Abril 30, 2004
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
CHAPITRE VI
Ah! petit prince, j'ai compris, peu à peu, ainsi, ta petite vie mélancolique. Tu n'avais eu longtemps pour ta distraction que la douceur des couchers du soleil. J'ai appris ce détail nouveau, le quatrième jour au matin, quand tu m'as dit:
-J'aime bien les couchers de soleil. Allons voir un coucher de soleil...
-Mais il faut attendre...
-Attendre quoi?
-Attendre que le soleil se couche.
Tu as eu l'air très surpris d'abord, et puis tu as ri de toi-même. Et tu m'as dit:
-Je me crois toujours chez moi!
En effet. Quand il est midi aux Etats-Unis, le soleil, tout le monde sait, se couche sur la France. Il suffirait de pouvoir aller en France en une minute pour assister au coucher de soleil. Malheureusement la France est bien trop éloignée. Mais, sur ta si petite planète, il te suffirait de tirer ta chaise de quelques pas. Et tu regardais le crépuscule chaque fois que tu le désirais...
-Un jour, j'ai vu le soleil se coucher quarrante-trois fois!
Et un peu plus tard tu ajoutais:
-Tu sais... quand on est tellement triste on aime les couchers de soleil...
-Le jour des quarante-trois fois tu étais donc tellement triste? Mais le petit prince ne répontit pas.
Ah! petit prince, j'ai compris, peu à peu, ainsi, ta petite vie mélancolique. Tu n'avais eu longtemps pour ta distraction que la douceur des couchers du soleil. J'ai appris ce détail nouveau, le quatrième jour au matin, quand tu m'as dit:
-J'aime bien les couchers de soleil. Allons voir un coucher de soleil...
-Mais il faut attendre...
-Attendre quoi?
-Attendre que le soleil se couche.
Tu as eu l'air très surpris d'abord, et puis tu as ri de toi-même. Et tu m'as dit:
-Je me crois toujours chez moi!
En effet. Quand il est midi aux Etats-Unis, le soleil, tout le monde sait, se couche sur la France. Il suffirait de pouvoir aller en France en une minute pour assister au coucher de soleil. Malheureusement la France est bien trop éloignée. Mais, sur ta si petite planète, il te suffirait de tirer ta chaise de quelques pas. Et tu regardais le crépuscule chaque fois que tu le désirais...
-Un jour, j'ai vu le soleil se coucher quarrante-trois fois!
Et un peu plus tard tu ajoutais:
-Tu sais... quand on est tellement triste on aime les couchers de soleil...
-Le jour des quarante-trois fois tu étais donc tellement triste? Mais le petit prince ne répontit pas.
Domingo, dia 2 de Maio, é o dia da Mãe!
É bonito, mas seria bom que neste dia pensássemos um bocadinho nos meninos que, um pouco por todo o mundo, por via das guerras, da fome, das doenças, perderam as suas mães.
Não lhes vão entregar desenhos bonitos, nem chocolates, nem flores!
A Uefa e o Comité Internacional da Cruz Vermelha, simbolicamente, têm uma campanha de sensibilização da opinião pública mundial, a propósito do Euro 2004.
Nós somos solidários!
Não lhes vão entregar desenhos bonitos, nem chocolates, nem flores!
A Uefa e o Comité Internacional da Cruz Vermelha, simbolicamente, têm uma campanha de sensibilização da opinião pública mundial, a propósito do Euro 2004.
Nós somos solidários!
Abril 29, 2004
a despropósito do Rock in Rio
Se tivesse possibilidade, era capaz de tentar ver alguns destes espectáculos!
2 de Julho, Faithless
3 de Julho, Alicia Keys
4 de Julho, Cheap Trick / Deep Purple / Status Quo
5 de Julho, Korn
6 de Julho, BB King
7 de Julho, Phil Collins
8 de Julho, The Corrs
10 de Julho, Sean Paul
... e há mais!
Grandes férias!!!
conversa interior
Pergunto-me porque quando abro alguns blogues começo a ouvir música.
Provavelmente pretende-se proporcionar uma navegação mais agradável!
Parto do princípio de que quem coloca música numa página, em primeiro lugar, gosta da música que coloca e a quer partilhar com os outros.
Aqui começa o problema.
É que normalmente a música é a mesma e os posts vão variando de conteúdo.
Mas pode ser somente uma forma de assinatura, e aí faz sentido.
Só pode!, pois a música, porque não é uma forma de linguagem associada ao pensamento do autor, não pode reflectir aquela pessoa.
Mas, mesmo sabendo que não conheço a pessoa, isso acontece.
Claro que posso retirar o som enquanto leio, mas aquilo que se trata é de um input.
Que eu posso rejeitar. Ok!
Por exemplo, se me apetecer ler uma revista ou o jornal enquanto ouço música, ou vice-versa, escolho a música de acordo com o estado de espírito do momento.
A verdade é que dificilmente acontece colocar um disco ao acaso!
Mas isso já é outra história!
Provavelmente pretende-se proporcionar uma navegação mais agradável!
Parto do princípio de que quem coloca música numa página, em primeiro lugar, gosta da música que coloca e a quer partilhar com os outros.
Aqui começa o problema.
É que normalmente a música é a mesma e os posts vão variando de conteúdo.
Mas pode ser somente uma forma de assinatura, e aí faz sentido.
Só pode!, pois a música, porque não é uma forma de linguagem associada ao pensamento do autor, não pode reflectir aquela pessoa.
Mas, mesmo sabendo que não conheço a pessoa, isso acontece.
Claro que posso retirar o som enquanto leio, mas aquilo que se trata é de um input.
Que eu posso rejeitar. Ok!
Por exemplo, se me apetecer ler uma revista ou o jornal enquanto ouço música, ou vice-versa, escolho a música de acordo com o estado de espírito do momento.
A verdade é que dificilmente acontece colocar um disco ao acaso!
Mas isso já é outra história!
porquê iluminado
Recebi um mensagem por correio electrónico, à qual vou responder aqui:
Caro Iluminado
li um comentário seu e dei uma olhadela rápida no seu blog
fiquei curioso quanto ao nome que utiliza
porque Iluminado?
iluminado de iluminista?
iluminado como estando fora da caverna de Platão?
É apenas uma curiosidade mas se quiser dispender um pouco do seu tempo a satisfazê-la, eu agradeço.
Hugo Garcia
Caro Hugo,
Obrigado pela sua cortesia e curiosidade.
Iluminado, luminoso, luminescente, são termos que me são caros, por diversas ordens de razão.
Como facilmente constatará, o Luminescências está ainda num estado incipiente.
Parte de um conjunto de simplicidades que constituem as minhas sensações, que gradualmente vou partilhando, à medida que me vou familiarizando com esta comunidade, com pessoas e ideias com as quais me identifico - na poesia, na pintura, na música, na filosofia, nas matemáticas, no pensamento político.
E nas brincadeiras.
Bebo dos pensadores do Século da Luzes, daí ter surgido o Luminescências.
Iluminado é uma forma despretensiosa de me se sentir próximo de Descartes, de Rousseau, Newton.
Não me importa a reflexão sobre a fronteira entre a ética e a moral.
Somos todos livres-pensadores.
Luminosidades pareceu-me um termo simpático de apelidar as pessoas - cujos textos ou impressões de algum modo possam constituir pontos de contacto ou mesmo servir de ponto de partida para a abordagem de outros ângulos, tendo por base um pouco da minha forma de estar e de pensar.
Isto não tem nada de subterrâneo, como decorre da segunda parte da sua pergunta.
Acredito à partida, que por detrás de cada página está alguém com luz interior que, por via de um texto ou um comentário, certamente vai iluminar o espaço aparentemente feito de sombras que é a blogosfera.
Saudações.
Caro Iluminado
li um comentário seu e dei uma olhadela rápida no seu blog
fiquei curioso quanto ao nome que utiliza
porque Iluminado?
iluminado de iluminista?
iluminado como estando fora da caverna de Platão?
É apenas uma curiosidade mas se quiser dispender um pouco do seu tempo a satisfazê-la, eu agradeço.
Hugo Garcia
Caro Hugo,
Obrigado pela sua cortesia e curiosidade.
Iluminado, luminoso, luminescente, são termos que me são caros, por diversas ordens de razão.
Como facilmente constatará, o Luminescências está ainda num estado incipiente.
Parte de um conjunto de simplicidades que constituem as minhas sensações, que gradualmente vou partilhando, à medida que me vou familiarizando com esta comunidade, com pessoas e ideias com as quais me identifico - na poesia, na pintura, na música, na filosofia, nas matemáticas, no pensamento político.
E nas brincadeiras.
Bebo dos pensadores do Século da Luzes, daí ter surgido o Luminescências.
Iluminado é uma forma despretensiosa de me se sentir próximo de Descartes, de Rousseau, Newton.
Não me importa a reflexão sobre a fronteira entre a ética e a moral.
Somos todos livres-pensadores.
Luminosidades pareceu-me um termo simpático de apelidar as pessoas - cujos textos ou impressões de algum modo possam constituir pontos de contacto ou mesmo servir de ponto de partida para a abordagem de outros ângulos, tendo por base um pouco da minha forma de estar e de pensar.
Isto não tem nada de subterrâneo, como decorre da segunda parte da sua pergunta.
Acredito à partida, que por detrás de cada página está alguém com luz interior que, por via de um texto ou um comentário, certamente vai iluminar o espaço aparentemente feito de sombras que é a blogosfera.
Saudações.
Abril 28, 2004
paixão
Começou então a última tortura…
Num grande esforço, procurei ainda esquecer-me do que descobrira - esconder a cabeça debaixo dos lençóis como as crianças, com medo dos ladrões, nas noites de inverno.
Ao entrelaçá-la, hoje, debatia-me em êxtases tão profundos, mordia-a tão sofregamente, que ela uma vez se me queixou.
Com efeito, sabê-la possuída por outro amante - se me fazia sofrer na alma, só me excitava, só me contorcia nos desejos…
Sim! sim! - aquele corpo esplêndido, triunfal, dava-se a três homens - três machos que se estiraçavam sobre ele, a possuí-lo, a sugá-lo!… Três? Quem sabia se uma multidão?… E ao mesmo tempo que esta ideia me despedaçava, vinha-me um desejo perverso de que assim fosse…
Ao estrebuchá-la agora, em verdade, era como se, em beijos monstruosos, eu possuísse também todos os corpos masculinos que resvalavam pelo seu.
A minha ânsia convertera-se em achar na sua carne uma mordedura, uma escoriação de amor, qualquer rastro de outro amante…
E um dia de triunfo, finalmente, descobri-lhe no seio esquerdo uma grande nódoa negra… Num ímpeto, numa fúria, colei a minha boca a essa mancha - chupando-a, trincando-a, dilacerando-a…
Marta, porém, não gritou. Era muito natural que gritasse com a minha violência, pois a boca ficara-me até sabendo a sangue. Mas o certo é que não teve um queixume. Nem mesmo parecera notar essa carícia brutal…
De modo que, depois de ela sair, eu não pude recordar-me do meu beijo de fogo - foi-me impossível relembrá-lo numa estranha dúvida…
Ai, quanto eu não daria por conhecer o seu outro amante… os seus outros amantes…
Se ela me contasse os seus amores livremente, sinceramente, se eu não ignorasse as suas horas - todo o meu ciúme desapareceria, não teria razão de existir.
Com efeito, se ela não se ocultasse de mim, se apenas se ocultasse dos outros, eu seria o primeiro. Logo, só me poderia envaidecer; de forma alguma me poderia revoltar em orgulho. Porque a verdade era essa, atingira: todo o meu sofrimento provinha apenas do meu orgulho ferido.
Não, não me enganara outrora, ao pensar que nada me angustiaria por a minha amante se entregar a outros. Unicamente era necessário que ela me contasse os seus amores, os seus espasmos até.
O meu orgulho só não admitia segredos. E em Marta era tudo mistério. Daí a minha angústia - daí o meu ciúme.
Muita vez - julgo, diligenciei fazer-lhe compreender isto mesmo, evidenciar-lhe a minha forma de sentir, a ver se provocava uma confissão inteira da sua parte, cessando assim o meu martírio. Ela, porém, ou nunca me percebeu, ou era resumido o seu afeto para tamanha prova de amor.
In «A Confissão de Lúcio» de Mário de Sá carneiro
Num grande esforço, procurei ainda esquecer-me do que descobrira - esconder a cabeça debaixo dos lençóis como as crianças, com medo dos ladrões, nas noites de inverno.
Ao entrelaçá-la, hoje, debatia-me em êxtases tão profundos, mordia-a tão sofregamente, que ela uma vez se me queixou.
Com efeito, sabê-la possuída por outro amante - se me fazia sofrer na alma, só me excitava, só me contorcia nos desejos…
Sim! sim! - aquele corpo esplêndido, triunfal, dava-se a três homens - três machos que se estiraçavam sobre ele, a possuí-lo, a sugá-lo!… Três? Quem sabia se uma multidão?… E ao mesmo tempo que esta ideia me despedaçava, vinha-me um desejo perverso de que assim fosse…
Ao estrebuchá-la agora, em verdade, era como se, em beijos monstruosos, eu possuísse também todos os corpos masculinos que resvalavam pelo seu.
A minha ânsia convertera-se em achar na sua carne uma mordedura, uma escoriação de amor, qualquer rastro de outro amante…
E um dia de triunfo, finalmente, descobri-lhe no seio esquerdo uma grande nódoa negra… Num ímpeto, numa fúria, colei a minha boca a essa mancha - chupando-a, trincando-a, dilacerando-a…
Marta, porém, não gritou. Era muito natural que gritasse com a minha violência, pois a boca ficara-me até sabendo a sangue. Mas o certo é que não teve um queixume. Nem mesmo parecera notar essa carícia brutal…
De modo que, depois de ela sair, eu não pude recordar-me do meu beijo de fogo - foi-me impossível relembrá-lo numa estranha dúvida…
Ai, quanto eu não daria por conhecer o seu outro amante… os seus outros amantes…
Se ela me contasse os seus amores livremente, sinceramente, se eu não ignorasse as suas horas - todo o meu ciúme desapareceria, não teria razão de existir.
Com efeito, se ela não se ocultasse de mim, se apenas se ocultasse dos outros, eu seria o primeiro. Logo, só me poderia envaidecer; de forma alguma me poderia revoltar em orgulho. Porque a verdade era essa, atingira: todo o meu sofrimento provinha apenas do meu orgulho ferido.
Não, não me enganara outrora, ao pensar que nada me angustiaria por a minha amante se entregar a outros. Unicamente era necessário que ela me contasse os seus amores, os seus espasmos até.
O meu orgulho só não admitia segredos. E em Marta era tudo mistério. Daí a minha angústia - daí o meu ciúme.
Muita vez - julgo, diligenciei fazer-lhe compreender isto mesmo, evidenciar-lhe a minha forma de sentir, a ver se provocava uma confissão inteira da sua parte, cessando assim o meu martírio. Ela, porém, ou nunca me percebeu, ou era resumido o seu afeto para tamanha prova de amor.
In «A Confissão de Lúcio» de Mário de Sá carneiro
Abril 27, 2004
o que dizer
de um disco que tenho ouvido durante mais de metade da minha vida?
de um dos grandes compositores contemporâneos?
da voz de Jon Anderson em So Long Ago, So Clear?
e da voz da Vana Veroutis?
que mais posso dizer sobre Heaven and Hell de Vangelis?
que é luminoso!
A vida não está fácil...
em Madrid...
e em Lisboa, também não!
telejornal da RTP
O repórter de exterior, um senhor Gomes, diz que, segundo decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa, a Câmara Municipal foi hoje obrigada a suspender a construção do Túnel do Marquês, caso não elabore um estudo de impacto ambiental no prazo de dez dias.
E o directo é feito a partir da Avenida Joaquim Augusto de Aguiar!
Como a obra é nas Amoreiras, não podia estar a fazer o directo na Avenida António Augusto Aguiar, mas sim na Rua Joaquim António de Aguiar!
Devia ser dos nervos!
E o directo é feito a partir da Avenida Joaquim Augusto de Aguiar!
Como a obra é nas Amoreiras, não podia estar a fazer o directo na Avenida António Augusto Aguiar, mas sim na Rua Joaquim António de Aguiar!
Devia ser dos nervos!
Abril 26, 2004
Aguarela de Pratt (I)
A actual República do Haiti, descoberta por Colombo, ocupa a parte ocidental da ilha.
