Sábado, Julho 31
A bela e pura
A bela e pura palavra Poesia
Tanto pelos caminhos se arrastou
Que alta noite a encontrei perdida
Num bordel onde um morto a assassinou.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar novo (1958)
Sexta-feira, Julho 30
Darfur - Sudão: A esperança perdida!
Na sua quarta revisão em poucos dias, o texto deixou de referir explicitamente a palavra "sanções" contra o regime de Cartum.
Estas continuam a estar previstas, mas torna-se assim mais difícil a sua aplicação.
Se o Governo sudanês não controlar e desarmar as milícias árabes acusadas de limpeza étnica contra os negros de Darfur, o texto admite a possibilidade de a ONU recorrer ao artigo 41, da Carta das Nações Unidas, que prevê sanções económicas ou diplomáticas, mas exclui "o uso da força".
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, deverá supervisionar periodicamente o cumprimento dessas medidas por parte do Governo do Sudão.
(...)
O destacamento de um contingente para proteger as vítimas das atrocidades cometidas pelas milícias necessita do aval do Governo de Cartum que, sob pressão, desafiou tal iniciativa, ao alertar para os riscos de uma desestabilização regional e de uma forte resistência a qualquer tido de intervenção, estabelecendo um paralelo com os resultados violentos da acção das forças da coligação no Iraque.
E as vítimas das atrocidades das milícias árabes continuam a ser dizimadas..
Quinta-feira, Julho 29
Remember the Light in your Eyes
There is a light in your eyes,
Shining from the fire in your heart.
Others have been lured by it,
from their dreamless sleep,
to rise and look upon your face,
to be guided to the place of true existence.
Can you see it?
Remember your origin!
From amongst the stars you were born.
You are the willing vessel of the Gods,
compassion poured upon the earth
like rain that leaves the parched soil
gasping with ecstasy.
Close your eyes,
and let your light shine inward.
Do you remember now?
How the laughter and tears
brought you into this moment...
How the pain was but a bridge
to the realm of the infinite?
Take a deep breath,and remember.
Remember how we used to dance,
in circles on the grass until we collapsed,
giggling like children (I guess we were, then).
I remember... I am reminded by the light in your eyes.
O país está a arder? De Lisboa não se vê..!
Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery
Chapitre XII
La planète suivante était habitée par un buveur. Cette visite fut très courte, mais elle plongea le petit prince dans une grande mélancolie:
-Que fais-tu là? dit-il au buveur, qu'il trouva installé en silence devant une collection de bouteilles vides et une collection de bouleilles pleines.
-Je bois, répondit le buveur, d'un air lugubre.
-Pourquoi bois-tu? lui demanda le petit prince.
-Pour oublier, répondit le buveur.
-Pour oublier quoi? s'enquit le petit prince qui déjà le paignait.
-Pour oublier que j'ai honte, avoua le buveur en baissant la tête.
-Honte de quoi? s'informa le petit prince qui désirait le secourir.
-Honte de boire! acheva le buveur qui s'enferma définitivement dans le silence.
Et le petit prince s'en fut, perplexe.
Les grandes personnes sont décidément très très bizarres, se disait-il en lui-même durant le voyage.
La planète suivante était habitée par un buveur. Cette visite fut très courte, mais elle plongea le petit prince dans une grande mélancolie:
-Que fais-tu là? dit-il au buveur, qu'il trouva installé en silence devant une collection de bouteilles vides et une collection de bouleilles pleines.
-Je bois, répondit le buveur, d'un air lugubre.
-Pourquoi bois-tu? lui demanda le petit prince.
-Pour oublier, répondit le buveur.
-Pour oublier quoi? s'enquit le petit prince qui déjà le paignait.
-Pour oublier que j'ai honte, avoua le buveur en baissant la tête.
-Honte de quoi? s'informa le petit prince qui désirait le secourir.
-Honte de boire! acheva le buveur qui s'enferma définitivement dans le silence.
Et le petit prince s'en fut, perplexe.
Les grandes personnes sont décidément très très bizarres, se disait-il en lui-même durant le voyage.
Quarta-feira, Julho 28
la villa, Estoril
Jantares de negócios, uma chatice!
Actualização de links.
Terça-feira, Julho 27
:: Amor de mãe!
Os animais também amam?
:: reminder
Filmes para alugar esta semana no blockbuster:
O Cume de Dante, Mississipi em Chamas, Vulcão, Quo Vadis..
