Quarta-feira, Maio 19

blogus interruptus 

Nos próximos dias não vou poder cumprir um dos rituais diários, o de visitar amigos na blogosfera.
Desde o início do ano tenho-me habituado aos posts, aos comentários e, aquilo que me tem dado mais prazer, a estabelecer cumplicidades!
Aos amigos que têm a gentileza de visitar o meu cantinho desejo uma boa semana, com um sorriso!



Meus amigos, desculpai-me
pois, inadvertidamente, vos iludi.
Bem sei agora que de mim
vós todos esperáveis um poeta completo,
alguém como um semideus
que conseguisse se embrenhar no segredo do cosmo,
capaz de sofrer a angústia do big-bang inicial
e de viver o gozo, supremo e espasmódico,
de algum astro recém-nascido.

Não, meus amigos.

Decididamente não sou eu o poeta que buscais.
Para desfazer qualquer dúvida que ainda remanesça,
permiti que vos diga, num rasgo de confessada humildade,
que eu jamais consegui decifrar o código de angústia
do riacho que, perdido, serpenteia pela floresta;
que eu, embora tenha me esforçado ao extremo,
ainda não traduzo fielmente a voz do vento andarilho,
mexeriqueiro bailarino a confabular com as árvores
os segredos trazidos de distantes paragens.
Tende em mente que minha sensibilidade
é suficiente apenas para entender
que a cor avermelhada da aurora
se deve ao sangue das paixões sublimadas.
É honesto dizer ainda que não tenho tido êxito
ao tentar compreender as conversas informais das estrelinhas
quando, nas noites frias de inverno,
se reúnem para tricotar suas nuvens de algodão.
Bem se vê que é indevido o vosso comportamento
quando, em contato com meus versos humildes,
vos dizeis maravilhados das palavras desconexas
que, presunçosamente, apelidei de poesia.

E, para melhor vos iludir,
fiz do meu verbo uma argamassa
composta de dores e amores,
de sonhos e prantos e sorrisos e lágrimas.

Porque – é forçoso reconhecer! –
este vosso amigo, longe de ser um poeta pleno,
ainda não conseguiu ir além do coração do homem.


Solange Rech

Terça-feira, Maio 18

Do amante  



Ai, a carne é fraca, não tem discussão
E eu, que enfraqueci mulher de amigo
Evito o meu quarto, dormir não consigo
Vejo-me à noite: atento a qualquer som!

E isso advém de o seu quarto afinal
Ser contíguo ao meu.
O que me consome
É que eu ouço tudo, quando ele a come
E se não ouço, penso:
é pior o mal!

Se já tarde os três bebemos um copito
E eu noto que o meu amigo não fuma
E, quando a mira, põe olhos em bico

Encho o copo dela a deitar por fora
E obrigo-a a beber, se não colabora,
P'ra ela à noite não dar por nenhuma.


Poema de Bertolt Brecht, gravura de Pablo Picasso

Sun Tzu on the Art of War 

I. LAYING PLANS

1. Sun Tzu said: The art of war is of vital importance to the State.

2. It is a matter of life and death, a road either to safety or to ruin.
Hence it is a subject of inquiry which can on no account be neglected.

3. The art of war, then, is governed by five constant factors, to be taken into account in one's deliberations, when seeking to determine the conditions obtaining in the field.

4. These are:
(1) The Moral Law.
(2) Heaven.
(3) Earth.
(4) The Commander.
(5) Method and discipline.

5,6. The Moral Law causes the people to be in complete accord with their ruler, so that they will follow him regardless of their lives, undismayed by any danger.

7. Heaven signifies night and day, cold and heat, times and seasons.

8. Earth comprises distances, great and small; danger and security; open ground and narrow passes; the chances of life and death.

9. The Commander stands for the virtues of wisdom, sincerely, benevolence, courage and strictness.

10. By method and discipline are to be understood the marshaling of the army in its proper subdivisions, the graduations of rank among the officers, the maintenance of roads by which supplies may reach the army, and the control of military expenditure.

11. These five heads should be familiar to every general: he who knows them will be victorious; he who knows them not will fail.

12. Therefore, in your deliberations, when seeking to determine the military conditions, let them be made the basis of a comparison, in this wise.

13. (1) Which of the two sovereigns is imbued with the Moral law?
(2) Which of the two generals has most ability?
(3) With whom lie the advantages derived from Heaven and Earth?
(4) On which side is discipline most rigorously enforced?
(5) Which army is stronger?
(6) On which side are officers and men more highly trained?
(7) In which army is there the greater constancy both in reward and punishment?