Em 1884, a parte oriental tornou-se independente, passando a chamar-se República Dominicana.
Para Hugo Pratt, a lha do Haiti chama-se Grande Antilha.
Colonizada pela Espanha, é cedida à França em 1697, através do tratado de Ryswick.
Torna-se então a colónia mais próspera e uma das mais ricas do mundo, bem como o maior mercado de tráfico de escravos.
Enquanto dura a Revolução Francesa, os escravos africanos, que tinham substituído a população indígena, dizimada pelos espanhóis, revoltam-se.
Toussaint L`Ouverture, escravo até aos quarenta e cinco anos, lidera o único caso de revolta de escravos com êxito em toda a História.
Em 1793 é abolida a escravatura.
Dessalines, em 1804, lidera a revolução haitiana e derrota o mais poderoso exército colonial da época, enviado por Napoleão.
O Haiti torna-se o primeiro Estado independente na América Latina.
Azenhas do mar
Foto de Jorge Coimbra
o mar aroma
o casario das azenhas.
o próprio nome
na simbiose da gramática
numa percepção plena dos sentidos.
as casas
e a espuma a diluir
a tinta das paredes
longe
duas gaivotas soltas
na ponta de uma nuvem.
José Félix
Abril 25, 2004
o meu dia 25 de Abril de 74
Vivo na Avenida 24 de Julho, com vista para o Tejo e para o mercado da Ribeira.
Como habitualmente, por volta das 8.00 horas, atravesso a avenida para apanhar o eléctrico 25, em direcção aos Prazeres, e vejo alguns jipes do Exército a passar, quase em câmara lenta.
Estranho, pensei!
Tlim, tlim, é o eléctrico. Fico na rectaguarda, e pelo vidro traseiro, observo, ainda sem perceber o Movimento.
Vejo então que um jovem soldado, que deve ir entrar de serviço no Hospital Militar da Estrela, olha com a mesma curiosidade que eu para a rua.
Passa então um enorme tanque em direcção ao Cais do Sodré, e aí perguntei ao soldado "o que é que anda aqui a fazer um tanque no meio da avenida?". "Sei lá?", respondeu ele, com a mesma surpresa. Grande nabo, devo ter pensado na altura. Se é militar, devia saber.
Estou no 1º ano do Curso Industrial dos Salesianos.
Na habitual reflexão matinal antes do início das aulas, ritual que leva as turmas alinhadas para dentro da igreja, o discurso que já conhecemos de cor e que o director, o padre Maurício, pronuncia todas as manhãs, é substituído por: "Houve um golpe de estado, e há ainda alguma confusão, por isso hoje é melhor irem para casa!"
Grande festa, não há aulas!
Claro, não há regresso de eléctrico, mas sim a pé. Jardim da Estrela com eles!
Chego a casa já perto do meio-dia. A dona Cândida, mãe galinha, pergunta aflita "onde é que andaste?"
A seguir ao almoço, com a promessa de não me afastar de casa e não ir para além do jardim, tenho de alimentar a curiosidade.
Subo a Rua das Flores, pois a Rua do Alecrim está num alvoroço, e, chegado ao largo Camões, parece que vem tudo abaixo, com o tremendo barulho dos tanques que sobem a Rua da Misericórdia em direcção ao Carmo.
Por aqui não! Passo entre as igrejas do Chiado - a Brasileira ainda não sonha com Pessoa, subo a Serpa Pinto e.. Pum! Pum!, tiros de espingardas!
Espera aí, que isto não é para mim!
Desato a correr rua abaixo e só paro no Cais do Sodré. Meio desiludido por não ver o epicentro da coisa, ainda com vontade de voltar lá, mas algo mais forte me leva de volta a casa.
Da minha janela, vejo barcos da Marinha fundeados no meio do rio.
Acompanho a Revolução pela rádio e pela televisão.
Lembro-me do Spínola, por causa do monóculo, e do Américo Tomaz, conhecido pelo corta-fitas.
Como habitualmente, por volta das 8.00 horas, atravesso a avenida para apanhar o eléctrico 25, em direcção aos Prazeres, e vejo alguns jipes do Exército a passar, quase em câmara lenta.
Estranho, pensei!
Tlim, tlim, é o eléctrico. Fico na rectaguarda, e pelo vidro traseiro, observo, ainda sem perceber o Movimento.
Vejo então que um jovem soldado, que deve ir entrar de serviço no Hospital Militar da Estrela, olha com a mesma curiosidade que eu para a rua.
Passa então um enorme tanque em direcção ao Cais do Sodré, e aí perguntei ao soldado "o que é que anda aqui a fazer um tanque no meio da avenida?". "Sei lá?", respondeu ele, com a mesma surpresa. Grande nabo, devo ter pensado na altura. Se é militar, devia saber.
Estou no 1º ano do Curso Industrial dos Salesianos.
Na habitual reflexão matinal antes do início das aulas, ritual que leva as turmas alinhadas para dentro da igreja, o discurso que já conhecemos de cor e que o director, o padre Maurício, pronuncia todas as manhãs, é substituído por: "Houve um golpe de estado, e há ainda alguma confusão, por isso hoje é melhor irem para casa!"
Grande festa, não há aulas!
Claro, não há regresso de eléctrico, mas sim a pé. Jardim da Estrela com eles!
Chego a casa já perto do meio-dia. A dona Cândida, mãe galinha, pergunta aflita "onde é que andaste?"
A seguir ao almoço, com a promessa de não me afastar de casa e não ir para além do jardim, tenho de alimentar a curiosidade.
Subo a Rua das Flores, pois a Rua do Alecrim está num alvoroço, e, chegado ao largo Camões, parece que vem tudo abaixo, com o tremendo barulho dos tanques que sobem a Rua da Misericórdia em direcção ao Carmo.
Por aqui não! Passo entre as igrejas do Chiado - a Brasileira ainda não sonha com Pessoa, subo a Serpa Pinto e.. Pum! Pum!, tiros de espingardas!
Espera aí, que isto não é para mim!
Desato a correr rua abaixo e só paro no Cais do Sodré. Meio desiludido por não ver o epicentro da coisa, ainda com vontade de voltar lá, mas algo mais forte me leva de volta a casa.
Da minha janela, vejo barcos da Marinha fundeados no meio do rio.
Acompanho a Revolução pela rádio e pela televisão.
Lembro-me do Spínola, por causa do monóculo, e do Américo Tomaz, conhecido pelo corta-fitas.
Pássaro das Ilhas
Pássaros das ilhas: no vosso voo
há uma vontade,
há uma arte secreta e uma divina ciência,
graça de eternidade.
As vossas evoluções, academia expressiva,
sinais sobre o azul,
levam ao Oriente fantasia, ao Ocidente ânsia viva,
paz ao Norte e ao Sul.
Eis perante os vossos olhos
a glória das rosas e a inocência dos lírios,
eis perante as vossas asas líricas as brisas de Ulisses,
os ventos de Jasão:
Almas doces e herméticas que ante o eterno problema
sois, em número veloz,
o mesmo que a rocha, o furacão, a gema,
o arco-íris e a voz.
Pássaros das ilhas, oh, pássaros do mar!
vossos voos, sendo
bênção, dos meus olhos, são problemas divinos
da minha meditação.
E com as asas puras do meu desejo abertas
para a imensidade,
imito os vossos círculos em busca das portas
da Verdade única.
Rubén Dario
In, O Mar na Poesia da América Latina (Antologia)
Tradução de José Agostinho Baptista
Abril 24, 2004
"noite" de Cascais
São apresentadas hoje As Últimas Descobertas em Marte, na inauguração das novas instalações do NUCLIO – Núcleo Interactivo de Astronomia, na Marina de Cascais.
Um abraço de agradecimento ao amigo Azenhas.
Cinema em 1974 - a minha escolha
Chinatown
Realizador: Roman Polanski
Actores: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston
Frankenstein Júnior
Realizador: Mel Brooks
Actores: Gene Wilder, Marty Feldman, Peter Boyle
O Padrinho II
Realizador: Francis Ford Coppola
Actores: Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, Robert De Niro
Realizador: Roman Polanski
Actores: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston
Frankenstein Júnior
Realizador: Mel Brooks
Actores: Gene Wilder, Marty Feldman, Peter Boyle
O Padrinho II
Realizador: Francis Ford Coppola
Actores: Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, Robert De Niro
Abril 23, 2004
Memórias de Abril de 1974 (I)
Eh!Eh!Eh!Eh!
23-5-1974,Martins, in A Bola, n. 4280, p. 1
O Sporting tem em 1973/74 uma época de ouro: conquista o Campeonato, a Taça de Portugal, chega às meias finas da Taça das Taças e Yazalde conquista a Bota de Ouro, com 46 golos, recorde até hoje imbatível na Europa.
Os "leões" conquistaram o campeonato na última jornada, ficando a dois pontos do Benfica. A final da Taça tem os mesmo intervenientes, com o Sporting a assegurar a vitória no prolongamento.
Na Taça das Taças o Sporting tenta conquistar dez anos depois o título. Nas meias finais enfrenta o Magdeburg, da RDA, empatando em Alvalade (1-1). A superioridade "leonina" foi total, tal como o azar: um penalty falhado, uma bola na trave e um auto-golo que foi precedido de falta.
O jogo na Alemanha disputa-se a 24 de Abril de 1974 e o Sporting volta a ter azar. Yazalde e Dinis estão lesionados e não viajam e quando o resultado estava em 2-1 Tomé falha um golo, no último minuto, em situação muito favorável, que assegurava a passagem à final.
O regresso da equipa fica marcado pelo eclodir da Revolução de Abril. Os jogadores chegam ao Muro de Berlim e ficam a saber do movimento das Forças Armadas.
Com os voos para Lisboa cancelados, a equipa consegue uma viagem para Madrid, seguindo-se o percurso de autocarro até Badajoz, onde passam a noite, dado que todas as fronteiras estavam encerradas. Só no dia 26 a comitiva consegue chegar a Lisboa.
Fonte da informação - Sporting Clube de Portugal
23-5-1974,Martins, in A Bola, n. 4280, p. 1
O Sporting tem em 1973/74 uma época de ouro: conquista o Campeonato, a Taça de Portugal, chega às meias finas da Taça das Taças e Yazalde conquista a Bota de Ouro, com 46 golos, recorde até hoje imbatível na Europa.
Os "leões" conquistaram o campeonato na última jornada, ficando a dois pontos do Benfica. A final da Taça tem os mesmo intervenientes, com o Sporting a assegurar a vitória no prolongamento.
Na Taça das Taças o Sporting tenta conquistar dez anos depois o título. Nas meias finais enfrenta o Magdeburg, da RDA, empatando em Alvalade (1-1). A superioridade "leonina" foi total, tal como o azar: um penalty falhado, uma bola na trave e um auto-golo que foi precedido de falta.
O jogo na Alemanha disputa-se a 24 de Abril de 1974 e o Sporting volta a ter azar. Yazalde e Dinis estão lesionados e não viajam e quando o resultado estava em 2-1 Tomé falha um golo, no último minuto, em situação muito favorável, que assegurava a passagem à final.
O regresso da equipa fica marcado pelo eclodir da Revolução de Abril. Os jogadores chegam ao Muro de Berlim e ficam a saber do movimento das Forças Armadas.
Com os voos para Lisboa cancelados, a equipa consegue uma viagem para Madrid, seguindo-se o percurso de autocarro até Badajoz, onde passam a noite, dado que todas as fronteiras estavam encerradas. Só no dia 26 a comitiva consegue chegar a Lisboa.
Fonte da informação - Sporting Clube de Portugal
para mim, é assim:
dia 30 de Maio
Xutos & Pontapés (18h00) ****
Charlie Brown Jr (19h40) **
Kings of Leon (21h20) **
Evanescence (23h00) ****
dia 4 de Junho
Moonspell (18h00) ***
Sepultura (19h40) **
Slipknot (21h20) ****
Incubus (23h00) ***
Metallica (01h00) *****
Xutos & Pontapés (18h00) ****
Charlie Brown Jr (19h40) **
Kings of Leon (21h20) **
Evanescence (23h00) ****
dia 4 de Junho
Moonspell (18h00) ***
Sepultura (19h40) **
Slipknot (21h20) ****
Incubus (23h00) ***
Metallica (01h00) *****
Chegaram hoje
cá a casa, via EMS os bilhetes para para os dias 30 de Maio e 4 de Junho!
«Mensagem» de Fernando Pessoa
3ª Parte - O Encoberto
I - Os Símbolos
PRIMEIRO - D. SEBASTIÃO
Sperai! Cai no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.
Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.
SEGUNDO - O QUINTO IMPÉRIO
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz –
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados as quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa – os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu DE. Sebastião?
TERCEIRO - O DESEJADO
Onde quer que, entre sombras e dizeres,
Jazas, remoto, sente-se sonhado,
E ergue-te do fundo de não-seres
Para teu novo fado!
Vem, Galaaz com pátria, erguer de novo,
Mas já no auge da suprema prova,
A alma penitente do teu povo
À Eucaristia Nova.
Mestre da Paz, ergue teu gládio ungido,
Excalibur do Fim, em jeito tal
Que sua Luz ao mundo dividido
Revele o Santo Gral!
QUARTO - AS ILHAS AFORTUNADAS
Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.
QUINTO - O ENCOBERTO
Que símbolo fecundo
Vem na aurora ansiosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida, que é a Rosa.
Que símbolo divino
Traz o dia já visto?
Na Cruz, que é o Destino,
A Rosa, que é o Cristo.
Que símbolo final
Mostra o sol já desperto?
NA Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
CHAPITRE V
Chaque jour j'apprennais quelque chose sur la planète, sur le départ, sur le voyage.
Ca venait tout doucement, au hasard des réflexions.
C'est ainsi que, le troisième jour, je connus le drame des baobabs.
Cette fois-ci encore fut grâce au mouton, car brusquement le petit prince m'interrogea, comme pris d'un doute grave:
-C'est bien vrai, n'est-ce pas, que les moutons mangent les arbustes?
-Oui. C'est vrai.
-Ah! Je suis content.
Je ne compris pas pourquoi il était si important que les moutons mangeassent les arbustes.
Mais le petit prince ajouta:
-Par conséquent ils mangent aussi les baobabs?
Je fis remarquer au petit prince que les baobabs ne sont pas des arbustes, mais des arbres grand comme des églises et que, si même il emportait avec lui tout un troupeau d'éléphants, ce troupeau ne viendrait pas à bout d'un seul baobab.
L'idée du troupeau d'éléphants fit rire le petit prince:
-Il faudrait les mettre les uns sur les autres...
Mais il remarqua avec sagesse:
-Les baobabs, avant de grandir, ça commence par être petit.
-C'est exact! Mais pourquoi veux-tu que tes moutons mangent les petits baobabs?
Il me répondit: "Ben! Voyons!" comme il s'agissait là d'une évidence. Et il me fallut un grand effort d'intelligence pour comprendre à moi seul ce problème.
Et en effet, sur la planète du petit prince, il y avait comme sur toutes les planètes, de bonnes herbes et de mauvaises herbes. Par conséquent de bonnes graines de bonnes herbes et de mauvaises graines de mauvaises herbes.
Mais les graines sont invisibles. Elles dorment dans le secrèt de la terre jusqu'à ce qu'il prenne fantaisie à l'une d'elles de se réveiller. Alors elle s'étire, et pousse d'abord timidement vers le soleil une ravissante petite brindille de radis ou de rosier, on peut la laisser pousser comme elle veut.
Mais s'il s'agit d'une mauvaise plante, il faut arracher la plante aussitôt, dès qu'on a su la reconnaître. Or il y avait des graines terribles sur la planète du petit prince... c'étaient les graines de baobabs. le sol de la planète en était infesté. Or un baobab, si l'on si prend trop tard, on ne peut jamais plus s'en débarasser. Il encombre toute la planète. Il la perfore de ses racines. Et si la planète est trop petite, et si les baobabs sont trop nombreux, ils la font éclater.
"C'est une question de discipline, me disait plus tard le petit prince. Quand on a terminé sa toilette du matin, il faut faire soigneusement la toilette de la planète. Il faut s'astreindre réguliérement à arracher les baobabs dès qu'on les distingue d'avec les rosiers auxquels ils se rassemblent beaucoup quand ils sont très jeunes. C'est un travail très ennuyeux, mais très facile."
