena galante de mãos dadas com tamanho imbecil – fora o mesmo do que a ver tombar morta a meus pés. Ela não deixara de ser um amor – é claro – mas eu é que nunca mais a poderia sequer aproximar. Sujara-a para sempre o homenzinho loiro, engordurara-a. E se eu a beijasse, logo me ocorreria a sua lembrança amanteigada, vir-me-ia um gosto húmido a saliva, a coisas peganhentas e viscosas.
Possuí-la, então, seria o mesmo que banhar-me num mar sujo, de espumas amarelas, onde boiassem palhas, pedaços de cortiça e cascas de melões…
Pois bem: e se as minhas repugnâncias em face do corpo admirável de Marta tivessem a mesma origem? Se esse amante que eu ignorava fosse alguém que me inspirasse um grande nojo? ... Podia muito bem ser assim, num pressentimento, tanto mais que – já o confessei –, ao possuí-la, eu tinha a sensação monstruosa de possuir também o corpo masculino desse amante.
Mas a verdade é que, no fundo, eu estava quase certo de que me enganava ainda; de que era homem bem diferente, bem mais complicada a razão das minhas repugnâncias misteriosas. Ou melhor: que mesmo que eu, se o conhecesse, antipatizasse com o seu amante, não seria esse o motivo das minhas náuseas.
Com efeito a sua carne de forma alguma me repugnava numa sensação de enjoo – a sua carne só me repugnava numa sensação de monstruosidade, de desconhecido: eu tinha nojo do seu corpo como sempre tive nojo dos epilépticos, dos loucos, dos feiticeiros, dos iluminados, dos reis, dos papas – da gente que o mistério grifou…
In «A Confissão de Lúcio» de Mário de Sá carneiro
Possuí-la, então, seria o mesmo que banhar-me num mar sujo, de espumas amarelas, onde boiassem palhas, pedaços de cortiça e cascas de melões…
Pois bem: e se as minhas repugnâncias em face do corpo admirável de Marta tivessem a mesma origem? Se esse amante que eu ignorava fosse alguém que me inspirasse um grande nojo? ... Podia muito bem ser assim, num pressentimento, tanto mais que – já o confessei –, ao possuí-la, eu tinha a sensação monstruosa de possuir também o corpo masculino desse amante.
Mas a verdade é que, no fundo, eu estava quase certo de que me enganava ainda; de que era homem bem diferente, bem mais complicada a razão das minhas repugnâncias misteriosas. Ou melhor: que mesmo que eu, se o conhecesse, antipatizasse com o seu amante, não seria esse o motivo das minhas náuseas.
Com efeito a sua carne de forma alguma me repugnava numa sensação de enjoo – a sua carne só me repugnava numa sensação de monstruosidade, de desconhecido: eu tinha nojo do seu corpo como sempre tive nojo dos epilépticos, dos loucos, dos feiticeiros, dos iluminados, dos reis, dos papas – da gente que o mistério grifou…
In «A Confissão de Lúcio» de Mário de Sá carneiro
Maio 17, 2006
A Exposição do ano
O Museu Nacional de Arte Antiga acolhe a Exposição
Grandes Mestres da Pintura Europeia: De Fra Angelico a Bonnard
Colecção Rau - 18 de Maio a 17 de Setembro
Como aqui havia referido, inaugura amanhã a consensualmente considerada mais importante Exposição do ano em Portugal.
A visita, para ser perfeita, deve incluir - se possível - um almoço no magnífico jardim do Museu.
Sobre as obras expostas, ver também este, este e este posts.
Maio 16, 2006
Exposição de Fotografia - Lúmen, de André Gomes: Núcleo I
A força invisível da mão que segura o corpo contorcido de Cristo, descido da cruz.
Um corpo que se abandona, mas que nunca mais deixará de ser habitado, primeiro fóssil luminescente, em seguida luz pura.
Este corpo é já vestígio, memória. Mas é também recomeço. Indício.
Caminho para a luz. Para o que é ígneo.
Caminho para a luz. Para o que é ígneo.
A evocação do fogo que arde sem se ver,
como uma paixão que se derrama numa intensidade luminosa.
como uma paixão que se derrama numa intensidade luminosa.
Semelhante paixão (ou natureza) está contida na rocha, no sílex, que, raspado, produz faúlhas nos ramos retorcidos da árvore, combustível.
