Sábado, Setembro 17
reflexo determinado, ou vice-versa
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Quase
Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo... e tudo errou...
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...
Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Mário de Sá Carneiro
Sexta-feira, Setembro 16
Blasfémias
Após o debate de anteontem, tive o grato prazer de conhecer alguns dos rostos que fazem o Blasfémias, bem como os de alguns convivas que se juntaram à liça.
Excelentes anfitriões, apesar do café, que só se podia tomar no bonito espaço do último piso do Rivoli.
Quanto aos temas fracturantes, espero que continuem a ser debatidos nos blogues, com mais profundidade e de forma menos politicamente correcta.
Após o debate de ontem na Sic-Notícias, onde o próximo maire de Lisboa fez de MMC gato-sapato, não podia ter descido ao nível do seu oponente.
Perdeu uma soberana oportunidade de clarificar desde já porque o candidato socialista é um erro de casting em Lisboa.
Quando se detém este nível de responsabilidade, deve-se possuir poder de encaixe para estes golpes baixos; Se um dia fôr afrontado na rua por um cidadão, não vai certamente reagir assim, Professor!
Por isso – e só por isso – deve um pedido de desculpas.. Aos lisboetas!
Excelentes anfitriões, apesar do café, que só se podia tomar no bonito espaço do último piso do Rivoli.
Quanto aos temas fracturantes, espero que continuem a ser debatidos nos blogues, com mais profundidade e de forma menos politicamente correcta.
Após o debate de ontem na Sic-Notícias, onde o próximo maire de Lisboa fez de MMC gato-sapato, não podia ter descido ao nível do seu oponente.
Perdeu uma soberana oportunidade de clarificar desde já porque o candidato socialista é um erro de casting em Lisboa.
Quando se detém este nível de responsabilidade, deve-se possuir poder de encaixe para estes golpes baixos; Se um dia fôr afrontado na rua por um cidadão, não vai certamente reagir assim, Professor!
Por isso – e só por isso – deve um pedido de desculpas.. Aos lisboetas!
Quarta-feira, Setembro 14
Within the Realm of a Dying Sun
Força é pois ir buscar outro caminho!
Lançar o arco de outra nova ponte
Por onde a alma passe – e um alto monte
Aonde se abra à luz o nosso ninho.
Se nos negam aqui o pão e o vinho,
Avante! é largo, imenso, esse horizonte...
Não, não se fecha o Mundo! e além, defronte,
E em toda a parte há luz, vida e carinho!
Avante! os mortos ficarão sepultos...
Mas os vivos que sigam, sacudindo
Como o pó da estrada os velhos cultos!
Doce e brando era o seio de Jesus...
Que importa! havemos de passar, seguindo,
Se além do seio dele houver mais luz!
Antero de Quental
Terça-feira, Setembro 13
Veritas
Maus tratos, como agressão física e abuso sexual; Negligência e carências económicas das famílias, são as principais causas encontradas na investigação efectuada pela Comissão Nacional de Saúde da Criança e do Adolescente (CNSCA).
A terrível revelação de que milhares de crianças hospitalizadas estavam - e estão - em risco social; que quatro a seis em cada dez dessas crianças tem menos de dois anos.
É este, o Portugal do século XXI?
Fonte: Diário de Notícias
Maternidade, de Pablo Picasso
Se puderes guardar o sangue frio diante
de quem fora de si te acusar, e, no instante
em que duvidem de teu ânimo e firmeza,
tu puderes ter fé na própria fortaleza,
sem desprezar contudo a desconfiança alheia...
Se tu puderes não odiar a quem te odeia,
nem pagar com a calunia a quem te calunia,
sem que tires daí motivos de ufania,
sonhar, sem permitir que o sonho te domine,
pensar, sem que em pensar tua ambição se confine,
e esperar sempre e sempre, infatigavelmente...
Se com o mesmo sereno olhar indiferente
puderes encarar a Derrota e a Vitória,
como embustes que são da fortuna ilusória,
e estóico suportar que intrigas e mentiras
deturpem a palavra honesta que profiras...