Et un jour il me conseilla de m'appliquer à réussir un beau dessin, pour bien faire entrer ça dans la tête des enfants de chez moi. "S'ils voyagent un jour, me disait-il, ça pourra leur servir. Il est quelquefois sans inconvénient de remettre à plus tard son travail. Mais, s'il s'agit des baobabs, c'est toujours une catastrophe. J'ai connu une planète, habitée par un paresseux. Il avait négligé trois arbustes..."
Et, sur les indications du petit prince, j'ai dessiné cette planète-là. Je n'aime guère prendre le ton d'un moraliste. Mais le danger des baobabs est si peu connu, et les risques courus par celui qui s'égarerait dans un astéroïde sont si considérables, que, pour une fois, je fais exception à ma réserve. Je dis: "Enfants! Faites attention aux baobabs!" C'est pour avertir mes amis du danger qu'ils frôlaient depuis longtemps, comme moi-même, sans le connaître, que j'ai tant travaillé ce dessin-là. la leçon que je donnais en valait la peine. Vous vous demanderez peut-être: Pourquoi n'y a-t-il pas dans ce livre, d'autres dessins aussi grandioses que le dessin des baobabs? La réponse est bien simple: J'ai essayé mais je n'ai pas pu réussir. Quand j'ai dessiné les baobabs j'ai été animé par le sentiment de l'urgence.
Chaque jour j'apprennais quelque chose sur la planète, sur le départ, sur le voyage.
Ca venait tout doucement, au hasard des réflexions.
C'est ainsi que, le troisième jour, je connus le drame des baobabs.
Cette fois-ci encore fut grâce au mouton, car brusquement le petit prince m'interrogea, comme pris d'un doute grave:
-C'est bien vrai, n'est-ce pas, que les moutons mangent les arbustes?
-Oui. C'est vrai.
-Ah! Je suis content.
Je ne compris pas pourquoi il était si important que les moutons mangeassent les arbustes.
Mais le petit prince ajouta:
-Par conséquent ils mangent aussi les baobabs?
Je fis remarquer au petit prince que les baobabs ne sont pas des arbustes, mais des arbres grand comme des églises et que, si même il emportait avec lui tout un troupeau d'éléphants, ce troupeau ne viendrait pas à bout d'un seul baobab.
L'idée du troupeau d'éléphants fit rire le petit prince:
-Il faudrait les mettre les uns sur les autres...
Mais il remarqua avec sagesse:
-Les baobabs, avant de grandir, ça commence par être petit.
-C'est exact! Mais pourquoi veux-tu que tes moutons mangent les petits baobabs?
Il me répondit: "Ben! Voyons!" comme il s'agissait là d'une évidence. Et il me fallut un grand effort d'intelligence pour comprendre à moi seul ce problème.
Et en effet, sur la planète du petit prince, il y avait comme sur toutes les planètes, de bonnes herbes et de mauvaises herbes. Par conséquent de bonnes graines de bonnes herbes et de mauvaises graines de mauvaises herbes.
Mais les graines sont invisibles. Elles dorment dans le secrèt de la terre jusqu'à ce qu'il prenne fantaisie à l'une d'elles de se réveiller. Alors elle s'étire, et pousse d'abord timidement vers le soleil une ravissante petite brindille de radis ou de rosier, on peut la laisser pousser comme elle veut.
Mais s'il s'agit d'une mauvaise plante, il faut arracher la plante aussitôt, dès qu'on a su la reconnaître. Or il y avait des graines terribles sur la planète du petit prince... c'étaient les graines de baobabs. le sol de la planète en était infesté. Or un baobab, si l'on si prend trop tard, on ne peut jamais plus s'en débarasser. Il encombre toute la planète. Il la perfore de ses racines. Et si la planète est trop petite, et si les baobabs sont trop nombreux, ils la font éclater.
"C'est une question de discipline, me disait plus tard le petit prince. Quand on a terminé sa toilette du matin, il faut faire soigneusement la toilette de la planète. Il faut s'astreindre réguliérement à arracher les baobabs dès qu'on les distingue d'avec les rosiers auxquels ils se rassemblent beaucoup quand ils sont très jeunes. C'est un travail très ennuyeux, mais très facile."
Et un jour il me conseilla de m'appliquer à réussir un beau dessin, pour bien faire entrer ça dans la tête des enfants de chez moi. "S'ils voyagent un jour, me disait-il, ça pourra leur servir. Il est quelquefois sans inconvénient de remettre à plus tard son travail. Mais, s'il s'agit des baobabs, c'est toujours une catastrophe. J'ai connu une planète, habitée par un paresseux. Il avait négligé trois arbustes..."
Et, sur les indications du petit prince, j'ai dessiné cette planète-là. Je n'aime guère prendre le ton d'un moraliste. Mais le danger des baobabs est si peu connu, et les risques courus par celui qui s'égarerait dans un astéroïde sont si considérables, que, pour une fois, je fais exception à ma réserve. Je dis: "Enfants! Faites attention aux baobabs!" C'est pour avertir mes amis du danger qu'ils frôlaient depuis longtemps, comme moi-même, sans le connaître, que j'ai tant travaillé ce dessin-là. la leçon que je donnais en valait la peine. Vous vous demanderez peut-être: Pourquoi n'y a-t-il pas dans ce livre, d'autres dessins aussi grandioses que le dessin des baobabs? La réponse est bien simple: J'ai essayé mais je n'ai pas pu réussir. Quand j'ai dessiné les baobabs j'ai été animé par le sentiment de l'urgence.
Abril 21, 2004
Retrato Ardente
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade
Anúncios publicados na revista Civilização há 75 anos!
Abril 20, 2004
sobre os donos da bola
É a única coisa que me ocorre!
mais ou menos este o meu estado de espírito, hoje!
Abril 19, 2004
ainda e sempre
Garôta de Ipanema
Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de lpanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de lpanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
a melhor hora do amigo António
1. The Girl From Ipanema
2. Desafinado
3. Corcovado
4. Agua De Beber
5. O Morro Nao Tem Vez (Dindi)
6. Insensatez
7. Samba De Uma Nota So
8. Meditation
9. Chega De Saudade
10. Wave
11. The Girl From Ipanema
12. Remember
13. Un Rancho Nas Nuvens
14. Aguas De Marco
15. Inutil Paisagem
16. Passarim
17. Looks Like December
Bossa Nova Finest Hour. A primeira meia-hora vale pelo disco.
De qualquer modo, é uma boa compilação, que reune a obra entre 1963 e 1987.
Da mesma série da Verve, recomenda-se Nina Simone, Stan Getz, Quincy Jones..
fresquinho!
Mais um esboço do artista!
Vamos ouvir!
paradoxo ou paradigma?
revolução biológica - evolução social?
revolução social - evolução cultural?
revolução cultural - evolução biológica?
a ordem dos factores é arbitrária?
revolução social - evolução cultural?
revolução cultural - evolução biológica?
a ordem dos factores é arbitrária?
quinta dimensão
journal d'une jeune suicidée é um blogue de uma miúda francesa que tentou suicidar-se em Outubro passado. O que aconteceu à jovem Sadia depois de 15 de Janeiro?
Abril 18, 2004
Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!
Ricardo Reis
Estudo de mulher nua, inclinada para trás
Eugène Delacroix, 1798-1863
Obra inserida na exposição «Eugène Delacroix, Dessins du Louvre».
Começou no dia 9 e estende-se até 5 de Julho, para quem tiver oportunidade.
por mero acaso
Nas habituais deambulações pela blogosfera, entrei aqui e achei a ideia curiosa!
Então, cá vai:
António Tabucchi, O Anjo Negro
Não, todos sabiam que ficavam por outro motivo, talvez porque lá fora era noite, mar ou distância e a frase de Tiago revelava um sentimento que era de todos e que nenhum tinha a coragem de tornar explícito: um mal-estar, como uma vaga indisposição; medo não; antes um misto de insegurança e ansiedade, como se sentissem fugitivos numa cidade que era a deles e tivessem saudades da sua verdadeira cidade, que era aquela mesma, mas noutro momento que não fosse aquela noite hostil, com as suas ondas maléficas que vibravam, prontas a soltar-se.
Engraçado.
Então, cá vai:
António Tabucchi, O Anjo Negro
Não, todos sabiam que ficavam por outro motivo, talvez porque lá fora era noite, mar ou distância e a frase de Tiago revelava um sentimento que era de todos e que nenhum tinha a coragem de tornar explícito: um mal-estar, como uma vaga indisposição; medo não; antes um misto de insegurança e ansiedade, como se sentissem fugitivos numa cidade que era a deles e tivessem saudades da sua verdadeira cidade, que era aquela mesma, mas noutro momento que não fosse aquela noite hostil, com as suas ondas maléficas que vibravam, prontas a soltar-se.
Engraçado.
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
CHAPITRE IV
J'avais ainsi appris une seconde chose très importante: C'est que sa planète d'origine était à peine plus grande qu'une maison!
Ca ne pouvait pas m'étonner beaucoup. Je savais bien qu'en dehors des grosses planètes comme la Terre, Jupiter, Mars, Vénus, auxquelles on a donné des noms, il y en a des centaines d'autres qui sont quelque-fois si petites qu'on a beaucoup de mal à les apercevoir au téléscope. Quand un astronome découvre l'une d'elles, il lui donne pour nom un zéro. Il l'appelle par example: "l'astéroide 3251."
J'ai de sérieuses raisons de croire que la planète d'ou venait le petit prince est l'astéroide B 612.
Cet astéroide n'a été aperçu qu'une fois au télescope, en 1909, par un astronome turc.
Il avait fait alors une grande démonstration de sa découverte à un Congrès International d'Astronomie.
Mais personne ne l'avait cru à cause de son costume. Les grandes personnes sont comme ça.
Heureusement, pour la réputation de l'astéroide B 612 un dictateur turc imposa à son peuple, sous peine de mort, de s'habiller à l'Européenne. L'astronome refit se démonstration en 1920, dans un habit très élégant. Et cette fois-ci tout le monde fut de son avis.
Si je vous ai raconté ces détails sur l'astéroide B 612 et si je vous ai confié son numéro, c'est à cause des grandes personnes. Les grandes personnes aiment les chiffres. Quand vous leur parlez d'un nouvel ami, elles ne vous questionnent jamais sur l'essentiel. Elles ne vous disent jamais: "Quel est le son de sa voix? Quels sont les jeux qu'il préfère? Est-ce qu'il collectionne les papillons?" Elles vous demandent: "Quel âge a-t-il? Combien a-t-il de frères? Combien pèse-t-il? Combien gagne son père?" Alors seulement elles croient le connaître. Si vous dites aux grandes personnes: "J'ai vu une belle maison en briques roses, avec des géraniums aux fenêtres et des colombes sur le toit..." elles ne parviennent pas à s'imaginer cette maison. Il faut leur dire: "J'ai vu une maison de cent mille francs." Alors elles s'écrient: "Comme c'est joli!"
Ainsi, si vous leur dites: "La preuve que le petit prince a éxisté c'est qu'il était ravissant, et qu'il voulait un mouton. Quand on veut un mouton, c'est la preuve qu'on existe" elles hausseront les épaules et vous traiteront d'enfant! Mais si vous leur dites: "La planète d'où il venait est l'astéroide B 612" alors elles seront convincues, et elles vous laisseront tranquille avec leurs questions. Elles sont comme ça. Il ne faut pas leur en vouloir. les enfants doivent être très indulgents envers les grandes personnes.
Mais, bien sûr, nous qui comprenons la vie, nous nous moquons bien des numéros! J'aurais aimé commencer cette histoire à la façon des contes de fées. J'aurais aimé dire:
"Il était une fois un petit prince qui habitait une planète à peine plus grande que lui, et qui avait besoin d'un ami..." Pour ceux qui comprennent la vie, ça aurait eu l'air beaucoup plus vrai.
Car je n'aime pas qu'onlise mon livre à la légère, J'éprouve tant de chagrin à raconter ces souvenirs. Il y a six ans déjà que mon ami s'en est allé avec son mouton. Si j'essaie ici de le décrire, c'est afin de ne pas l'oublier. C'est triste d'oublier un ami. Tout le monde n'a pas eu un ami. Et je puis devenir comme les grandes personnes qui ne s'intéressent plus qu'aux chiffres. C'est donc pour ça encore que j'ai acheté une boîte de couleurs et des crayons. C'est dur de se remettre au dessin, à mon âge, quand on n'a jamais fait d'autres tentatives que celle d'un boa fermé et celle d'un boa ouvert, à l'âge de six ans! J'essayerais bien sûr, de faire des portraits le plus ressemblants possible. Mais je ne suis pas tout à fait certain de réussir. Un dessin va, et l'autre ne ressemble plus. Je me trompe un peu aussi sur la taille. Ici le petit prince est trop grand. Là il est trop petit. J'hésite aussi sur la couleur de son costume. Alors je tâtonne comme ci et comme ça, tant bien que mal. Je me tromperai enfin sur certains détails plus importants. Mais ça, il faudra me le pardonner. Mon ami ne donnait jamais d'explications. Il me croyait peut-être semblable à lui. Mais moi, malheureusement, je ne sais pas voir les moutons à travers les caisses. Je suis peut-être un peu comme les grandes personnes. J'ai dû vieillir.
J'avais ainsi appris une seconde chose très importante: C'est que sa planète d'origine était à peine plus grande qu'une maison!
Ca ne pouvait pas m'étonner beaucoup. Je savais bien qu'en dehors des grosses planètes comme la Terre, Jupiter, Mars, Vénus, auxquelles on a donné des noms, il y en a des centaines d'autres qui sont quelque-fois si petites qu'on a beaucoup de mal à les apercevoir au téléscope. Quand un astronome découvre l'une d'elles, il lui donne pour nom un zéro. Il l'appelle par example: "l'astéroide 3251."
J'ai de sérieuses raisons de croire que la planète d'ou venait le petit prince est l'astéroide B 612.
Cet astéroide n'a été aperçu qu'une fois au télescope, en 1909, par un astronome turc.
Il avait fait alors une grande démonstration de sa découverte à un Congrès International d'Astronomie.
Mais personne ne l'avait cru à cause de son costume. Les grandes personnes sont comme ça.
Heureusement, pour la réputation de l'astéroide B 612 un dictateur turc imposa à son peuple, sous peine de mort, de s'habiller à l'Européenne. L'astronome refit se démonstration en 1920, dans un habit très élégant. Et cette fois-ci tout le monde fut de son avis.
Si je vous ai raconté ces détails sur l'astéroide B 612 et si je vous ai confié son numéro, c'est à cause des grandes personnes. Les grandes personnes aiment les chiffres. Quand vous leur parlez d'un nouvel ami, elles ne vous questionnent jamais sur l'essentiel. Elles ne vous disent jamais: "Quel est le son de sa voix? Quels sont les jeux qu'il préfère? Est-ce qu'il collectionne les papillons?" Elles vous demandent: "Quel âge a-t-il? Combien a-t-il de frères? Combien pèse-t-il? Combien gagne son père?" Alors seulement elles croient le connaître. Si vous dites aux grandes personnes: "J'ai vu une belle maison en briques roses, avec des géraniums aux fenêtres et des colombes sur le toit..." elles ne parviennent pas à s'imaginer cette maison. Il faut leur dire: "J'ai vu une maison de cent mille francs." Alors elles s'écrient: "Comme c'est joli!"
Ainsi, si vous leur dites: "La preuve que le petit prince a éxisté c'est qu'il était ravissant, et qu'il voulait un mouton. Quand on veut un mouton, c'est la preuve qu'on existe" elles hausseront les épaules et vous traiteront d'enfant! Mais si vous leur dites: "La planète d'où il venait est l'astéroide B 612" alors elles seront convincues, et elles vous laisseront tranquille avec leurs questions. Elles sont comme ça. Il ne faut pas leur en vouloir. les enfants doivent être très indulgents envers les grandes personnes.
Mais, bien sûr, nous qui comprenons la vie, nous nous moquons bien des numéros! J'aurais aimé commencer cette histoire à la façon des contes de fées. J'aurais aimé dire:
"Il était une fois un petit prince qui habitait une planète à peine plus grande que lui, et qui avait besoin d'un ami..." Pour ceux qui comprennent la vie, ça aurait eu l'air beaucoup plus vrai.