Será talvez uma oliveira, talvez não.
Se for oliveira, então evoca a luz, a imortalidade, a relação cósmica, a morte e o monte famoso.
Será talvez uma oliveira, talvez não.
Se for oliveira, então evoca a luz, a imortalidade, a relação cósmica, a morte e o monte famoso.
No MNAA, até ao próximo Domingo
Clique nas imagens para ampliar
Maio 14, 2006
Postais de Lisboa
Com a construção do Passeio Público, agora Avenida da Liberdade, o novo centro de Lisboa passa do Rossio para a Rotunda.
Em 1917, dava-se início à construção da estátua de homenagem ao Marquês de Pombal, neste palco de momentos históricos, desde os combates no dia 5 de Outubro de 1910, passando pelo funeral dos liberais Miguel Bombarda e Cândido dos Reis, até à inesquecível noite de 14 de Maio de 2000, em que Iordanov pendurou um cachecol do Sporting no pescoço do Marquês...
Foto da esquerda, 12 de Agosto de 1917 - Início dos trabalhos de construção do Monumento ao Marquês de Pombal
Foto da direita, 11 de Maio de 2006 - Conclusão dos trabalhos de pavimentação da entrada do Túnel das Amoreiras
Dava-se assim continuidade ao programa de expansão de Lisboa para norte e estabelecia-se uma nova centralidade, com as Avenidas Novas a constituirem-se como a Lisboa do século XX.
Ironicamente, no início do século XXI, a construção do Túnel visa descentralizar a simbólica zona do Marquês, eixo central da entrada na cidade.
Foto da esquerda, década de cinquenta:
vista da Avenida Fontes Pereira de Melo com Estátua do Marquês ao fundo, a partir do ainda e sempre fantástico terraço do Hotel Eduardo VII, na esquina com a Avenida António Augusto de Aguiar.
Foto da direita, 13 de maio de 2006: obras do troço do túnel com ligação à Avenida António Augusto de Aguiar.
O milésimo post do Luminescências é dedicado à memória da Semiramis.
Imagens pb retiradas do Arquivo Municipal de Lisboa - clique para ampliar
Em 1917, dava-se início à construção da estátua de homenagem ao Marquês de Pombal, neste palco de momentos históricos, desde os combates no dia 5 de Outubro de 1910, passando pelo funeral dos liberais Miguel Bombarda e Cândido dos Reis, até à inesquecível noite de 14 de Maio de 2000, em que Iordanov pendurou um cachecol do Sporting no pescoço do Marquês...
Foto da esquerda, 12 de Agosto de 1917 - Início dos trabalhos de construção do Monumento ao Marquês de Pombal
Foto da direita, 11 de Maio de 2006 - Conclusão dos trabalhos de pavimentação da entrada do Túnel das Amoreiras
12 de Agosto de 1917 - Lançamento da primeira pedra do Monumento ao Marquês de Pombal
Dava-se assim continuidade ao programa de expansão de Lisboa para norte e estabelecia-se uma nova centralidade, com as Avenidas Novas a constituirem-se como a Lisboa do século XX.
Ironicamente, no início do século XXI, a construção do Túnel visa descentralizar a simbólica zona do Marquês, eixo central da entrada na cidade.
13 de Maio de 1934 - Duarte Pacheco na Cerimónia da Inauguração do Monumento ao Marquês de Pombal
Foto da esquerda, década de cinquenta:
vista da Avenida Fontes Pereira de Melo com Estátua do Marquês ao fundo, a partir do ainda e sempre fantástico terraço do Hotel Eduardo VII, na esquina com a Avenida António Augusto de Aguiar.
Foto da direita, 13 de maio de 2006: obras do troço do túnel com ligação à Avenida António Augusto de Aguiar.
O milésimo post do Luminescências é dedicado à memória da Semiramis.
Imagens pb retiradas do Arquivo Municipal de Lisboa - clique para ampliar
Maio 11, 2006
Tudo isto existe, Tudo isto é triste, Tudo isto é fado.
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.
Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Imagens captadas na SIC Notícias, sobre o lançamento do livro de Manuel Maria Carrilho
Poema Povo que lavas no rio, de Pedro Homem de Melo, eternizado por Amália Rodrigues
Poema Povo que lavas no rio, de Pedro Homem de Melo, eternizado por Amália Rodrigues
clique nas imagens para ampliar
Maio 10, 2006
Arte Pública em tons de verde
Desde muito pequeno que esta árvore está presente na minha memória.
Quando corria em volta, nas brincadeiras infantis.. mais tarde, noutras menos...
No passeio matinal de hoje, voltaram as recordações...
Fica o registo deste cedro, que só assim se chama devido ao odôr que exala, pois na realidade é um cipreste.
Terá sido plantado em meados do século XIX, pelo que deverá rondar os 150 anos.
Publicado originalmente no Sétima Colina.
Maio 8, 2006
Quartos Imaginários
Nikias Skapinakis propõe-nos o exercício da visitação, através de duas dezenas de obras: Penetrar nos quartos de diversas individualidades ligadas às artes e literatura - imaginados por este Mestre da pintura portuguesa contemporânea - para uma melhor compreensão da arte.
Sob a forma de convite, recomenda-se a leitura dos excertos do livro da Exposição Quartos Imaginários, na - Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva.
Maio 6, 2006
The Knights Who Say "Ni"
Voice over:
Meanwhile, King Arthur and Bedevere, not more than a swallow's flight away, had discovered something.
Knights of Ni: Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni!
Arthur: Who are you?
Knight of Ni: We are the Knights who say..... "Ni"!
Arthur: (horrified) No! Not the Knights who say "Ni"!
Knight of Ni: The same.
Other Knight of Ni: Who are we?
Knight of Ni: We are the keepers of the sacred words: Ni, Ping, and Nee-womm!
Other Knight of Ni: Nee-womm!
Arthur: (to Bedevere) Those who hear them seldom live to tell the tale!
Knight of Ni: The knights who say "Ni" demand..... a sacrifice!
Arthur: Knights of Ni, we are but simple travelers who seek the enchanter who lives beyond these woods.
Knights of Ni: Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni!
Bedevere: No! Noooo! Aaaugh! No!
Knight of Ni: We shall say "Ni" to you... if you do not appease us.
Arthur: Well what is it you want?
Knight of Ni: We want.....
(pregnant pause)
A SHRUBBERY!!!!
(dramatic minor chord)
Arthur: A *WHAT*?
Knights of Ni: Ni! Ni!! Ni! Ni!
Arthur: No! No! Please, please, no more! We will find you a shrubbery.
Knight of Ni: You must return here with a shrubbery... or else you will never pass through this wood... alive.
Arthur: O Knights of Ni, you are just and fair, and we will return with a shrubbery.
Knight of Ni: One that looks nice.
Arthur: Of course!
Knight of Ni: And not *too* expensive.
Arthur: Yes!
Knight of Ni: Noowwwww.... GO!
Monty Python and the Holy Grail, 1975
Meanwhile, King Arthur and Bedevere, not more than a swallow's flight away, had discovered something.
Knights of Ni: Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni!
Arthur: Who are you?
Knight of Ni: We are the Knights who say..... "Ni"!
Arthur: (horrified) No! Not the Knights who say "Ni"!
Knight of Ni: The same.
Other Knight of Ni: Who are we?
Knight of Ni: We are the keepers of the sacred words: Ni, Ping, and Nee-womm!
Other Knight of Ni: Nee-womm!
Arthur: (to Bedevere) Those who hear them seldom live to tell the tale!
Knight of Ni: The knights who say "Ni" demand..... a sacrifice!
Arthur: Knights of Ni, we are but simple travelers who seek the enchanter who lives beyond these woods.
Knights of Ni: Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni! Ni!
Bedevere: No! Noooo! Aaaugh! No!
Knight of Ni: We shall say "Ni" to you... if you do not appease us.
Arthur: Well what is it you want?
Knight of Ni: We want.....
(pregnant pause)
A SHRUBBERY!!!!
(dramatic minor chord)
Arthur: A *WHAT*?
Knights of Ni: Ni! Ni!! Ni! Ni!
Arthur: No! No! Please, please, no more! We will find you a shrubbery.
Knight of Ni: You must return here with a shrubbery... or else you will never pass through this wood... alive.
Arthur: O Knights of Ni, you are just and fair, and we will return with a shrubbery.
Knight of Ni: One that looks nice.
Arthur: Of course!