O Cume de Dante, Mississipi em Chamas, Vulcão, Quo Vadis..
Segunda-feira, Julho 26
Darfur - Sudão: Um lugar do outro mundo
Àqueles que se colocam à margem do problema e lhe chamam guerra religiosa, devemos recordar os números da pior crise humanitária no mundo:
- milhões de deslocados
- centenas de milhar de refugiados
- dezenas de milhar de assassinados
O Nuno Guerreiro chamou mais uma vez à atenção para esta catástrofe.
Pede-nos que publiquemos um post, uma simples foto sobre Darfur, para que a mensagem passe!
Permito-me recordar até onde é capaz de ir a estupidez dos homens!
the show must go on..
No Jornal Nacional da TVI de ontem vi uma das inúmeras reportagens que se têm feito nos últimos dias sobre o país a arder.
O repórter surge de rompante frente à câmara, supostamente ainda em off, a perguntar ao cameraman qualquer coisa como "este plano é bom?".
O objectivo era estimular o espectador para o perigo que ele corria ao fazer a reportagem, perigosamente perto das chamas que atravessavam a estrada.
No ano passado, ou há dois anos, já não me recordo, A Alta Autoridade para a Comunicação Social recomendava aos órgãos de comunicação social alguma moderação na apresentação das imagens sobre os incêndios, para não despertar ainda mais os pirómanos espalhados pelo território nacional.
Andam a dormir?!
O repórter surge de rompante frente à câmara, supostamente ainda em off, a perguntar ao cameraman qualquer coisa como "este plano é bom?".
O objectivo era estimular o espectador para o perigo que ele corria ao fazer a reportagem, perigosamente perto das chamas que atravessavam a estrada.
No ano passado, ou há dois anos, já não me recordo, A Alta Autoridade para a Comunicação Social recomendava aos órgãos de comunicação social alguma moderação na apresentação das imagens sobre os incêndios, para não despertar ainda mais os pirómanos espalhados pelo território nacional.
Andam a dormir?!
Domingo, Julho 25
Para "A Sebastiana"
Eu construí a casa.
Fi-la primeiro de ar.
Depois hasteei a bandeira
E deixei-a pendurada
no firmamento, na estrela,
na claridade e na escuridão.
Cimento, ferro, vidro,
eram a fábula,
valiam mais que o trigo e como o ouro,
era preciso procurar e vender,
e assim chegou um camião:
desceram sacose mais sacos,
a torre agarrou-se à terra dura- mas,
não basta, disse o construtor,
falta cimento, vidro, ferro, portas ,
e nessa noite não dormi.
Mas crescia,
cresciam as janelas
e com pouco,
com pegar no papel e trabalhar,
arremetendo-lhe com joelho e ombro
ia crescer até chegar a ser,
até poder olhar pela janela,
e parecia que com tanto saco
poderia ter tecto e subiria
e agarraria, por fim, a bandeira
que suspensa do céu agitava ainda as suas cores.
Dediquei-me às portas mais baratas,
às que morreram
e tinham sido arrancadas de suas casas,
portas sem parede, rachadas,
amontoadas nas demolições,
portas já sem memória,
sem recordação de chave,e disse: "Vinde
a mim, portas perdidas:
dar-vos-ei casa e parede
e mão que bate,
oscilareis de novo abrindo a alma,
velareis o sono de Matilde
com as vossas asas que voaram tanto."
Então a pintura
chegou também lambendo as paredes,
vestiu-as de azul-celeste e cor-de-rosa
para que se pusessem a bailar.
Assim a torre baila,
cantam as escadas e as portas,
sobe a casa até tocar o mastro,
mas falta dinheiro:faltam pregos,
faltam aldrabas, fechaduras, mármore.
Contudo, a casa
vai subindo
e algo acontece, um latejo
circula nas suas artérias:
é talvez um serrote que navega
como um peixe na água dos sonhos
ou um martelo que pica
como um pérfido pica-pau
as tábuas do pinhal que pisaremos.
Algo acontece e a vida continua.
A casa cresce e fala,
aguenta-se nos pés,
tem roupa pendurada num andaime,
e como pelo mar a primavera
nadando como ninfa marinha
beija a areia de Valparaíso,
não pensemos mais: esta é a casa:
tudo o que lhe falta será azul,
agora só precisa de florir.
E isso é trabalho da primavera.
Pablo Neruda