Car je n'aime pas qu'onlise mon livre à la légère, J'éprouve tant de chagrin à raconter ces souvenirs. Il y a six ans déjà que mon ami s'en est allé avec son mouton. Si j'essaie ici de le décrire, c'est afin de ne pas l'oublier. C'est triste d'oublier un ami. Tout le monde n'a pas eu un ami. Et je puis devenir comme les grandes personnes qui ne s'intéressent plus qu'aux chiffres. C'est donc pour ça encore que j'ai acheté une boîte de couleurs et des crayons. C'est dur de se remettre au dessin, à mon âge, quand on n'a jamais fait d'autres tentatives que celle d'un boa fermé et celle d'un boa ouvert, à l'âge de six ans! J'essayerais bien sûr, de faire des portraits le plus ressemblants possible. Mais je ne suis pas tout à fait certain de réussir. Un dessin va, et l'autre ne ressemble plus. Je me trompe un peu aussi sur la taille. Ici le petit prince est trop grand. Là il est trop petit. J'hésite aussi sur la couleur de son costume. Alors je tâtonne comme ci et comme ça, tant bien que mal. Je me tromperai enfin sur certains détails plus importants. Mais ça, il faudra me le pardonner. Mon ami ne donnait jamais d'explications. Il me croyait peut-être semblable à lui. Mais moi, malheureusement, je ne sais pas voir les moutons à travers les caisses. Je suis peut-être un peu comme les grandes personnes. J'ai dû vieillir.
Abril 17, 2004
dois mundos, uma história!
Leonardo Liberman
Sem inibições, cada saudação é quente e efusiva, uma experiência do conhecimento mútuo!
Sem inibições, cada saudação é quente e efusiva, uma experiência do conhecimento mútuo!
as pequenas palavras
De todas as palavras escolhi água
porque lágrima, chuva, porque mar
porque saliva, bátega, nascente
porque rio, porque sede, porque fonte.
De todas as palavras escolhi dar.
De todas as palavras escolhi flor
porque terra, papoila, cor, semente
porque rosa, recado, porque pele
porque pétala, pólen, porque vento.
De todas as palavras escolhi mel.
De todas as palavras escolhi voz
porque cantiga, riso, porque amor
porque partilha, boca, porque nós
porque segredo, água, mel e flor.
E porque poesia e porque adeus
de todas as palavras escohi dor.
Rosa Lobato de Faria
Abril 16, 2004
Cheira-me a esturro!
Não ponho as mãos no lume por ninguém!
Mas a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, que tem feito uma enorme campanha contra o túnel do Marquês, acrescenta agora aos seus argumentos que corre o risco de derrocada o túnel ferroviário entre o Rossio e Campolide.
O alerta surge porque uma denúncia anónima deu conta que, à data da construção do túnel das Amoreiras, a saída para a Rua Artilharia Um foi abandonada porque “ia interferir” com o túnel do Rossio.
E fazem-se primeiras páginas de jornais com base em denúncias anónimas?!
Mas a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, que tem feito uma enorme campanha contra o túnel do Marquês, acrescenta agora aos seus argumentos que corre o risco de derrocada o túnel ferroviário entre o Rossio e Campolide.
O alerta surge porque uma denúncia anónima deu conta que, à data da construção do túnel das Amoreiras, a saída para a Rua Artilharia Um foi abandonada porque “ia interferir” com o túnel do Rossio.
E fazem-se primeiras páginas de jornais com base em denúncias anónimas?!
Cheira bem, cheira a Lisboa!
Saio de manhã.
Começo por atravessar as incontornáveis obras do Túnel do Marquês e passo por entre os hotéis em direcção ao Parque Eduardo VII.
Os meus sensores detectam os aromas matinais dos relvados ainda com orvalho e do enorme arvoredo que povoa toda a zona.
O cheiro a verde vai acompanhar-me durante o resto da curta viagem.
Durante o pequeno trajecto pela Alameda do Alto do Parque, à esquerda sorri a estátua de Botero, no meio do jardim sonhado por Gonçalo Ribeiro Teles, à direita aquela fantástica varanda sobre Lisboa, iluminada por uma luz que só existe na Cidade Branca, de onde vejo a Baixa Pombalina banhar-se no Tejo.
A seguir, passo pela zona mais espanhola da cidade e entro nas Avenidas Novas, sempre ladeadas de árvores.
Aqui, o cheiro a verde é substituído pelo dióxido de carbono.
As árvores do centro de Lisboa perderam o cheiro.
Chego ao escritório.
bom dia às coisas aqui ao lado!
Abril 15, 2004
Hábitos de Amar
Não é exacto que o prazer só perdura.
Muita vez vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
É aquilo que a nossa atracção segura:
O frémito do teu traseiro há muito
A pedi-las!
Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz venturas mil,
Que a tua voz presa exija o desfruto!
Esse abrir de joelhos!
Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta
Que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear lasso!
As mãos a buscar- me.
Tua a sorrir!
Ai, vezes que se faça:
Não fossem já tantas, não tinha tanta graça!
Poema de Bertolt Brecht, gravura de Pablo Picasso
Damages Presidential Library Washington, DC (Reuters)
A tragic and sad fire has destroyed the personal library of President George W. Bush.
Both of his books have been lost.
The president is reportedly devastated - apparently, he had not finished colouring the second one.
Reuters
Both of his books have been lost.
The president is reportedly devastated - apparently, he had not finished colouring the second one.
Reuters
«Mensagem» de Fernando Pessoa
2º Parte - Mar Português
POSSESSIO MARIS
IX - ASCENSÃO DE VASCO DA GAMA
Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,
Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.
Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.
X - MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
XI - A ÚLTIMA NAU
Levando a bordo El-Rei DE. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.
XII - PRECE
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia –,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância –
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
De Halley ao Século XX
"Quando morrem os mendigos não aparecem cometas.
Os céus somente se inflamam na morte dos príncipes"
"Júlio César", W. Shakespeare
Edmond Halley
Edmond Halley (1656-1742) deixou o seu nome na História da Ciência.
Newton tinha demonstrado que os cometas, como os planetas, se moviam em secções cónicas faltando, no entanto, apurar-se qual das secções.
Halley mostrou que a órbita do cometa de 1680 era, certamente, uma parábola.
Ele próprio, impulsiona e financia a publicação dos Principia de Newton em 1678.
Na primeira edição, Newton, reconhece implicitamente o seu erro ao aderir à hipótese das trajectórias rectilíneas de Kepler e inclui os cálculos de Halley nos Principia.
Classifica os cometas como uma “classe de planetas” e, tomando os dados das observações, afirma que estes só são vísiveis quando estão relativamente perto do Sol.
Esse facto leva Newton a estabelecer que o brilho observado é devido à luz solar que se reflecte nas caudas.
As caudas deveriam formar-se a partir da atmosfera do cometa no decurso da sua aproximação ao Sol.
Halley calcula, também, os elementos orbitais de 24 cometas de que se dispunham de suficientes observações.
Dessa lista fazem parte o cometa de 1680 e o de 1682 que viria a receber o seu nome.
Halley enfrentou o problema reconstruindo a trajectória de um cometa na sua parte invisível.
Considerou todos os registos históricos disponiveis numa cadeia que se estendia até Séneca e Plínio. Com a teoria de Newton, Halley compara as características orbitais dos cometas de 1531, que tinha sido observado por Apian, o de 1607 observado por Kepler e o de 1682, observado por ele próprio, e encontra muitas semelhanças na inclinação da órbita em relação ao plano da eclíptica, na distância do cometa ao Sol no periélio e no nodo – o ponto onde a órbita do cometa cruza o plano do sistema solar.
De seguida, confrontando as datas dos aparecimentos, encontrou um retorno periódico que era, exactamente, o que dizia a teoria newtoniana se as órbitas dos cometas fossem elipses.
Apesar disso, existiam ainda algumas variações dos elementos orbitais de um aparecimento para outro, que embora pequenas, não convenceram Halley de que tinha chegado à solução do problema.
Um cálculo aproximado dos efeitos da gravidade de Júpiter e de Saturno no movimento do cometa, revelou-se muito concordante com as perturbações observadas.
Posto isto, Halley afirmou que os três aparecimentos eram de um mesmo astro, uma vez que se repetiam em cada 75 ou 76 anos.
Previu que o cometa regressaria em 1758 e acertou.
Os seus resultados foram publicados no famoso Astronomie Cometicae Synopsis, em 1705.
Os céus somente se inflamam na morte dos príncipes"
"Júlio César", W. Shakespeare
Edmond Halley
Edmond Halley (1656-1742) deixou o seu nome na História da Ciência.
Newton tinha demonstrado que os cometas, como os planetas, se moviam em secções cónicas faltando, no entanto, apurar-se qual das secções.
Halley mostrou que a órbita do cometa de 1680 era, certamente, uma parábola.
Ele próprio, impulsiona e financia a publicação dos Principia de Newton em 1678.
Na primeira edição, Newton, reconhece implicitamente o seu erro ao aderir à hipótese das trajectórias rectilíneas de Kepler e inclui os cálculos de Halley nos Principia.
Classifica os cometas como uma “classe de planetas” e, tomando os dados das observações, afirma que estes só são vísiveis quando estão relativamente perto do Sol.
Esse facto leva Newton a estabelecer que o brilho observado é devido à luz solar que se reflecte nas caudas.
As caudas deveriam formar-se a partir da atmosfera do cometa no decurso da sua aproximação ao Sol.
Halley calcula, também, os elementos orbitais de 24 cometas de que se dispunham de suficientes observações.
Dessa lista fazem parte o cometa de 1680 e o de 1682 que viria a receber o seu nome.
Halley enfrentou o problema reconstruindo a trajectória de um cometa na sua parte invisível.
Considerou todos os registos históricos disponiveis numa cadeia que se estendia até Séneca e Plínio. Com a teoria de Newton, Halley compara as características orbitais dos cometas de 1531, que tinha sido observado por Apian, o de 1607 observado por Kepler e o de 1682, observado por ele próprio, e encontra muitas semelhanças na inclinação da órbita em relação ao plano da eclíptica, na distância do cometa ao Sol no periélio e no nodo – o ponto onde a órbita do cometa cruza o plano do sistema solar.
De seguida, confrontando as datas dos aparecimentos, encontrou um retorno periódico que era, exactamente, o que dizia a teoria newtoniana se as órbitas dos cometas fossem elipses.
Apesar disso, existiam ainda algumas variações dos elementos orbitais de um aparecimento para outro, que embora pequenas, não convenceram Halley de que tinha chegado à solução do problema.
Um cálculo aproximado dos efeitos da gravidade de Júpiter e de Saturno no movimento do cometa, revelou-se muito concordante com as perturbações observadas.
Posto isto, Halley afirmou que os três aparecimentos eram de um mesmo astro, uma vez que se repetiam em cada 75 ou 76 anos.
Previu que o cometa regressaria em 1758 e acertou.
Os seus resultados foram publicados no famoso Astronomie Cometicae Synopsis, em 1705.
dúvida metódica
O Rogério Santos das Teorias da Comunicação e das Industrias Culturais é da área do jornalismo ou da publicidade?!
Abril 14, 2004
the finest art of jazz
Live at the Jazz Workshop, de Thelonious Monk
Gravado em Los Angeles, 1964.
Straight, No Chaser / 'Round Midnight / Well, You Needn't, são peças de improviso jazzístico do melhor que ouvi até hoje!
Gravado em Los Angeles, 1964.
Straight, No Chaser / 'Round Midnight / Well, You Needn't, são peças de improviso jazzístico do melhor que ouvi até hoje!
Diz-me
Dime por favor donde estás,
en que rincón puedo no verte,
dónde puedo dormir sin recordarte
y dónde recordar sin que me duela.
Dime por favor dónde pueda caminar
sin ver tus huellas,
dónde puedo correr sin recordarte
y dónde descansar con mi tristeza.
Dime por favor cuál es el cielo
que no tiene el calor de tu mirada
y cuál es el sol que tiene luz tan sólo
y no la sensación de que me llamas.
Dime por favor cuál es el rincón
en el que no dejaste tu presencia.
Dime por favor cual es el hueco de mi almohada
que no tiene escondidos tus recuerdos.
Dime por favor cuál es la noche
en que no vendrás para velar mis sueños...
Que no puedo vivir porque te extraño
y no puedo morir porque te quiero.
Jorge Luis Borges
Função de Variáveis Lógicas (Booleanas) - II
Vivam os livres pensadores!
Gostei de ler hoje:
A entrevista de Pedro Santana Lopes ao DN - Sempre livre, fala dos túneis, das torres, das presidenciais, enfim, tudo temas pacíficos!
A entrevista de Michael Nyman ao DN - Sempre genial, um dos pais da música minimalista, juntamente com Philip Glass, Brian Eno e Steve Reich, fala sobre as suas bandas sonoras para filmes também geniais, como O Piano, Os Livros de Próspero ou O Cozinheiro, o Ladrão..., bem como da sua admiração pelas vozes femininas portuguesas!
Incontornável!
Pena não poder ir ao concerto!
A entrevista de Carlos Queiroz ao jornal "A MARCA" - Sempre coloquial, explica entre outras questões, porque é que por vezes 2 + 2 são cinco, que subir o Evereste não é fácil e que não ganhar a Liga seria uma desilusão!
Incontornável!
Pena não poder ir ao concerto!
cuidado!
Está em circulação um número alarmante de notas falsas de cem euros.
Os especialistas dizem que o "grau de pureza" é superior a tudo o que já foi feito até hoje!
Convém ter algum cuidado.. sempre são 20 contos de réis!
The Child Is Gone
Fionna Apple -Tidal
Darling, give me your absence tonight
Take the shade from the canvas and leave me the white
Let me sink in the silence that echoes inside
And don't bother leaving the light on
'Cause I suddenly feel like a different person
From the roots of my soul come a gentle coercion
And I ran my hand o'er a strange inversion
A vacancy that just did not belong
The child is gone
Honey, help me out of this mess
I'm a stranger to myself
But don't reach for me, I'm too far away
I don't wanna talk 'cause there's nothing left to say
So my darling, give me your absence tonight
Take all of your sympathy and leave it outside
'Cause there's no kind of loving that can make this alright
I'm trying to find a place I belong
And I suddenly feel like a different person
From the roots of my soul come a gentle coercion
And I ran my hand o'er a strange inversion
As the darkness turns into the dawn
The child is gone
The child is gone
Esta voz maravilhosa, compõe e toca piano lindamente! É fascinante!
E um dos discos a que gosto muito de voltar!
Darling, give me your absence tonight
Take the shade from the canvas and leave me the white
Let me sink in the silence that echoes inside
And don't bother leaving the light on
'Cause I suddenly feel like a different person
From the roots of my soul come a gentle coercion
And I ran my hand o'er a strange inversion
A vacancy that just did not belong
The child is gone
Honey, help me out of this mess
I'm a stranger to myself
But don't reach for me, I'm too far away
I don't wanna talk 'cause there's nothing left to say
So my darling, give me your absence tonight
Take all of your sympathy and leave it outside
'Cause there's no kind of loving that can make this alright
I'm trying to find a place I belong
And I suddenly feel like a different person
From the roots of my soul come a gentle coercion
And I ran my hand o'er a strange inversion
As the darkness turns into the dawn
The child is gone
The child is gone
Esta voz maravilhosa, compõe e toca piano lindamente! É fascinante!
E um dos discos a que gosto muito de voltar!
Abril 13, 2004
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
CHAPITRE III
Il me fallut longtemps pour comprendre d'où il venait. Le petit prince, qui me posait beaucoup de questions, ne semblait jamais entendre les miennes. Ce sont des mots prononcés par hasard qui, peu à peu, m'ont tout révélé. Ainsi, quand il aperçu pour la première fois mon avion (je ne dessinerai pas mon avion, c'est un dessin beaucoup trop compliqué pour moi) il me demanda:
-Qu'est ce que c'est que cette chose-là?
-Ce n'est pas une chose. Ca vole. C'est un avion. C'est mon avion.
Et j'étais fier de lui apprendre que je volais. Alors il s'écria:
-Comment! tu es tombédu ciel!
-Oui, fis-je modestement.
-Ah! ça c'est drôle...
Et le petit prince eut un très joli éclat de rire qui m'irrita beaucoup. Je désire que l'on prenne mes malheurs au sérieux. Puis il ajouta:
-Alors, toi aussi tu viens du ciel! De quelle planète es-tu?
J'entrevis aussitôt une lueur, dans le mystère de sa présence, et j'interrogeai brusquement:
-Tu viens donc d'une autre planète?