Knight of Ni: And not *too* expensive.
Arthur: Yes!
Knight of Ni: Noowwwww.... GO!
Monty Python and the Holy Grail, 1975
Maio 5, 2006
Issue 1 - Jazz Store Fest
A Trem Azul, património da Sétima Colina, organiza o seu primeiro festival de jazz, dedicado à música de improviso. Não aconselhável a quem ainda não se habituou a gostar de jazz.
O Programa completo, aqui.
Dia 5 -
L.I.P ( Lisbon Improvisation Players)
Rodrigo Amado - saxofone alto e barítono
Pedro Gonçalves – contrabaixo
Acácio Salero - bateria
Dia 11
Double Bind Quartet
Vitor Rua – baixo, guitarra
Carlos Zingaro– violino
Luís Sampayo – bateria
Vera Mantero – performance, voz
Dia 12
Alipio C Neto Diggin’ Quartet
Alipio C. Neto – saxofones, melódica e percussões
Gonçalo Lopes – clarinete baixo
Ben Stapp – tuba
Rui Gonçalves – bateria, guitarra
Dia 13
V.G.O ( Variable Geometry Orchestra)
Ernesto Rodrigues - violino, viola , direcção
Pedro Costa - violino
Guilherme Rodrigues - violoncelo
Hernâni Faustino - contrabaixo
Sei Miguel – trompete de bolso
Eduardo Chagas - trombone
Bruno Parrinha - clarinete, clarinete alto
Nuno Torres - saxofone alto
Rui Horta Santos - saxofone tenor
Luís Lopes - guitarra eléctrica
Jorge Trindade - cassetes
Adriana Sá - harpa brasileira, electrónicas
Carlos Santos e Rafael Toral - electrónicas
Miguel Martins - melódica, xylofone, percussão
César Burago - percussão
José Oliveira - bateria, guitarra acústica
O Programa completo, aqui.
Dia 5 -
L.I.P ( Lisbon Improvisation Players)
Rodrigo Amado - saxofone alto e barítono
Pedro Gonçalves – contrabaixo
Acácio Salero - bateria
Dia 11
Double Bind Quartet
Vitor Rua – baixo, guitarra
Carlos Zingaro– violino
Luís Sampayo – bateria
Vera Mantero – performance, voz
Dia 12
Alipio C Neto Diggin’ Quartet
Alipio C. Neto – saxofones, melódica e percussões
Gonçalo Lopes – clarinete baixo
Ben Stapp – tuba
Rui Gonçalves – bateria, guitarra
Dia 13
V.G.O ( Variable Geometry Orchestra)
Ernesto Rodrigues - violino, viola , direcção
Pedro Costa - violino
Guilherme Rodrigues - violoncelo
Hernâni Faustino - contrabaixo
Sei Miguel – trompete de bolso
Eduardo Chagas - trombone
Bruno Parrinha - clarinete, clarinete alto
Nuno Torres - saxofone alto
Rui Horta Santos - saxofone tenor
Luís Lopes - guitarra eléctrica
Jorge Trindade - cassetes
Adriana Sá - harpa brasileira, electrónicas
Carlos Santos e Rafael Toral - electrónicas
Miguel Martins - melódica, xylofone, percussão
César Burago - percussão
José Oliveira - bateria, guitarra acústica
Maio 4, 2006
Impressões da Cidade
O Sentimento de um Ocidental: Ave-Marias
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
Gravura de Camille Pissarro (1830-1903)
Poema de Cesário Verde (1855-1886)
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
Gravura de Camille Pissarro (1830-1903)
Poema de Cesário Verde (1855-1886)
Maio 3, 2006
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
Chapitre XXV
- Les hommes, dit le petit prince, ils s'enfoncent dans les rapides, mais ils ne savent plus ce qu'ils cherchent. Alors ils s'agitent et tournent en rond...
Et il ajouta:
- Ce n'est pas la peine...
Le puits que nous avions atteint ne ressemblait pas aux autres puits sahariens. Les puits sahariens sont de simples trous creusés dans le sable. Celui-là ressemblait à un puits de village. Mais il n'y avait là aucun village, et je croyais rêver.
- C'est étrange, dis-je au petit prince, tout est prêt: la poulie, le seau et la corde...