14. By means of these seven considerations I can forecast victory or defeat.

15. The general that hearkens to my counsel and acts upon it, will conquer: let such a one be retained in command! The general that hearkens not to my counsel nor acts upon it,
will suffer defeat: let such a one be dismissed!

16. While heading the profit of my counsel, avail yourself also of any helpful circumstances over and beyond the ordinary rules.

17. According as circumstances are favorable, one should modify one's plans.

18. All warfare is based on deception.

19. Hence, when able to attack, we must seem unable; when using our forces, we must seem inactive; when we are near, we must make the enemy believe we are far away;when far away, we must make him believe we are near.

20. Hold out baits to entice the enemy. Feign disorder, and crush him.

21. If he is secure at all points, be prepared for him. If he is in superior strength, evade him.

22. If your opponent is of choleric temper, seek to irritate him.
Pretend to be weak, that he may grow arrogant.

23. If he is taking his ease, give him no rest. If his forces are united, separate them.

24. Attack him where he is unprepared, appear where you are not expected.

25. These military devices, leading to victory, must not be divulged beforehand.

26. Now the general who wins a battle makes many calculations in his temple ere the battle is fought. The general who loses a battle makes but few calculations beforehand. Thus do many calculations lead to victory, and few calculations to defeat: how much more no calculation at all! It is by attention to this point that I can foresee who is likely to win or lose.


Segunda-feira, Maio 17

Who am I? 

Escolhi Blade Runner quando decidi comprar o primeiro dvd.

Obra Prima da Ficção Científica, Blade Runner - 1982, é um dos meus filmes favoritos.
É um filme de culto, enigmático, inspirado em Metropolis (1927) de Fritz Lang.

Ridley Scott é um dos meus realizadores favoritos:
Black Hawk Down / Hannibal / Gladiator /1492: Conquest of Paradise / Thelma & Louise / Alien

Harrisson Ford é um dos meus actores favoritos:
What Lies Beneath / Air Force One / Sabrina / Clear and Present Danger / The Fugitive
Patriot Games / Regarding Henry / Presumed Innocent / Frantic / Witness / Star Wars
Raiders of the Lost Ark /Apocalypse Now / American Graffiti / Zabriskie Point.

Vangelis, o autor da banda sonora, é um dos meus compositores favoritos.

O detective Rick Deckard (Harrison Ford)de moral duvidosa e caçador de replicantes ilegais, apaixona-se pela femme-fatale Rachel(Sean Young), pertencente à última classe de robôts, virtualmente idênticos aos seres humanos.
Los Angeles, 2019. A Terra está em decadência física e psicológica.
Veículos futuristas viajam pelo céu poluído, onde o sol já não brilha.
Deckard é encarregue de procurar quatro replicantes de primeira geração, decididos a encontrar o seu criador, dr.Tyrell(Joseph Turkel), e forçá-lo a prolongar as suas curtas vidas.
O apelo para a imortalidade por parte dos andróides coloca a questão
"Man has made his match - Now it`s his problem".

No imenso escritório do Dr. Eldon Tyrell com uma gigantessca janela, um mocho branco replicante sobrevôa a sala. Deckard encontra pela primeira vez Rachel:

Rachael: Do you like our owl?
Deckard: It's artificial?
Rachael: Of course it is.
Deckard: Must be expensive.
Rachael: Very.

Para utilizar o seu aparelho detector de replicantes, pretende fazer-lhe o teste de Voigt-Kampff, semelhante a um detector de mentiras, que mede respostas emocionais.
O dispositivo focaliza o interior da íris e mede as flutuações involuntárias:

Deckard: You're reading a magazine. You come across a full-page nude photo of a girl.
Rachael: Is this testing whether I'm a replicant or a lesbian, Mr. Deckard?
Deckard: Just answer the questions, please. You show it to your husband. He likes it so much he hangs it on your bedroom wall.
Rachael: I wouldn't let him.
Deckard: 'Orange body, green legs'...Why not?
Rachael: I should be enough for him.

Sebastien e Roy
I MAKE friends. They're toys. My friends are toys. I make them. It's a hobby.


Deckard: Now you kiss me.
Rachael: I can't rely on...
Deckard: Say 'kiss me.'
Rachael: 'Kiss me.'
Deckard: 'I want you.'
Rachael: 'I want you.'
Deckard: Again.
Rachael: 'I want you.' Put your hands on me.


I've seen things you people wouldn't believe.
Attack ships on fire off the shoulder of Orion.
I watched C-beams glitter in the dark near the Tanhauser gate.
All those moments will be lost in time like tears in rain.
Time to die.