Mais il ne me répondit pas. Il hochait la tête doucement tout en regardant mon avion:
-C'est vrai que, là-dessus, tu ne peux pas venir de bien loin...
Et il s'enfonça dans une rêverie qui dura longtemps. Puis, sortant mon mouton de sa poche, il se plongea dans la contemplation de son trésor.
Vous imaginez combien j'avais pu être intrigué par cette demi-confidence sur "les autres planètes". Je m'efforçai donc d'en savoir plus long:
-D'où viens-tu mon petit bonhomme? Où est-ce "chez toi"? Où veux-tu emporter mon mouton?
Il me répondit après un silence méditatif:
-Ce qui est bien, avec la caisse que tu m'as donnée, c'est que, la nuit, ça lui servira de maison.
-Bien sûr. Et si tu es gentil, je te donnerai aussi une corde pour l'attacher pendant le jour. Et un piquet.
La proposition parut choquer le petit prince:
-L'attacher? Quelle drôle d'idée!
-Mais si tu ne l'attaches pas, il ira n'importe où, et il se perdra...
Et mon ami eut un nouvel éclat de rire:
-Mais où veux-tu qu'il aille!
-N'importe où. Droit devant lui...
Alors le petit prince remarqua gravement:
-Ca ne fait rien, c'est tellement petit, chez moi!
Et, avec un peu de mélancolie, peut-être, il ajouta:
-Droit devant soi on ne peut pas aller bien loin...
Il me fallut longtemps pour comprendre d'où il venait. Le petit prince, qui me posait beaucoup de questions, ne semblait jamais entendre les miennes. Ce sont des mots prononcés par hasard qui, peu à peu, m'ont tout révélé. Ainsi, quand il aperçu pour la première fois mon avion (je ne dessinerai pas mon avion, c'est un dessin beaucoup trop compliqué pour moi) il me demanda:
-Qu'est ce que c'est que cette chose-là?
-Ce n'est pas une chose. Ca vole. C'est un avion. C'est mon avion.
Et j'étais fier de lui apprendre que je volais. Alors il s'écria:
-Comment! tu es tombédu ciel!
-Oui, fis-je modestement.
-Ah! ça c'est drôle...
Et le petit prince eut un très joli éclat de rire qui m'irrita beaucoup. Je désire que l'on prenne mes malheurs au sérieux. Puis il ajouta:
-Alors, toi aussi tu viens du ciel! De quelle planète es-tu?
J'entrevis aussitôt une lueur, dans le mystère de sa présence, et j'interrogeai brusquement:
-Tu viens donc d'une autre planète?
Mais il ne me répondit pas. Il hochait la tête doucement tout en regardant mon avion:
-C'est vrai que, là-dessus, tu ne peux pas venir de bien loin...
Et il s'enfonça dans une rêverie qui dura longtemps. Puis, sortant mon mouton de sa poche, il se plongea dans la contemplation de son trésor.
Vous imaginez combien j'avais pu être intrigué par cette demi-confidence sur "les autres planètes". Je m'efforçai donc d'en savoir plus long:
-D'où viens-tu mon petit bonhomme? Où est-ce "chez toi"? Où veux-tu emporter mon mouton?
Il me répondit après un silence méditatif:
-Ce qui est bien, avec la caisse que tu m'as donnée, c'est que, la nuit, ça lui servira de maison.
-Bien sûr. Et si tu es gentil, je te donnerai aussi une corde pour l'attacher pendant le jour. Et un piquet.
La proposition parut choquer le petit prince:
-L'attacher? Quelle drôle d'idée!
-Mais si tu ne l'attaches pas, il ira n'importe où, et il se perdra...
Et mon ami eut un nouvel éclat de rire:
-Mais où veux-tu qu'il aille!
-N'importe où. Droit devant lui...
Alors le petit prince remarqua gravement:
-Ca ne fait rien, c'est tellement petit, chez moi!
Et, avec un peu de mélancolie, peut-être, il ajouta:
-Droit devant soi on ne peut pas aller bien loin...
Ce soir sera publié le troisième chapitre de "Le Petit Prince"!
Pearl Jam - I Am Mine
The selfish they?re all standing in line...
Faith in their hope and to buy themselves time.
Me, I figure as each breath goes by,
I only own my mind.
The north is to south what the clock is to time.
There's east and there's west and there everywhere life.
I know that I was born and I know that I?ll die.
The in between is mine. I am mine.
And the feeling it gets left behind...
Oh the innocence broken with time...
We're different behind the eyes, there?s no need to hide.
We're safe tonight.
The ocean is full cause everyone's crying,
The full moon is looking for friends at high tide.
The sorrow grows bigger when the sorrows denied.
I only know my mind. I am mine.
And the feeling it gets left behind...
Oh the innocence broken with time.
We're different between the lines, there?s no need to hide...
Cause we're safe tonight.
And the feeling it gets left behind...
Oh the innocence broken with time.
We're different behind the eyes, there?s no need to hide.
And the feeling it gets left behind...
Oh the innocence broken with lies.
We're different behind the eyes.
We're safe tonight.
das liberdades, direitos e afins!
Ontem cometi um erro!
Foi rectificado, embora com um custo pessoal.
Não volta a acontecer.
Foi rectificado, embora com um custo pessoal.
Não volta a acontecer.
Abril 12, 2004
"25 de Abril Sempre". Porquê?
Já passaram 30 anos!
Sempre? Claro que sim! A História não se apaga. Donde, é redundante, o "sempre".
Acontece que algumas pessoas vivem com os fantasmas de sempre.
Hasta la muerte! é muito mais antigo, e está fora de prazo!
Deutchland Ubber Alles! também!
Não há mais Revolução de Abril! Já foi!
Sempre? Claro que sim! A História não se apaga. Donde, é redundante, o "sempre".
Acontece que algumas pessoas vivem com os fantasmas de sempre.
Hasta la muerte! é muito mais antigo, e está fora de prazo!
Deutchland Ubber Alles! também!
Não há mais Revolução de Abril! Já foi!
Dedicatória
A todas as pessoas que me visitam neste espaço e que têm a generosidade de partilhar comigo alguns pensamentos.
Eu não sou eu nem sou outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
Mário de Sá Carneiro, Indícios de Oiro (1916)
BBC transmite a primeira corrida de espermatozóides
Por cá, prepara-se uma meia-maratona!
Adivinha-se uma elevada adesão, a avaliar pela quantidade de tozóides que se avistam a olho nú a correr à volta do Jardim do Príncipe Real, nas amenas noites lisboetas!
As organizações feministas estão a planear uma acção de protesto, ainda não sabem onde, pois o governo está a ponderar a hipótese de a corrida não ser transmitida num dos canais codificados da TvCabo.
Em simultâneo, está em agenda a realização de outro evento de invulgar dimensão - A Corrida do Neurónio!
Estão confirmadas presenças ilustres, como o da.. não digo!
Mais informações em www.runtozoiderun.net
Abril 11, 2004
ainda a Paixão de S. Mateus
MATTHÄUS-PASSION BWV 244
Pensei em publicar os comentários feitos pelo Evangelista à narrativa quando a cena pára, mas.. não tive coragem; Em inglês não tinha profundidade, e em alemão seria pretensioso da minha parte.
Feita a penitência, vou jantar!
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
CHAPITRE II
J'ai ainsi vécu seul, sans personne avec qui parler véritablement, jusqu'à une panne dans le désert du Sahara, il y a six ans. Quelque chose s'était cassé dans mon moteur, Et comme je n'avais avec moi ni méchanicien, ni passagers, je me préparai à essayer de réussir, tout seul, une réparation difficile. C'était pour moi une question de vie ou de mort. J'avais à peine de l'eau à boire pour huit jours.
Le premier soir je me suis donc endormi sur le sable à mille milles de toute terre habitée. J'étais bien plus isolé qu'un naufragé sur un rideau au milieu de l'océan. Alors vous imaginez ma surprise, au levé du jour, quand une drôle de petite voix m'a réveillé. Elle disait:
-S'il vous plaît... dessine-moi un mouton!
-Hein!
-Dessine-moi un mouton...
J'ai sauté sur mes pieds comme si j'avais été frappé par la foudre. J'ai bien frotté mes yeux. J'ai bien regardé. Et j'ai vu un petit bonhomme tout à fait extraordinaire qui me considérait gravement. Voilà le meilleur portrait que, plus tard, j'ai réussi à faire de lui. Mais mon dessin, bien sûr, est beaucoup moins ravissant que le modèle. Ce n'est pas de ma faute. J'avais été découragé dans ma carrière de peintre par les grandes personnes, à l'age de six ans, et je n'avais rien appris à dessiner, sauf les boas fermés et les boas ouverts.
Je regardai donc cette apparition avec des yeux tout ronds d'étonnement. N'oubliez pas que je me trouvais à mille milles de toute région habitée. Or mon petit bonhomme ne me semblait ni égaré, ni mort de fatigue, ni mort de faim, ni mort de soif, ni mort de peur. Il n'avait en rien l'apparence d'un enfant perdu au milieu du désert, à mille milles de toute région habitée. Quand je réussis enfin de parler, je lui dis:
-Mais qu'est-ce que tu fais là?
Et il me répéta alors, tout doucement, comme une chose très sérieuse:
-S'il vous plaît... dessine-moi un mouton...
Quand le mystère est trop impressionnant, on n'ose pas désobéir. Aussi absurde que cela me semblaît à mille milles de tous les endroits habités et en danger de mort, je sortis de ma poche une feuille de papier et un stylographe. Mais je me rappelai alors que j'avais surtout étudié la géographie, l'histoire, le calcul et la grammaire et je dis au petit bonhomme (avec un peu de mauvaise humeur) que je ne savais pas dessiner. Il me répondit:
-Ca ne fait rien. Dessine-moi un mouton.
Comme je n'avais jamais dessiné un mouton je refis, pour , un des deux seuls dessins dont j'étais capable. Celui du boa fermé. ET je fus stupéfait d'entendre le petit bonhomme me répondre:
-Non! Non! Je ne veux pas d'un éléphant dans un boa. Un boa c'est très dangereux, et un éléphant c'est très encombrant. Chez moi c'est tout petit. J'ai besoin d'un mouton. Dessine-moi un mouton.
Alors j'ai dessiné.
Il regarda attentivement, puis:
-Non! Celui-là est déjà très malade. Fais-en un autre.
Je dessinai:
Mon ami sourit gentiment, avec indulgence:
-Tu vois bien... ce n'est pas un mouton, c'est un bélier. Il a des cornes...
Je refis donc encore mon dessin: Mais il fut refusé, comme les précédents:
-Celui-là est trop vieux. Je veux un mouton qui vive longtemps.
Alors, faute de patience, comme j'avais hâte de commencer le démontage de mon moteur, je griffonnai ce dessin-ci.
Et je lançai:
-Ca c'est la caisse. le mouton que tu veux est dedans.
Mais je fus bien surpris de voir s'illuminer le visage de mon jeune juge: -C'est tout à fait comme ça que je le voulais! Crois-tu qu'il faille beaucoup d'herbe à ce mouton?
-Pourquoi?
-Parce que chez moi c'est tout petit...
-Ca suffira sûrement. Je t'ai donné un tout petit mouton.
Il pencha la tête vers le dessin:
-Pas si petit que ça... Tiens! Il s'est endormi...
ET c'est ainsi que je fis la connaissance du petit prince.
J'ai ainsi vécu seul, sans personne avec qui parler véritablement, jusqu'à une panne dans le désert du Sahara, il y a six ans. Quelque chose s'était cassé dans mon moteur, Et comme je n'avais avec moi ni méchanicien, ni passagers, je me préparai à essayer de réussir, tout seul, une réparation difficile. C'était pour moi une question de vie ou de mort. J'avais à peine de l'eau à boire pour huit jours.
Le premier soir je me suis donc endormi sur le sable à mille milles de toute terre habitée. J'étais bien plus isolé qu'un naufragé sur un rideau au milieu de l'océan. Alors vous imaginez ma surprise, au levé du jour, quand une drôle de petite voix m'a réveillé. Elle disait:
-S'il vous plaît... dessine-moi un mouton!
-Hein!
-Dessine-moi un mouton...
J'ai sauté sur mes pieds comme si j'avais été frappé par la foudre. J'ai bien frotté mes yeux. J'ai bien regardé. Et j'ai vu un petit bonhomme tout à fait extraordinaire qui me considérait gravement. Voilà le meilleur portrait que, plus tard, j'ai réussi à faire de lui. Mais mon dessin, bien sûr, est beaucoup moins ravissant que le modèle. Ce n'est pas de ma faute. J'avais été découragé dans ma carrière de peintre par les grandes personnes, à l'age de six ans, et je n'avais rien appris à dessiner, sauf les boas fermés et les boas ouverts.
Je regardai donc cette apparition avec des yeux tout ronds d'étonnement. N'oubliez pas que je me trouvais à mille milles de toute région habitée. Or mon petit bonhomme ne me semblait ni égaré, ni mort de fatigue, ni mort de faim, ni mort de soif, ni mort de peur. Il n'avait en rien l'apparence d'un enfant perdu au milieu du désert, à mille milles de toute région habitée. Quand je réussis enfin de parler, je lui dis:
-Mais qu'est-ce que tu fais là?
Et il me répéta alors, tout doucement, comme une chose très sérieuse:
-S'il vous plaît... dessine-moi un mouton...
Quand le mystère est trop impressionnant, on n'ose pas désobéir. Aussi absurde que cela me semblaît à mille milles de tous les endroits habités et en danger de mort, je sortis de ma poche une feuille de papier et un stylographe. Mais je me rappelai alors que j'avais surtout étudié la géographie, l'histoire, le calcul et la grammaire et je dis au petit bonhomme (avec un peu de mauvaise humeur) que je ne savais pas dessiner. Il me répondit:
-Ca ne fait rien. Dessine-moi un mouton.
Comme je n'avais jamais dessiné un mouton je refis, pour , un des deux seuls dessins dont j'étais capable. Celui du boa fermé. ET je fus stupéfait d'entendre le petit bonhomme me répondre:
-Non! Non! Je ne veux pas d'un éléphant dans un boa. Un boa c'est très dangereux, et un éléphant c'est très encombrant. Chez moi c'est tout petit. J'ai besoin d'un mouton. Dessine-moi un mouton.
Alors j'ai dessiné.
Il regarda attentivement, puis:
-Non! Celui-là est déjà très malade. Fais-en un autre.
Je dessinai:
Mon ami sourit gentiment, avec indulgence:
-Tu vois bien... ce n'est pas un mouton, c'est un bélier. Il a des cornes...
Je refis donc encore mon dessin: Mais il fut refusé, comme les précédents:
-Celui-là est trop vieux. Je veux un mouton qui vive longtemps.
Alors, faute de patience, comme j'avais hâte de commencer le démontage de mon moteur, je griffonnai ce dessin-ci.
Et je lançai:
-Ca c'est la caisse. le mouton que tu veux est dedans.
Mais je fus bien surpris de voir s'illuminer le visage de mon jeune juge: -C'est tout à fait comme ça que je le voulais! Crois-tu qu'il faille beaucoup d'herbe à ce mouton?
-Pourquoi?
-Parce que chez moi c'est tout petit...
-Ca suffira sûrement. Je t'ai donné un tout petit mouton.
Il pencha la tête vers le dessin:
-Pas si petit que ça... Tiens! Il s'est endormi...
ET c'est ainsi que je fis la connaissance du petit prince.
Função de Variáveis Lógicas (Booleanas)
Confesso que a matemática não é o meu forte.
Dada a variável lógica ( jogo em atraso do FC Porto com o Nacional), é possível construir uma função desta variável que gere uma tabela de verdade em que o Sporting ainda consiga ganhar o Campeonato?
Tenho 4 semanas para encontrar uma resposta!
Dada a variável lógica ( jogo em atraso do FC Porto com o Nacional), é possível construir uma função desta variável que gere uma tabela de verdade em que o Sporting ainda consiga ganhar o Campeonato?
Tenho 4 semanas para encontrar uma resposta!
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvanecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo p'ra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvanecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo p'ra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
As Mulheres no que me diz Respeito
Os sentimentos que não tenho não tenho.
Os sentimentos que não tenho, não vou dizer que tenho.
Os sentimentos que vocês dizem que têm, não têm.
Os sentimentos que vocês quereriam que nós e vocês tivéssemos, nenhum de nós tem.