Il rit, toucha la corde, fit jouer la poulie. Et la poulie gémit comme une vieille girouette quand le vent a longtemps dormi.
- Tu entends, dit le petit prince, nous réveillons ce puits et il chante...
Je ne voulais pas qu'il fît un effort:
- Laisse-moi faire, lui dis-je, c'est trop lourd pour toi.
Lentement je hissai la seau jusqu'à la margelle. Je l'y installai bien d'aplomb. Dans mes oreilles durait le chant de la poulie et, dans l'eau qui tremblait encore, je voyais trembler le soleil.
- J'ai soif de cette eau-là, dit le petit prince, donne-moi à boire...
Et je compris ce qu'il avait cherché!
Je soulevai le seau jusqu'à ses lèvres. Il but, les yeux fermés. C'était doux comme une fête. Elle était née de la marche sous les étoiles, du chant de la poulie, de l'effort de mes bras. Elle était bonne pour le coeur, comme un cadeau. Lorsque j'étais petit garçon, la lumière de l'arbre de Noel, la musique de la messe de minuit, la douceur des sourires faisaient ainsi tout le rayonnement du cadeau de Noel que je recevais.
-Les hommes de chez toi, dit le petit prince, cultivent cinq mille roses dans le même jardin... et ils n'y trouvent pas ce qu'ils cherchent..
- Ils ne le trouvent pas, répondis-je...
- Et cependant ce qu'ils cherchent pourrait être trouvé dans une seule rose ou un peu d'eau...
Et le petit prince ajouta:
- Mais les yeux sont aveugles. Il faut chercher avec le coeur.
J'avais bu. Je respirais bien. Le sable, au lever du jour, est couleur de miel. J'étais heureux aussi de cette couleur de miel. Pourquoi fallait-il que j'eusse de la peine...
- Il faut que tu tiennes ta promesse, me dit doucement le petit prince, qui, de nouveau, s'était assis auprès de moi.
- Quelle promesse?
- Tu sais... une muselière pour mon mouton... je suis responsable de cette fleur!
Je sortis de ma poche mes ébauches de dessin. Le petit prince les aperçut et dit en riant:
- Tes baobabs, ils ressemblent un peu à des choux...
- Oh!
Moi qui étais si fier des baobabs!
- Ton renard... ses oreilles... elles ressemblent un peu à des cornes... et elles sont trop longues!
Et il rit encore.
- Tu es injuste, petit bonhomme, je ne savais rien dessiner que les boas fermés et les boas ouverts.
- Oh! ça ira, dit-il, les enfants savent.
Je crayonnai donc une muselière. Et j'eus le coeur serré en la lui donnant:
- Tu as des projets que j'ignore...
Mais il ne me répondit pas. Il me dit:
- Tu sais, ma chute sur la Terre... c'en sera demain l'anniversaire...
Puis après un silence il dit encore:
- J'étais tombé tout près d'ici...
Et il rougit.
Et de nouveau, sans comprendre pourquoi, j'éprouvai un chagrin bizarre. Cependant une question me vint :
- Alors ce n'est pas par hasard que, le matin où je t'ai connu, il y a huit jours, tu te promenais comme ça, tout seul, à mille milles de toutes régions habitées! Tu retournais vers le point de ta chute?
Le petit prince rougit de nouveau. Il ne répondait jamais aux questions, mais, quand on rougit, ça signifie "oui", n'est-ce pas?
- Ah! lui dis-je, j'ai peur...
Mais il me répondit:
- Tu dois maintenent travailler. Tu dois repartir vers ta machine. Je t'attends ici. Reviens demain soir...
Mais je n'étais pas rassuré. Je me souvenais du renard. On risque de pleurer un peu si l'on s'est laissé apprivoisé...
- Les hommes, dit le petit prince, ils s'enfoncent dans les rapides, mais ils ne savent plus ce qu'ils cherchent. Alors ils s'agitent et tournent en rond...
Et il ajouta:
- Ce n'est pas la peine...
Le puits que nous avions atteint ne ressemblait pas aux autres puits sahariens. Les puits sahariens sont de simples trous creusés dans le sable. Celui-là ressemblait à un puits de village. Mais il n'y avait là aucun village, et je croyais rêver.
- C'est étrange, dis-je au petit prince, tout est prêt: la poulie, le seau et la corde...