Domingo, Maio 16

Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery  

CHAPITRE VIII

J'appris bien vite à mieux connaître cette fleur.
Il y avait toujours eu, sur la planète du petit prince, des fleurs très simples, ornées d'un seul rang de pétales, et qui ne tenaient point de place, et qui ne dérangeaient personne.
Elles apparaissaient un matin dans l'herbe, et puis elles s'éteignaient le soir.
Mais celle-là avait germé un jour, d'une graine apportée d'on ne sais où, et le petit prince avait surveillé de très près cette brindille qui ne ressemblait pas aux autres brindilles.
Ca pouvait être un nouveau genre de baobab. Mais l'arbuste cessa vite de croître, et commença de préparer une fleur.
Le petit prince, qui assistait à l'installation d'un bouton énorme, sentait bien qu'il en sortirait une apparition miraculeuse, mais la fleur n'en finissait pas de se préparer à être belle, à l'abri de sa chambre verte.
Elle choisissait avec soin ses couleures. Elle s'habillait lentement, elle ajustait un à un ses pétales.
Elle ne voulait pas sortir toute fripée comme les coquelicots. Elle ne voulait apparaître que dans le plein rayonnement de sa beauté.
Eh! oui. Elle était très coquette! Sa toilette mystérieuse avait donc duré des jours et des jours.
Et puis voici qu'un matin, justement à l'heure du lever du soleil, elle s'était montrée.



Et elle, qui avait travaillé avec tant de précision, dit en bâillant:

-Ah! Je me réveille à peine... Je vous demande pardon... Je suis encore toute décoifée...

Le petit prince, alors, ne put contenir son admiration:

-Que vous êtes belle!

-N'est-ce pas, répondit doucement la fleur. Et je suis née en même temps que le soleil...

Le petit prince devina bien qu'elle n'était pas trop modeste, mais elle était si émouvante!

-C'est l'heure, je crois, du petit déjeuner, avait-elle bientôt ajouté, auriez-vous la bonté de penser à moi...

Et le petit prince, tout confus, ayant été chercher un arrosoir d'eau fraîche, avait servi la fleur.



Ainsi l'avait-elle bien vite tourmenté par sa vanité un peu ombrageuse. Un jour, par exemple, parlant de ses quatres épines, elle avait dit au petit prince:

-Ils peuvent venir, les tigres, avec leurs griffes!



-Il n'y a pas de tigres sur ma planète, avait objecté le petit prince, et puis les tigres ne mangent pas l'herbe.

-Je ne suis pas une herbe, avait doucement répondu la fleur.

-Pardonnez-moi...

-Je ne crains rien des tigres, mais j'ai horreur des courrants d'air.
Vous n'auriez pas un paravent?



"Horreur des courrants d'air... ce n'est pas de chance, pour une plante, avait remarqué le petit prince. Cette fleur est bien compliquée..."

-Le soir vous me mettrez sous un globe. Il fait très froid chez vous.
C'est mal installé. Là d'ou je viens...



Mais elle s'était interrompue. Elle était venue sous forme de graine.
Elle n'avait rien pu connaître des autres mondes. Humiliée de s'être laissé surprendre à préparer un mensonge aussi naif, elle avait toussé deux ou trois fois, pour mettre le petit prince dans son tort:

-Ce paravent?...

-J'allais le chercher mais vous me parliez!

Alors elle avait forcé sa toux pour lui infliger quand même des remords.

Ainsi le petit prince, malgré la bonne volonté de son amour, avait vite douté d'elle. Il avait pris au sérieux des mots sans importance, et il est devenu très malheureux.

"J'aurais dû ne pas l'écouter, me confia-t-il un jour, il ne faut jamais écouter les fleures.
Il faut les regarder et les respirer. La mienne embaumait ma planète, mais je ne savais pas m'en réjouir. Cette histoire de griffes, qui m'avait tellement agacé, eût dû m'attendrir..."

Il me confia encore:

"Je n'ai alors rien su comprendre! J'aurais dû la juger sur les actes et non sur les mots. Elle m'embaumait et m'éclairait. Je n'aurais jamais dû m'enfuir! J'aurais dû devinre sa tendresse derrière ses pauvres ruses. les fleurs sont si contradictoires! Mais j'étais trop jeune pour savoir l'aimer."

The Canoeists' Luncheon 



Pierre-Auguste Renoir
1879-80
Oil on canvas
21 1/2 x 26" (55.1 x 65.9 cm)
The Art Institute of Chicago

Ghost in the Shell 2: Innocence 



Life and death come and go like
marionettes dancing on a table.
Once their strings are cut,
they easily crumble.

Why are humans so obsessed
with recreating themselves?

Let one walk alone,
committing no sin,
with few wishes,
like an elephant in the forest.


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