Os sentimentos que as pessoas deveriam ter, nunca têm.
Se as pessoas dizem que têm sentimentos,
pode-se estar certo que não têm nenhuns.
Por isso, se vocês querem que nós ou vós sintamos alguma coisa,
é melhor abandonar por uma vez a ideia de sentir.
D. H. Lawrence
Tradução de Jorge de Sena
Os sentimentos que não tenho não tenho.
Os sentimentos que não tenho, não vou dizer que tenho.
Os sentimentos que vocês dizem que têm, não têm.
Os sentimentos que vocês quereriam que nós e vocês tivéssemos, nenhum de nós tem.
Os sentimentos que as pessoas deveriam ter, nunca têm.
Se as pessoas dizem que têm sentimentos,
pode-se estar certo que não têm nenhuns.
Por isso, se vocês querem que nós ou vós sintamos alguma coisa,
é melhor abandonar por uma vez a ideia de sentir.
D. H. Lawrence
Tradução de Jorge de Sena
Le Sceptre d'Ottokar - o meu primeiro Tintin
Abril 10, 2004
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
PREMIER CHAPITRE
Lorsque j'avais six ans j'ai vu, une fois, une magnifique image, dans un livre sur la Forêt Vierge qui s'appelait "Histoires Vécues". Ca représentait un serpent boa qui avalait un fauve. Voilà la copie du dessin.
On disait dans le livre: "Les serpents boas avalent leur proie tout entière, sans la mâcher. Ensuite ils ne peuvent plus bouger et ils dorment pendant les six mois de leur digestion".
J'ai alors beaucoup réfléchi sur les aventures de la jungle et, à mon tour, j'ai réussi, avec un crayon de couleur, à tracer mon premier dessin. Mon dessin numéro 1. Il était comme ça:
J'ai montré mon chef d'oeuvre aux grandes personnes et je leur ai demandé si mon dessin leur faisait peur.
Elles m'ont répondu: "Pourquoi un chapeau ferait-il peur?"
Mon dessin ne représentait pas un chapeau. Il représentait un serpent boa qui digérait un éléphant. J'ai alors dessiné l'intérieur du serpent boa, afin que les grandes personnes puissent comprendre. Elles ont toujours besoin d'explications. Mon dessin numéro 2 était comme ça:
Les grandes personnes m'ont conseillé de laisser de côté les dessins de serpents boas ouverts ou fermés, et de m'intéresser plutôt à la géographie, à l'histoire, au calcul et à la grammaire. C'est ainsi que j'ai abandonné, à l'âge de six ans, une magnifique carrière de peinture. J'avais été découragé par l'insuccès de mon dessin numéro 1 et de mon dessin numéro 2. Les grandes personnes ne comprennent jamais rien toutes seules, et c'est fatigant, pour les enfants, de toujours leur donner des explications.
J'ai donc dû choisir un autre métier et j'ai appris à piloter des avions. J'ai volé un peu partout dans le monde. Et la géographie, c'est exact, m'a beaucoup servi. Je savais reconnaître, du premier coup d'oeil, la Chine de l'Arizona. C'est utile, si l'on est égaré pendant la nuit.
Quand j'en rencontrais une qui me paraissait un peu lucide, je faisait l'expérience sur elle de mon dessin no.1 que j'ai toujours conservé. Je voulais savoir si elle était vraiment compréhensive. Mais toujours elle me répondait: "C'est un chapeau." Alors je ne lui parlais ni de serpents boas, ni de forêts vierges, ni d'étoiles. Je me mettais à sa portée. Je lui parlais de bridge, de golf, de politique et de cravates. Et la grande personne était bien contente de connaître un homme aussi raisonnable.
Lorsque j'avais six ans j'ai vu, une fois, une magnifique image, dans un livre sur la Forêt Vierge qui s'appelait "Histoires Vécues". Ca représentait un serpent boa qui avalait un fauve. Voilà la copie du dessin.
On disait dans le livre: "Les serpents boas avalent leur proie tout entière, sans la mâcher. Ensuite ils ne peuvent plus bouger et ils dorment pendant les six mois de leur digestion".
J'ai alors beaucoup réfléchi sur les aventures de la jungle et, à mon tour, j'ai réussi, avec un crayon de couleur, à tracer mon premier dessin. Mon dessin numéro 1. Il était comme ça:
J'ai montré mon chef d'oeuvre aux grandes personnes et je leur ai demandé si mon dessin leur faisait peur.
Elles m'ont répondu: "Pourquoi un chapeau ferait-il peur?"
Mon dessin ne représentait pas un chapeau. Il représentait un serpent boa qui digérait un éléphant. J'ai alors dessiné l'intérieur du serpent boa, afin que les grandes personnes puissent comprendre. Elles ont toujours besoin d'explications. Mon dessin numéro 2 était comme ça:
Les grandes personnes m'ont conseillé de laisser de côté les dessins de serpents boas ouverts ou fermés, et de m'intéresser plutôt à la géographie, à l'histoire, au calcul et à la grammaire. C'est ainsi que j'ai abandonné, à l'âge de six ans, une magnifique carrière de peinture. J'avais été découragé par l'insuccès de mon dessin numéro 1 et de mon dessin numéro 2. Les grandes personnes ne comprennent jamais rien toutes seules, et c'est fatigant, pour les enfants, de toujours leur donner des explications.
J'ai donc dû choisir un autre métier et j'ai appris à piloter des avions. J'ai volé un peu partout dans le monde. Et la géographie, c'est exact, m'a beaucoup servi. Je savais reconnaître, du premier coup d'oeil, la Chine de l'Arizona. C'est utile, si l'on est égaré pendant la nuit.
Quand j'en rencontrais une qui me paraissait un peu lucide, je faisait l'expérience sur elle de mon dessin no.1 que j'ai toujours conservé. Je voulais savoir si elle était vraiment compréhensive. Mais toujours elle me répondait: "C'est un chapeau." Alors je ne lui parlais ni de serpents boas, ni de forêts vierges, ni d'étoiles. Je me mettais à sa portée. Je lui parlais de bridge, de golf, de politique et de cravates. Et la grande personne était bien contente de connaître un homme aussi raisonnable.
tinha de ser algarvio!
Porto-0 Corunha-1 ?!
Vem ao Porto no próximo dia 22, onde será orador numa conferência cujo tema é «As novas perspectivas com a vitória do PSOE em Espanha»!
Se a coisa não correr bem aos rapazes do Mourinho, o Francisco Assis arrisca-se a um novo episódio "Felgueiras"!
Eh!Eh!Eh!Eh!
O Incêndio
- "Ao convento! ao convento!" - Uiva de longe o vento.
É noite. E a multidão, descalça, esfomeada,
à luz de archotes, sobe a ladeira empedrada,
praguejando e gritando: - "Ao convento! ao convento!"
A onda do povo cresce e galga num momento.
Chispam ferros no ar. A porta, chapeada
de bronze, range, oscila e cai à machadada.
Nem um frade. Deserta a casa de S. Bento.
A multidão convulsa invade a portaria:
- "Fogo ao convento! fogo à igreja, à sacristia!"
O incêndio lavra, estoira o vigamento a arder.
Em baixo, o povo dança. E uma mulher grosseira
grita, rouca, atirando um Missal à fogueira:
- "Tanto livro, e ninguém nos ensinou a ler"!
Júlio Dantas
Abril 9, 2004
Paixão segundo S. Mateus
Bach compôs a Paixão segundo São Mateus para o serviço religioso de Sexta Feira Santa em 1729, na Igreja de S. Tomás, em Leipzig.
Durante a cerimónia, a obra era executada por inteiro, com um longo sermão entre as partes I e II.
A tradição de cantar a Paixão de Cristo (a história segundo os quatro Evangelhos, a prisão, crucificação e morte de Jesus), começara séculos antes.
De início, a narrativa era cantada por melodias simples.
Depois, os compositores, começaram gradualmente a aperfeiçoar o canto.
Compositores do Barroco tardio foram particularmente influenciados por duas novas formas musicais aparecidas no período: a ópera e o oratório.
A Paixão de S. Mateus de Bach é o culminar desta velha tradição de séculos.
E representa sem dúvida a mais bela narrativa da Paixão de todos os tempos.
A obra é a maior composição escrita por Bach, quer em duração, quer em executantes.
São necessários dois coros, com um terceiro coro de sopranos para o primeiro e último movimentos da 1.ª parte, duas orquestras, quatro solistas vocais e muitos outros solistas para as partes das diversas personagens.
O papel do Evangelista representa S. Mateus.
É quem conta a história.
Bach pôs este papel numa voz de tenor.
O Evangelista e as várias personagens são acompanhados por melodias simples da harpa e violoncelo. Todavia, Bach pôs a música de Jesus a ser acompanhada por uma orquestra de cordas, assim o distinguindo dos restantes personagens.
E é impressionante que, no momento da morte, ele diz as últimas palavras, acompanhado apenas pela harpa e violoncelo, enquanto a “sua” orquestra de cordas permanece silenciosa.
Não é certo quem preparou o libretto da Paixão de S. Mateus: o poeta Christian Friedrich Henrici ou o próprio Bach?
Os textos provêm de três fontes:
1) O Evangelho de S. Mateus, capítulos 26 e 27
2) Hinos tradicionais luteranos, chamados “corais”
3) poemas religiosos de Henrici (que usava o pseudónimo literário de Picander)
A construção desta obra épica é relativamente simples.
Bach pega na história, cena a cena. Em geral, principia com um pedaço da narrativa da Bíblia, tal como cantada pelo Evangelista e pelas várias personagens.
Depois, pára a cena para comentar o que acaba de acontecer.
O comentário é feito através de hinos tradicionais (corais), recitativos a solo e árias.
O coro desempenha dois papeis diferentes na obra. Algumas vezes são personagens da acção (por exemplo, a turba furiosa), outras vezes ficam fora da acção, tal como o coro na tragédia Grega.
No princípio e no fim das partes I e II, Bach colocou coros de introdução e fecho.
A Paixão segundo S. Mateus de Bach é uma das maiores obras musicais da civilização ocidental, que não é suplantada por qualquer ópera.
Fonte: Arlindo Correia
Drake Equation
"What do we need to know about to discover life in space?"
How can we estimate the number of technological civilizations that might exist among the stars? While working as a radio astronomer at the National Radio Astronomy Observatory in Green Bank, West Virginia, Dr. Frank Drake (now Chairman of the Board of the SETI Institute) conceived an approach to bound the terms involved in estimating the number of technological civilizations that may exist in our galaxy. The Drake Equation, as it has become known, was first presented by Drake in 1961 and identifies specific factors thought to play a role in the development of such civilizations. Although there is no unique solution to this equation, it is a generally accepted tool used by the scientific community to examine these factors.
--Frank Drake, 1961
The equation is usually written:
N = R* • fp • ne • fl • fi • fc • L
Where,
N = The number of civilizations in The Milky Way Galaxy whose electromagnetic emissions are detectable.
R* =The rate of formation of stars suitable for the development of intelligent life.
fp = The fraction of those stars with planetary systems.
ne = The number of planets, per solar system, with an environment suitable for life.
fl = The fraction of suitable planets on which life actually appears.
fi = The fraction of life bearing planets on which intelligent life emerges. For more information, please visit Dr. William Calvin's "The Drake Equation's fi"
fc = The fraction of civilizations that develop a technology that releases detectable signs of their existence into space.
L = The length of time such civilizations release detectable signals into space.
Within the limits of our existing technology, any practical search for distant intelligent life must necessarily be a search for some manifestation of a distant technology. In each of its last four decadal reviews, the National Research Council has emphasized the relevance and importance of searching for evidence of the electromagnetic signature of distant civilizations.
Besides illuminating the factors involved in such a search, the Drake Equation is a simple, effective tool for stimulating intellectual curiosity about the universe around us, for helping us to understand that life as we know it is the end product of a natural, cosmic evolution, and for making us realize how much we are a part of that universe. A key goal of the SETI Institute is to further high quality research that will yield additional information related to any of the factors of this fascinating equation.
Drake Equation Calculator
How can we estimate the number of technological civilizations that might exist among the stars? While working as a radio astronomer at the National Radio Astronomy Observatory in Green Bank, West Virginia, Dr. Frank Drake (now Chairman of the Board of the SETI Institute) conceived an approach to bound the terms involved in estimating the number of technological civilizations that may exist in our galaxy. The Drake Equation, as it has become known, was first presented by Drake in 1961 and identifies specific factors thought to play a role in the development of such civilizations. Although there is no unique solution to this equation, it is a generally accepted tool used by the scientific community to examine these factors.
--Frank Drake, 1961
The equation is usually written:
N = R* • fp • ne • fl • fi • fc • L
Where,
N = The number of civilizations in The Milky Way Galaxy whose electromagnetic emissions are detectable.
R* =The rate of formation of stars suitable for the development of intelligent life.
fp = The fraction of those stars with planetary systems.
ne = The number of planets, per solar system, with an environment suitable for life.
fl = The fraction of suitable planets on which life actually appears.
fi = The fraction of life bearing planets on which intelligent life emerges. For more information, please visit Dr. William Calvin's "The Drake Equation's fi"
fc = The fraction of civilizations that develop a technology that releases detectable signs of their existence into space.
L = The length of time such civilizations release detectable signals into space.
Within the limits of our existing technology, any practical search for distant intelligent life must necessarily be a search for some manifestation of a distant technology. In each of its last four decadal reviews, the National Research Council has emphasized the relevance and importance of searching for evidence of the electromagnetic signature of distant civilizations.
Besides illuminating the factors involved in such a search, the Drake Equation is a simple, effective tool for stimulating intellectual curiosity about the universe around us, for helping us to understand that life as we know it is the end product of a natural, cosmic evolution, and for making us realize how much we are a part of that universe. A key goal of the SETI Institute is to further high quality research that will yield additional information related to any of the factors of this fascinating equation.
Drake Equation Calculator
Abril 8, 2004
a Páscoa no mundo, vista pelos fotógrafos da Reuters
Ilha de Marinduque, nas Filipinas
Santiago de Compostela, Espanha
Jerusalém, Israel
Santiago de Compostela, Espanha
Jerusalém, Israel
de José Bento, por quem tenho estima pessoal
Porque o Fim de um Caminho...
Porque o fim de um caminho sempre me entregou
o limiar de outro caminho,
o verde de um campo ou de um corpo adolescente,
espero que regresse à minha voz
a luz que no primeiro dia a fecundou
e a terra que é o contorno dessa luz.
Porque espero ver crescer minhas mãos dessa terra
e de minhas mãos a água necessária à minha sede,
ergo de mim a noite residual do que vivi
e canto,
canto provocando a madrugada.
Porque outros entoarão meu requiem e outros cerrarão
minha pálpebras para defender meus olhos de suas lágrimas,
deixo essa glória aos outros
- e exalto o meu nascimento
e cada dia em que renasço e procuro
a boca ou o fruto onde se reflitam os meus lábios.
Porque, harmonizando-se no sangue o fogo e a água,
eu sou o fogo e a água:
por mim os cadáveres e quanto é feito de matéria dos cadáveres
libertar-se-ão em chamas, serão claridade
e chegarão a pão pela dádiva das cinzas,
a última dádiva, a total.
Porque o fim de um caminho sempre me entregou
o limiar de outro caminho,
o verde de um campo ou de um corpo adolescente,
espero que regresse à minha voz
a luz que no primeiro dia a fecundou
e a terra que é o contorno dessa luz.
Porque espero ver crescer minhas mãos dessa terra
e de minhas mãos a água necessária à minha sede,
ergo de mim a noite residual do que vivi
e canto,
canto provocando a madrugada.
Porque outros entoarão meu requiem e outros cerrarão
minha pálpebras para defender meus olhos de suas lágrimas,
deixo essa glória aos outros
- e exalto o meu nascimento
e cada dia em que renasço e procuro
a boca ou o fruto onde se reflitam os meus lábios.
Porque, harmonizando-se no sangue o fogo e a água,
eu sou o fogo e a água:
por mim os cadáveres e quanto é feito de matéria dos cadáveres
libertar-se-ão em chamas, serão claridade
e chegarão a pão pela dádiva das cinzas,
a última dádiva, a total.
Da Antiguidade a Newton
“(...) Um dia virá em que diligentes pesquisas trarão à luz factos agora ocultos... Um dia existirá alguém que revelará em que regiões têm os cometas as suas órbitas, porque se movem tão longe dos outros corpos celestes, quais as suas dimensões e de que espécie são.(...)”