Il rit, toucha la corde, fit jouer la poulie. Et la poulie gémit comme une vieille girouette quand le vent a longtemps dormi.
- Tu entends, dit le petit prince, nous réveillons ce puits et il chante...
Je ne voulais pas qu'il fît un effort:
- Laisse-moi faire, lui dis-je, c'est trop lourd pour toi.
Lentement je hissai la seau jusqu'à la margelle. Je l'y installai bien d'aplomb. Dans mes oreilles durait le chant de la poulie et, dans l'eau qui tremblait encore, je voyais trembler le soleil.
- J'ai soif de cette eau-là, dit le petit prince, donne-moi à boire...
Et je compris ce qu'il avait cherché!
Je soulevai le seau jusqu'à ses lèvres. Il but, les yeux fermés. C'était doux comme une fête. Elle était née de la marche sous les étoiles, du chant de la poulie, de l'effort de mes bras. Elle était bonne pour le coeur, comme un cadeau. Lorsque j'étais petit garçon, la lumière de l'arbre de Noel, la musique de la messe de minuit, la douceur des sourires faisaient ainsi tout le rayonnement du cadeau de Noel que je recevais.
-Les hommes de chez toi, dit le petit prince, cultivent cinq mille roses dans le même jardin... et ils n'y trouvent pas ce qu'ils cherchent..
- Ils ne le trouvent pas, répondis-je...
- Et cependant ce qu'ils cherchent pourrait être trouvé dans une seule rose ou un peu d'eau...
Et le petit prince ajouta:
- Mais les yeux sont aveugles. Il faut chercher avec le coeur.
J'avais bu. Je respirais bien. Le sable, au lever du jour, est couleur de miel. J'étais heureux aussi de cette couleur de miel. Pourquoi fallait-il que j'eusse de la peine...
- Il faut que tu tiennes ta promesse, me dit doucement le petit prince, qui, de nouveau, s'était assis auprès de moi.
- Quelle promesse?
- Tu sais... une muselière pour mon mouton... je suis responsable de cette fleur!
Je sortis de ma poche mes ébauches de dessin. Le petit prince les aperçut et dit en riant:
- Tes baobabs, ils ressemblent un peu à des choux...
- Oh!
Moi qui étais si fier des baobabs!
- Ton renard... ses oreilles... elles ressemblent un peu à des cornes... et elles sont trop longues!
Et il rit encore.
- Tu es injuste, petit bonhomme, je ne savais rien dessiner que les boas fermés et les boas ouverts.
- Oh! ça ira, dit-il, les enfants savent.
Je crayonnai donc une muselière. Et j'eus le coeur serré en la lui donnant:
- Tu as des projets que j'ignore...
Mais il ne me répondit pas. Il me dit:
- Tu sais, ma chute sur la Terre... c'en sera demain l'anniversaire...
Puis après un silence il dit encore:
- J'étais tombé tout près d'ici...
Et il rougit.
Et de nouveau, sans comprendre pourquoi, j'éprouvai un chagrin bizarre. Cependant une question me vint :
- Alors ce n'est pas par hasard que, le matin où je t'ai connu, il y a huit jours, tu te promenais comme ça, tout seul, à mille milles de toutes régions habitées! Tu retournais vers le point de ta chute?
Le petit prince rougit de nouveau. Il ne répondait jamais aux questions, mais, quand on rougit, ça signifie "oui", n'est-ce pas?
- Ah! lui dis-je, j'ai peur...
Mais il me répondit:
- Tu dois maintenent travailler. Tu dois repartir vers ta machine. Je t'attends ici. Reviens demain soir...
Mais je n'étais pas rassuré. Je me souvenais du renard. On risque de pleurer un peu si l'on s'est laissé apprivoisé...
Maio 2, 2006
Pesadelo carregadito de Reais
¿Traición? No. Más bien un mal sueño. Eso, y un buen puñado de dólares, han hecho que Diego Armando Maradona se vista la camiseta de Brasil y cante el himno junto a Ronaldo y Kaká.
Pero pueden respirar tranquilos en Argentina. El Diego seguirá siendo el Diego y al final lo podéis ver dormir con la elástica albiceleste, que es lo suyo.
Este anúncio deve ter deixado os argentinos à beira de um ataque de nervos.
O mundo está cheio de PEQUENOS traidores...