Se puderes, ao ver em pedaços destruída
pela sorte maldosa, a obra de tua vida,
tomar de novo, a ferramenta desgastada
e sem queixumes vãos, recomeçar do nada...
e tendo loucamente arriscado e perdido
tudo quanto era teu, num só lance atrevido,
se puderes voltar à faina ingrata e dura,
sem aludir jamais à sinistra aventura...
Se tu puderes coração, músculos, nervos
reduzir da vontade à condição de servos,
que, embora exausto, lhe obedeçam ao comando...
Se, andando a par dos reis e com os grandes lidando,
puderes conservar a naturalidade,
e no meio da turba a personalidade,
impávido afrontar adulações, engodos,
opressões, merecer a confiança de todos,
sem que possa contar, todavia, contigo
incondicionalmente o teu melhor amigo...
Se de cada minuto os sessenta segundos
tu puderes tornar com teu suor fecundos...
a Terra será tua, e os bens que se não somem,
e, o que é melhor, meu filho, então serás um Homem!
Carta ao filho, de Rudyard Kipling
Tradução de Alcantara Machado
A terrível revelação de que milhares de crianças hospitalizadas estavam - e estão - em risco social; que quatro a seis em cada dez dessas crianças tem menos de dois anos.
É este, o Portugal do século XXI?
Fonte: Diário de Notícias
Maternidade, de Pablo Picasso
Se puderes guardar o sangue frio diante
de quem fora de si te acusar, e, no instante
em que duvidem de teu ânimo e firmeza,
tu puderes ter fé na própria fortaleza,
sem desprezar contudo a desconfiança alheia...
Se tu puderes não odiar a quem te odeia,
nem pagar com a calunia a quem te calunia,
sem que tires daí motivos de ufania,
sonhar, sem permitir que o sonho te domine,
pensar, sem que em pensar tua ambição se confine,
e esperar sempre e sempre, infatigavelmente...
Se com o mesmo sereno olhar indiferente
puderes encarar a Derrota e a Vitória,
como embustes que são da fortuna ilusória,
e estóico suportar que intrigas e mentiras
deturpem a palavra honesta que profiras...
Se puderes, ao ver em pedaços destruída
pela sorte maldosa, a obra de tua vida,
tomar de novo, a ferramenta desgastada
e sem queixumes vãos, recomeçar do nada...
e tendo loucamente arriscado e perdido
tudo quanto era teu, num só lance atrevido,
se puderes voltar à faina ingrata e dura,
sem aludir jamais à sinistra aventura...
Se tu puderes coração, músculos, nervos
reduzir da vontade à condição de servos,
que, embora exausto, lhe obedeçam ao comando...
Se, andando a par dos reis e com os grandes lidando,
puderes conservar a naturalidade,
e no meio da turba a personalidade,
impávido afrontar adulações, engodos,
opressões, merecer a confiança de todos,
sem que possa contar, todavia, contigo
incondicionalmente o teu melhor amigo...
Se de cada minuto os sessenta segundos
tu puderes tornar com teu suor fecundos...
a Terra será tua, e os bens que se não somem,
e, o que é melhor, meu filho, então serás um Homem!
Carta ao filho, de Rudyard Kipling
Tradução de Alcantara Machado
Domingo, Setembro 11
momentos de felicidade
Vencer o primeiro clássico do Centenário.
Ter o estádio inteiro em festa, onde - num derby equilibrado - a felicidade esteve do lado da equipa mais alegre, mais concretizadora das oportunidades criadas; ainda assim, podia ter sido mais feliz!
Depois, ter um Tello capaz de grandes apontamentos como o cruzamento para um grande golo do levezinho.
Ver que o jovem está tão crescido como jogador!
Enfim.. ser sócio do Sporting Clube de Portugal
Ter o estádio inteiro em festa, onde - num derby equilibrado - a felicidade esteve do lado da equipa mais alegre, mais concretizadora das oportunidades criadas; ainda assim, podia ter sido mais feliz!
Depois, ter um Tello capaz de grandes apontamentos como o cruzamento para um grande golo do levezinho.
Ver que o jovem está tão crescido como jogador!
Enfim.. ser sócio do Sporting Clube de Portugal