Séneca
Representação chinesa da classificação de cometas (168 a.C.).
Os cometas foram, quase de certeza, observados desde tempos imemoriais.
Devido à ausência de documentos não é possível afirmar se as antigas civilizações deram aos cometas este ou aquele significado.
Há referências muito antigas aos seus aparecimentos atribuídas a Chineses, Japoneses, Coreanos e Babilónios.
Durante muitos anos os astrónomos sacerdotes chineses realizaram um grande número de observações. Uma das primeiras menções feitas a um cometa é de 1054 a.C. no livro do princípe Huai Nan.
Desde 240 a.C., só falharam o registo dos retornos do cometa que viria a receber o nome de Halley, no ano 164 a.C. Há centenas de registos de aparecimentos de cometas até 1600 d.C..
Os Chineses catalogavam os cometas como “estrelas com caudas” e foram os primeiros a verificar que essas caudas tinham a direcção anti-solar.
Os Caldeus, por seu lado, consideravam-nos como “aparecimentos” de planetas atribuindo-lhes, como os Chineses, uma origem celeste e também mística.
Curiosamente, a astronomia chinesa não parece ter progredido muito para além desse estado empírico. Como outros povos da época, eles limitaram-se a observar, inovaram ao registar, mas deixaram em aberto as questões do como e do porquê.
Como em muitos campos do conhecimento foi com os Gregos que começaram a aparecer estudos mais aprofundados.
Aliás, a palavra moderna “cometa” provém da palavra grega κομητηζ (kométes) que significa “de cabeleira comprida”.
Existem indícios de que a primeira interpretação grega sobre a natureza dos cometas é devida a Anaximandro de Mileto (610-545 a.C. (?)) mas a primeira descrição sobre a origem destes “fenómenos” é atribuída a Xenófanes de Colofão (560-478 a.C.(?)).
Xenófanes diz que os cometas são estruturas nebulosas de “fogo” produzidas por exalações invisíveis procedentes da Terra.
Em contraposição, os Pitagóricos consideram por volta de 550 a.C., que os cometas são planetas errantes que aparecem raramente, sobretudo próximo do horizonte ao amanhecer ou ao anoitecer. Demócrito (460-370 a.C.) e Anaxágoras (500-428 a.C.) também atribuem aos cometas uma origem celeste.
Eles aparecem como consequência da interacção da luz dos planetas que se alinham entre si ou com as estrelas, ou seja, quando há conjunção.
É surpreendente a opinião acertada de Artemidoro de Parium que, por volta de 450 a.C. supôs que os cometas eram planetas que unicamente se víam quando chegavam “ao final da sua vida”.
Artemidoro é recordado como um filósofo muito imaginativo nas suas teorias para explicar o Universo e era facilmente rebatido pelos seus contemporâneos.
Também por isso, as suas teorias sobre cometas foram esquecidas.
Hipócrates de Cós (460-380 a.C.) apresenta uma visão diferente por volta de 430 a.C..
Ele explica o carácter transitório dos cometas propondo que são ilusões de óptica produzidas pela luz solar em vapores da nossa atmosfera.
Na Antiga Grécia existiam, pelo menos, quatro interpretações diferentes para explicar a natureza dos cometas.
Foi, no entanto, a teoria de Aristóteles (384-322 a.C.), que era uma adaptação da de Xenófones, a que se impôs.
Aristóteles, seguindo a hipótese de Eudoxo de Cnidos (395-342 a.C.(?)), supõe que o Universo é formado por esferas concêntricas cujo centro é a Terra.
Quando a Terra é aquecida pelo Sol, a superfície emana “ventos quentes” que se acumulam na parte elevada da atmosfera.
Os cometas, assim como as estrelas cadentes eram originados por fricção dessas emanações terrestres com a primeira esfera, sendo portanto fenómenos atmosféricos.
Aristóteles deixa claro que estes fenómenos meteorológicos na atmosfera da Terra dão-se especificamente abaixo da Lua – fenómenos sub-lunares.
As emanações terrestres poderiam ter origem em gás quente e seco, que saía dos vulcões.
O gás sobe e ao atingir o céu é aquecido pelo Sol até se inflamar.
Por se encontrar no céu, o gás inflamado move-se com as estrelas e com os planetas.
Indo ainda mais longe, Aristóteles, como outros antes dele, estabeleceu a ligação entre uma série de desgraças ocorridas e o aparecimento dos cometas.
Com a expansão e prosperidade do Império Romano, a filosofia, as matemáticas e as ciências naturais passaram a ter um desenvolvimento mais lento.
Talvez por isso, foi completamente condenada ao esquecimento a pequena contribuição científica de Séneca (4 a.C.-65 d.C.) que expôs em Quaestiones Naturalis, livro 7, uma visão muito correcta sobre o que são os cometas e qual a sua natureza.
Séneca define-os como astros, corpos celestes com caminhos curvados no céu.
Os “cometas como astros”, deveriam conter uma “substância”, um corpo sólido e terroso que alimentasse o seu brilho ou “chama”, outro sentido para a palavra latina coma.
Séneca chega a afirmar que esse corpo sólido – o núcleo dos cometas – é esférico, sendo o seu brilho responsável pela sua extensão em longitude.
Sugere também que os cometas são periódicos, ou seja, que passam próximos do Sol de forma repetida.
Lamentavelmente, as suas ideias perderam-se na História e perdurou até ao fim da Idade Média a descrição aristotélica.
Espalhou-se também o carácter agoirento dos cometas.
Tapeçaria de Bayeux.
Durante a Idade Média avançou-se mais na arte e na teologia do que no conhecimento científico.
A Tapeçaria de Bayeux conta a história de como Guilherme da Normandia derrota o Rei Haroldo II, Saxão, Rei da Inglaterra em 1066, naquela que ficou conhecida como a Batalha de Hastings.
Uma parte da tapeçaria mostra um cometa (o Halley) e à sua direita aparece o Rei Haroldo II junto ao trono.
Há também pessoas a apontar para o céu retirando-se para dentro das muralhas da cidade, amedrontadas pelo desastre que o cometa anuncia.
Por cima, uma inscrição que diz «Isti mirant stella» (aqueles olham a estrela).
Pouco depois do aparecimento do cometa a 24 de Abril de 1066, Haroldo foi morto na batalha com uma seta que lhe entrou pelo olho e Guilherme tornou-se Rei.
Estabeleceu-se, naquele tempo, que o cometa estava do lado dos Normandos e de Guilherme.
O episódio foi tão importante que ainda hoje os Reis de Inglaterra trazem o simbolo de um cometa nas suas coroas.
A ideia da astrologia associando o aparecimento de cometas ao prenúncio da morte de monarcas perdurou durante muito tempo.
O Rei português Afonso VI, ao avistar um cometa em 1664, veio ao terraço e ameaçou-o com uma pistola...
Cometa de Giotto
A ideia da origem atmosférica dos cometas começa a declinar com a teoria heliocêntrica de Nicolau de Cusa (1400-1464) e de Copérnico (1473-1543) mas foi o astrónomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) quem, finalmente, eliminou as possíveis dúvidas sobre a origem celeste dos cometas.
Brahe, a partir de observações de um cometa brilhante que apareceu em 1577 e que foram realizadas a partir de dois observatórios diferentes, separados por 600 Km, mediu para a paralaxe horizontal, um valor a rondar os 15 minutos de arco.
Concluiu que o cometa deveria estar a uma distância quatro vezes superior à da Lua.
Os cometas já não podiam mais ser associados à região sublunar.
Apesar da descoberta, Brahe pensava que os cometas eram “exalações” dos planetas, sendo essa ideia ainda uma extensão das ideias aristotélicas.
Galileu (1564-1642) mantém-se conservador ao negar a importância das observações de Brahe, afirmando que os cometas são “ilusões” ou reflexos atmosféricos seguindo, de resto, a visão de Hipócrates.
Capa do livro “Cometografia” de Hevelius. Estão exibidas as três hipóteses aceites na época àcerca do movimento dos cometas. À esquerda aparece a ideia aristotélica de que os cometas são fenómenos atmosféricos. O astrónomo da direita defende a hipótese das trajectórias rectílineas de Kepler. O astrónomo do centro mostra que os cometas se movem em trajectórias parabólicas.
O astrónomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) defende em 1596, na sua primeira obra, "Mysterium Cosmographicum", o sistema heliocêntrico de Copérnico.
Durante 17 anos, analisou os dados deixados por Brahe descobrindo as três leis do movimento planetário, em que um dos resultados importantes é a atribuição de órbitas quase circulares, porém elípticas, aos planetas em torno do Sol. Kepler também defende a natureza celeste dos cometas e em 1618, ao tentar explicar as observações de cometas que foram visíveis nesse ano, concluiu que as caudas deviam produzir-se graças a algum tipo de “força” devida à radiação solar.
De forma algo surpreendente, Kepler pensa que os cometas não se movem como os planetas e que se deslocam, no céu, em trajectórias rectilíneas.
Essa hipótese de Kepler contrastava com as observações do astrónomo Italiano Borelli (1608-1679) e com as do polaco Hevelius (1611-1687) que sugere uma órbita parabólica em torno do Sol, para um cometa que apareceu em 1665.
O pastor e decano alemão Dörffel (1643-1688) e, de forma independente, aquele que foi o primeiro astrónomo real inglês, John Flamsteed (1646-1719) mostram que a hipótese de uma órbita parabólica é consistente com as observações de um cometa muito brilhante que apareceu em 1680 e 1681.
Foi observado antes e depois da passagem no periélio, primeiro aproximando-se do Sol e de seguida afastando-se dele.
Nessa data, Newton (1642-1727) já tinha formulado mas não publicado a teoria da gravitação.
A partir dela demonstram-se as leis de Kepler e descreve-se o movimento de dois corpos sujeitos à interacção gravítica.
Em 1687, Newton apresenta nos Principia a lei da Gravitação Universal aplicada ao cometa de 1680 e mostra que a sua órbita é eliptíca, apesar de ser quase parabólica.
Calcula o valor de 0,0016 u.A. para a distância do cometa ao Sol no periélio.
Ainda assim, Newton, mais motivado pelos problemas pessoais que tinha com Flamsteed e Dörffel e não por razões científicas, objectou contra a hipótese das órbitas parabólicas mostrando-se, nessa altura, mais favorável à hipótese das trajectórias rectilíneas dos cometas, sugerida por Kepler.
Estavam dissipadas as dúvidas quanto à origem celeste dos cometas, no entanto, no que diz respeito à sua natureza, a maioria dos cientistas continuavam a pensar que os cometas tinham uma existência efémera.
Isto porque, ou eram uma nebulosa ou eram uma exalação difusa formada por um concentrado de vapores que acabavam por se dispersar.
Séneca
Representação chinesa da classificação de cometas (168 a.C.).
Os cometas foram, quase de certeza, observados desde tempos imemoriais.
Devido à ausência de documentos não é possível afirmar se as antigas civilizações deram aos cometas este ou aquele significado.
Há referências muito antigas aos seus aparecimentos atribuídas a Chineses, Japoneses, Coreanos e Babilónios.
Durante muitos anos os astrónomos sacerdotes chineses realizaram um grande número de observações. Uma das primeiras menções feitas a um cometa é de 1054 a.C. no livro do princípe Huai Nan.
Desde 240 a.C., só falharam o registo dos retornos do cometa que viria a receber o nome de Halley, no ano 164 a.C. Há centenas de registos de aparecimentos de cometas até 1600 d.C..
Os Chineses catalogavam os cometas como “estrelas com caudas” e foram os primeiros a verificar que essas caudas tinham a direcção anti-solar.
Os Caldeus, por seu lado, consideravam-nos como “aparecimentos” de planetas atribuindo-lhes, como os Chineses, uma origem celeste e também mística.
Curiosamente, a astronomia chinesa não parece ter progredido muito para além desse estado empírico. Como outros povos da época, eles limitaram-se a observar, inovaram ao registar, mas deixaram em aberto as questões do como e do porquê.
Como em muitos campos do conhecimento foi com os Gregos que começaram a aparecer estudos mais aprofundados.
Aliás, a palavra moderna “cometa” provém da palavra grega κομητηζ (kométes) que significa “de cabeleira comprida”.
Existem indícios de que a primeira interpretação grega sobre a natureza dos cometas é devida a Anaximandro de Mileto (610-545 a.C. (?)) mas a primeira descrição sobre a origem destes “fenómenos” é atribuída a Xenófanes de Colofão (560-478 a.C.(?)).
Xenófanes diz que os cometas são estruturas nebulosas de “fogo” produzidas por exalações invisíveis procedentes da Terra.
Em contraposição, os Pitagóricos consideram por volta de 550 a.C., que os cometas são planetas errantes que aparecem raramente, sobretudo próximo do horizonte ao amanhecer ou ao anoitecer. Demócrito (460-370 a.C.) e Anaxágoras (500-428 a.C.) também atribuem aos cometas uma origem celeste.
Eles aparecem como consequência da interacção da luz dos planetas que se alinham entre si ou com as estrelas, ou seja, quando há conjunção.
É surpreendente a opinião acertada de Artemidoro de Parium que, por volta de 450 a.C. supôs que os cometas eram planetas que unicamente se víam quando chegavam “ao final da sua vida”.
Artemidoro é recordado como um filósofo muito imaginativo nas suas teorias para explicar o Universo e era facilmente rebatido pelos seus contemporâneos.
Também por isso, as suas teorias sobre cometas foram esquecidas.
Hipócrates de Cós (460-380 a.C.) apresenta uma visão diferente por volta de 430 a.C..
Ele explica o carácter transitório dos cometas propondo que são ilusões de óptica produzidas pela luz solar em vapores da nossa atmosfera.
Na Antiga Grécia existiam, pelo menos, quatro interpretações diferentes para explicar a natureza dos cometas.
Foi, no entanto, a teoria de Aristóteles (384-322 a.C.), que era uma adaptação da de Xenófones, a que se impôs.
Aristóteles, seguindo a hipótese de Eudoxo de Cnidos (395-342 a.C.(?)), supõe que o Universo é formado por esferas concêntricas cujo centro é a Terra.
Quando a Terra é aquecida pelo Sol, a superfície emana “ventos quentes” que se acumulam na parte elevada da atmosfera.
Os cometas, assim como as estrelas cadentes eram originados por fricção dessas emanações terrestres com a primeira esfera, sendo portanto fenómenos atmosféricos.
Aristóteles deixa claro que estes fenómenos meteorológicos na atmosfera da Terra dão-se especificamente abaixo da Lua – fenómenos sub-lunares.
As emanações terrestres poderiam ter origem em gás quente e seco, que saía dos vulcões.
O gás sobe e ao atingir o céu é aquecido pelo Sol até se inflamar.
Por se encontrar no céu, o gás inflamado move-se com as estrelas e com os planetas.
Indo ainda mais longe, Aristóteles, como outros antes dele, estabeleceu a ligação entre uma série de desgraças ocorridas e o aparecimento dos cometas.
Com a expansão e prosperidade do Império Romano, a filosofia, as matemáticas e as ciências naturais passaram a ter um desenvolvimento mais lento.
Talvez por isso, foi completamente condenada ao esquecimento a pequena contribuição científica de Séneca (4 a.C.-65 d.C.) que expôs em Quaestiones Naturalis, livro 7, uma visão muito correcta sobre o que são os cometas e qual a sua natureza.
Séneca define-os como astros, corpos celestes com caminhos curvados no céu.
Os “cometas como astros”, deveriam conter uma “substância”, um corpo sólido e terroso que alimentasse o seu brilho ou “chama”, outro sentido para a palavra latina coma.
Séneca chega a afirmar que esse corpo sólido – o núcleo dos cometas – é esférico, sendo o seu brilho responsável pela sua extensão em longitude.
Sugere também que os cometas são periódicos, ou seja, que passam próximos do Sol de forma repetida.
Lamentavelmente, as suas ideias perderam-se na História e perdurou até ao fim da Idade Média a descrição aristotélica.
Espalhou-se também o carácter agoirento dos cometas.
Tapeçaria de Bayeux.
Durante a Idade Média avançou-se mais na arte e na teologia do que no conhecimento científico.
A Tapeçaria de Bayeux conta a história de como Guilherme da Normandia derrota o Rei Haroldo II, Saxão, Rei da Inglaterra em 1066, naquela que ficou conhecida como a Batalha de Hastings.
Uma parte da tapeçaria mostra um cometa (o Halley) e à sua direita aparece o Rei Haroldo II junto ao trono.
Há também pessoas a apontar para o céu retirando-se para dentro das muralhas da cidade, amedrontadas pelo desastre que o cometa anuncia.
Por cima, uma inscrição que diz «Isti mirant stella» (aqueles olham a estrela).
Pouco depois do aparecimento do cometa a 24 de Abril de 1066, Haroldo foi morto na batalha com uma seta que lhe entrou pelo olho e Guilherme tornou-se Rei.
Estabeleceu-se, naquele tempo, que o cometa estava do lado dos Normandos e de Guilherme.
O episódio foi tão importante que ainda hoje os Reis de Inglaterra trazem o simbolo de um cometa nas suas coroas.
A ideia da astrologia associando o aparecimento de cometas ao prenúncio da morte de monarcas perdurou durante muito tempo.
O Rei português Afonso VI, ao avistar um cometa em 1664, veio ao terraço e ameaçou-o com uma pistola...
Cometa de Giotto
A ideia da origem atmosférica dos cometas começa a declinar com a teoria heliocêntrica de Nicolau de Cusa (1400-1464) e de Copérnico (1473-1543) mas foi o astrónomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) quem, finalmente, eliminou as possíveis dúvidas sobre a origem celeste dos cometas.
Brahe, a partir de observações de um cometa brilhante que apareceu em 1577 e que foram realizadas a partir de dois observatórios diferentes, separados por 600 Km, mediu para a paralaxe horizontal, um valor a rondar os 15 minutos de arco.
Concluiu que o cometa deveria estar a uma distância quatro vezes superior à da Lua.
Os cometas já não podiam mais ser associados à região sublunar.
Apesar da descoberta, Brahe pensava que os cometas eram “exalações” dos planetas, sendo essa ideia ainda uma extensão das ideias aristotélicas.
Galileu (1564-1642) mantém-se conservador ao negar a importância das observações de Brahe, afirmando que os cometas são “ilusões” ou reflexos atmosféricos seguindo, de resto, a visão de Hipócrates.
Capa do livro “Cometografia” de Hevelius. Estão exibidas as três hipóteses aceites na época àcerca do movimento dos cometas. À esquerda aparece a ideia aristotélica de que os cometas são fenómenos atmosféricos. O astrónomo da direita defende a hipótese das trajectórias rectílineas de Kepler. O astrónomo do centro mostra que os cometas se movem em trajectórias parabólicas.
O astrónomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) defende em 1596, na sua primeira obra, "Mysterium Cosmographicum", o sistema heliocêntrico de Copérnico.
Durante 17 anos, analisou os dados deixados por Brahe descobrindo as três leis do movimento planetário, em que um dos resultados importantes é a atribuição de órbitas quase circulares, porém elípticas, aos planetas em torno do Sol. Kepler também defende a natureza celeste dos cometas e em 1618, ao tentar explicar as observações de cometas que foram visíveis nesse ano, concluiu que as caudas deviam produzir-se graças a algum tipo de “força” devida à radiação solar.
De forma algo surpreendente, Kepler pensa que os cometas não se movem como os planetas e que se deslocam, no céu, em trajectórias rectilíneas.
Essa hipótese de Kepler contrastava com as observações do astrónomo Italiano Borelli (1608-1679) e com as do polaco Hevelius (1611-1687) que sugere uma órbita parabólica em torno do Sol, para um cometa que apareceu em 1665.
O pastor e decano alemão Dörffel (1643-1688) e, de forma independente, aquele que foi o primeiro astrónomo real inglês, John Flamsteed (1646-1719) mostram que a hipótese de uma órbita parabólica é consistente com as observações de um cometa muito brilhante que apareceu em 1680 e 1681.
Foi observado antes e depois da passagem no periélio, primeiro aproximando-se do Sol e de seguida afastando-se dele.
Nessa data, Newton (1642-1727) já tinha formulado mas não publicado a teoria da gravitação.
A partir dela demonstram-se as leis de Kepler e descreve-se o movimento de dois corpos sujeitos à interacção gravítica.
Em 1687, Newton apresenta nos Principia a lei da Gravitação Universal aplicada ao cometa de 1680 e mostra que a sua órbita é eliptíca, apesar de ser quase parabólica.
Calcula o valor de 0,0016 u.A. para a distância do cometa ao Sol no periélio.
Ainda assim, Newton, mais motivado pelos problemas pessoais que tinha com Flamsteed e Dörffel e não por razões científicas, objectou contra a hipótese das órbitas parabólicas mostrando-se, nessa altura, mais favorável à hipótese das trajectórias rectilíneas dos cometas, sugerida por Kepler.
Estavam dissipadas as dúvidas quanto à origem celeste dos cometas, no entanto, no que diz respeito à sua natureza, a maioria dos cientistas continuavam a pensar que os cometas tinham uma existência efémera.
Isto porque, ou eram uma nebulosa ou eram uma exalação difusa formada por um concentrado de vapores que acabavam por se dispersar.
Paixão de Cristo
A cena inicial, no jardim de Getsêmane, com Jesus aflito, ciente de que sua tortura está prestes a começar, é o primeiro momento de grande profundidade, através daquele olhar bondoso, naquele belo lugar, carregado de religião, medo, traição!
Estupenda fotografia! Fortíssimo, o código linguístico!
A expressão da dôr física - sem perder a bondade no olhar, mais do que a barbárie dos seus carrascos, acompanhou-me durante todo o filme.
A compaixão que transmite Cláudia, mulher de Pilatos, ao entregar toalhas limpas à mãe de Cristo após a tortura!
O flash-back de Maria, ao vê-lo tombar, transporta-nos à infância do menino, e ao amor maternal.
Gostei muito deste retrato das última horas de vida de Jesus Cristo.
Em relação às polémicas em torno do filme, mantenho o que disse!
Once you stop screaming, then you'll start talking about it.
Massacre no Texas - "Texas Chain Saw Massacre, The (1974) " realizado por Tobe Hooper.
Era uma lacuna na minha dêvêdeteca, que foi hoje colmatada!
Veio da Fnac ( ficaram lá mais alguns)!
É um dvd Zona 1, mas não se pode ter tudo!
Abril 7, 2004
as hipóteses do FC Porto estão a aumentar..
..e as do Carlos Queirós a diminuir..
É pena!
A carta aberta a Souto Moura publicada no Repórter X pelo Jorge Van Krieken
é uma peça digna de ser lida por todos os jornalistas ( principalmente os que fazem investigação) e por todas as pessoas que acreditam que se pode fazer investigação neste país sem estar engajado no sistema. Porque ele existe! E porque este Procurador tem sido pouco menos que infeliz cada vez que presta declarações à comunicação social. E nem é necessário particularizar!
Só para quem possa andar distraído!
é uma peça digna de ser lida por todos os jornalistas ( principalmente os que fazem investigação) e por todas as pessoas que acreditam que se pode fazer investigação neste país sem estar engajado no sistema. Porque ele existe! E porque este Procurador tem sido pouco menos que infeliz cada vez que presta declarações à comunicação social. E nem é necessário particularizar!
Só para quem possa andar distraído!
Abril 6, 2004
Desapareceram os meus links!
Enconte á vida, ásperanssa!
Enconte á vida, ásperanssa!
Abril 5, 2004
da ECM
Este fim-de-semana, trouxe o Jack DeJohnette - Selected Recordings.
Mais do mesmo, ou seja, é tudo para trazer, ouvir e guardar.
É bastante difícil ter de optar; com a qualidade da série :Rarum, dá vontade de meter 3 ou 4 de cada vez debaixo do braço e vir a correr para casa.
Uma amostra representativa do universo de que falo:
Com a participação de:
Jack DeJohnette, bateria e piano / John Abercrombie, guitarra
Lester Bowie, trompete / Dave Holland, baixo / Keith Jarrett, piano
John Surman, saxofone barítono...
A minha faixa favorita é Silver Hollow, com DeJohnette, Abercrombie, Bowie e Eddie Gomez.
Outras escolhas obrigatórias, para mim:
Com a participação de:
Joe Lovano / Paul Motian / Jan Garbarek / Lee Konitz / Dave Holland / John Surman
Com a participação de:
John Abercrombie / Jack DeJohnette / Steve Coleman / Cassandra Wilson
Kevin Eubanks / Chris Potter / Anthony Braxton
Outras obras indispensáveis:
Isto é uma maravilha!
Mais do mesmo, ou seja, é tudo para trazer, ouvir e guardar.
É bastante difícil ter de optar; com a qualidade da série :Rarum, dá vontade de meter 3 ou 4 de cada vez debaixo do braço e vir a correr para casa.
Uma amostra representativa do universo de que falo:
Com a participação de:
Jack DeJohnette, bateria e piano / John Abercrombie, guitarra
Lester Bowie, trompete / Dave Holland, baixo / Keith Jarrett, piano
John Surman, saxofone barítono...
A minha faixa favorita é Silver Hollow, com DeJohnette, Abercrombie, Bowie e Eddie Gomez.
Outras escolhas obrigatórias, para mim:
Com a participação de:
Joe Lovano / Paul Motian / Jan Garbarek / Lee Konitz / Dave Holland / John Surman
Com a participação de:
John Abercrombie / Jack DeJohnette / Steve Coleman / Cassandra Wilson
Kevin Eubanks / Chris Potter / Anthony Braxton
Outras obras indispensáveis:
Isto é uma maravilha!
Aula de Amor
Mas, menina, vai com calma
Mais sedução nesse grasne:
Carnalmente eu amo a alma
E com alma eu amo a carne.
Faminto, me queria eu cheio
Não morra o cio com pudor
Amo virtude com traseiro
E no traseiro virtude pôr.
Muita menina sentiu perigo
Desde que o deus no cisne entrou
Foi com gosto ela ao castigo:
O canto do cisne ele não perdoou
Poema de Bertolt Brecht, gravura de Pablo Picasso
Nevermind
Passam dez anos sobre a morte de Kurt Cobain.
Nevermind. The music remains!
Abril 4, 2004
Poema destinado a haver domingo
Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.
Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.
Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.
Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre
Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.
Natália Correia
Poesia Completa
Publicações Dom Quixote,1999
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.
Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.
Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.
Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre
Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.
Natália Correia
Poesia Completa
Publicações Dom Quixote,1999
Neste momento está a passar na 2 a série "Charlie Brown"!
Não há uma lei que proíba a dobragem disto?!
O «sistema» é o povo, estúpido!
Sobre a Convenção da Nova Democracia, a notícia do Jornal Digital reflete o deserto de ideias de um movimento que nasce com os vícios dos velhos partidos da nossa jovem democracia.
Quando surge um força política que pretende ocupar o espaço de centro-direita (como o BE tem feito, e bem, no pólo oposto), deve afirmar-se descomplexadamente, dizendo claramente às pessoas que são de direita. Mas falta-lhes identidade.
Ao contrário do CDS-PP, rico em personalidades com ideias próprias sobre o papel que a direita democrática deve desempenhar no nosso sitema partidário, a liderança da Nova Democracia é acéfala.
A comparação à extrema-direita francesa feita pelo professor Marcelo faz sentido, porque não há mais à direita que eles em Portugal, e isso só por si não teria mal nenhum. O problema é que eles vêm isso como um ataque, e ainda conseguem fulanizar a questão, dizendo que é um ataque ao líder.
Manuel Monteiro tem a pretensão de assumir uma importância que de facto não tem.
A desconstrução que pretende fazer da actuação do actual governo, com o objectivo claro de atingir o PP, é confrangedora.
Manuel Monteiro definiu como meta do PND a governação do país, embora reconhecendo que «o sistema» fará tudo para que isso não aconteça.
Quando surge um força política que pretende ocupar o espaço de centro-direita (como o BE tem feito, e bem, no pólo oposto), deve afirmar-se descomplexadamente, dizendo claramente às pessoas que são de direita. Mas falta-lhes identidade.
Ao contrário do CDS-PP, rico em personalidades com ideias próprias sobre o papel que a direita democrática deve desempenhar no nosso sitema partidário, a liderança da Nova Democracia é acéfala.
A comparação à extrema-direita francesa feita pelo professor Marcelo faz sentido, porque não há mais à direita que eles em Portugal, e isso só por si não teria mal nenhum. O problema é que eles vêm isso como um ataque, e ainda conseguem fulanizar a questão, dizendo que é um ataque ao líder.
Manuel Monteiro tem a pretensão de assumir uma importância que de facto não tem.
A desconstrução que pretende fazer da actuação do actual governo, com o objectivo claro de atingir o PP, é confrangedora.
Manuel Monteiro definiu como meta do PND a governação do país, embora reconhecendo que «o sistema» fará tudo para que isso não aconteça.
La Ballade...
Procuro..
uma ilha chamada..
Abril 3, 2004
Carpe Diem
Não procures, Leuconoe, - ímpio será sabê-lo -
que fim a nós os dois os deuses destinaram;
não consultes sequer os números babilónicos:
Melhor é aceitar! E venha o que vier!
Quer Júpiter te dê ainda muitos Invernos,
quer seja o derradeiro este que ora desfaz
nos rochedos hostis ondas do mar Tirreno,
vive com sensatez destilando o teu vinho
e, como a vida é breve, encurta a longa esp'rança.
De inveja o tempo voa enquanto nós falamos:
trata pois de colher o dia, o dia de hoje,
que nunca o de amanhã merece confiança.
Horácio
Abril 2, 2004
das coisas diárias
Esta tarde uma pessoa amiga ofereceu-me um livro. Uma obra antiga.
Certamente que o lerei com alguma nostalgia, assim como logo à noite ouvirei, espero, algumas das primeiras peças dos pais da pop electrónica.
Hoje é um dia de revivalismos.
Ah! O livro tem na capa a seguinte frase: " 35.000 rotos já compraram O Meu Pipi. De que é que está à espera?"
Ainda bem que me foi oferecido!
Assim, não contribuo para as estatísticas.
Certamente que o lerei com alguma nostalgia, assim como logo à noite ouvirei, espero, algumas das primeiras peças dos pais da pop electrónica.
Hoje é um dia de revivalismos.
Ah! O livro tem na capa a seguinte frase: " 35.000 rotos já compraram O Meu Pipi. De que é que está à espera?"
Ainda bem que me foi oferecido!
Assim, não contribuo para as estatísticas.
Sonoridades
Parece mentira fora do prazo, mas já não me lembrava que tinha bilhete para o concerto dos Kraftwerk!
Toma os remédios, António.
Abril 1, 2004
da física quântica
o rato é muito mais pequeno que o gato
ao correr para não ser apanhado, e como é veloz, à medida que se aproxima do buraco, este parece-lhe cada vez mais pequeno e o ratinho entra em pânico e começa a achar que se vai esborrachar contra a parede e os bocadinhos vão sobrar para o gato
ao desenhar a figura do gato, o buraco parece muito maior e aumenta os índices de confiança
até acha que vai conseguir entrar sem se baixar
o gato pensa que, mais dia menos dia, o rato vai ficar preso no buraco após uma derrapagem seguida de uma grande chiadeira
o gato acha que ver a sua figura pintada na parede é uma afronta ao seu prestígio de caçador
o gato fica baralhado com o engenho do rato, que ainda se ri dele com a brincadeira
se eu fosse o gato, apagava o desenho e pintava-me deitado de frente com a boca aberta
o rato, o que faria?
Mesmo o terrorista do André do F.C.Porto.
É inadmissível que um clube desta dimensão dê tempo de antena a um alarve daqueles!
É inadmissível que um clube desta dimensão dê tempo de antena a um alarve daqueles!
Portugal-Itália
«Sofremos dois golos que no futebol actual não existe mais. Foram descuidos e esses contra equipas de qualidade são fatais. Gostei até determinado momento, mas depois tivemos erros que temos de corrigir e vamos fazer isso na medida do possível. Nós sabemos o que estamos a fazer e confiamos nos nossos atletas. Entendo que o golo [o segundo] que sofremos foi muito melhor ter sofrido hoje do que em qualquer outra parte da competição que temos pela frente. Continuo optimista».
Paixões à parte, continuo optimista também.
Não tenho dúvidas que quando o Euro tiver início vamos estar todos ao lado da Selecção Nacional!
Paixões à parte, continuo optimista também.
Não tenho dúvidas que quando o Euro tiver início vamos estar todos ao lado da Selecção Nacional!