Sábado, Julho 30

Lisboa, 250 anos depois - I 

Lisboa, cidade a que João Brandão, um dos primeiros olissipógrafos, chamava, em finais do século XVI, a "flor de todas as flores", merece que o Prof. Carmona Rodrigues assuma a responsabilidade mais elevada pelos destinos do Município. Será essa a maneira de escapar com seriedade e eficácia ao terramoto das demagogias, neste ano em que se comemoram dois séculos e meio decorridos sobre 1755...

Vasco Graça Moura



Na crónica semanal do passado dia 13 no DN, com o título Os Trabalhos de Carmona,VGM fez-me sorrir.

Tem três adversários que não lhe darão tréguas, mas que, por isso mesmo, lhe permitirão mostrar quanto vale e porquê.
Refere a inteligência e energia de Maria José Nogueira Pinto e o mérito do seu trabalho na Misericórdia de Lisboa, mas chama a atenção para a inutilidade do voto na candidata;
Quanto a Ruben de Carvalho, destaca o mérito de organizador das Festas do Avante;
Menciona ainda o lado Ribeiro Teles do candidato Sá Fernandes.
Finaliza afirmando que Carmona tem não só as qualidades dos seus adversários, mas ainda um prestígio e credibilidade reconhecidos por toda a gente.
Ora, o que de facto me fez sorrir, foi a completa e deliberada ausência de Carrilho sua na apreciação. Porque será?


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Em matéria de Protecção Civil, a candidatura de Carmona Rodrigues propõe:

- Um Observatório para avaliação de riscos e vulnerabilidades
- Actualizar o Plano Municipal de Emergência
- Manual Municipal de Protecção Civil a distribuir por todas as famílias de Lisboa
- Melhorar a articulação e reforçar a operacionalidade entre as 3 estruturas: Polícia Municipal, Regimento de Sapadores Bombeiros e Departamento de Protecção Civil
- Núcleos para elaboração de planos de emergência - por freguesia e tipo de risco
- Acções de sensibilização, tendo em vista os comportamentos de segurança face aos diversos tipos de risco
- Plataforma de Apoio Logístico para Grandes Operações de Protecção Civil





Naturalmente que as acções não se esgotam nos Programas; Ainda assim, porque Lisboa - mais que uma Câmara, é uma capital europeia - deveria merecer alguma referência específica a medidas face a atentados terroristas.
Exemplo: promover novos comportamentos à população - residente e flutuante - com informação útil nos paineis electrónicos - que Carrilho considera desperdício de fundos..


Reminder 

Comprar bilhetes para os concertos no Pavilhão Atlântico,
em Outubro, Novembro
e Fevereiro

Dá-me música..


Sexta-feira, Julho 29

Princípio da relatividade 

Este senhor faria hoje duzentos anos!
Quanta juventude, quando comparado com este senhor!

Dito de outro modo:
O pensamento de Alexis de Tocqueville, autor de A Democracia na América (1835), assume hoje verdadeiramente o papel de um homem novo, capaz de expôr as diversas formas de despotismo que os homens velhos como Mário Soares encarnam.
Haverá alguém com moral para lhe dizer isto?


Postais (com alma) da Invicta 

Ribeira do Porto


Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada!
Porque não vens de olhos enxutos
e não despes as mãos
de mágoas e de lutos!

Poque hás-de vir semimorta,
com ar macerado e de bruxedo,
e não despes os ritos, o cansaço,
e as lágrimas e os mitos e o medo!

Porque não vens natural
Como um corpo sadio que se entrega,
e não destranças os cabelos,
e não nimbas de luz a tua treva!

Poque hás-de vir com a cor da morte
- se a morte já temos nós!
Porque adormeces os gestos,
porque entristeces os versos,
e nos quebras os membros e a voz!

Porque é que vens adorada
por uma longa procissão de velas,
se eu estou à tua espera em cada estrada,
nu, inteiramente nu,
sem mistérios, sem luas e sem estrelas!

Ó noite eterna e velada,
senhora da tristeza, sê alegria!
Vem de outra maneira ou vai-te embora,
e deixa romper o dia!


Eugénio de Andrade


Detalhe da Ribeira
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Quinta-feira, Julho 28

Esclarecimento 

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Obrigado.


Refracção atenuada.. no ponto x 



O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...


Álvaro de Campos


Terça-feira, Julho 26

Antecâmara-I 

Da leitura do último número da revista Nova Cidadania, cheguei ao documento que o Compromisso Portugal enviou aos partidos políticos por altura das Eleições Legislativas em Fevereiro último, e do qual constavam um conjunto de questões nas áreas económica, social, da educação, da justiça, política e do ambiente, que deveriam obter resposta nos respectivos programas eleitorais.

Deste valioso documento de reflexão - disponível no link acima, irei ao longo das próximas semanas destacar unicamente a relevância das questões colocadas - na perspectiva do CP,uma vez que o exercício de análise das Propostas perdeu actualidade!

Quem ainda tiver estômago para isso, pode ainda, no documento de 140 páginas, dissecar os seguintes tópicos:
- Propostas apresentada no programa
- Profundidade do tratamento
- Compromissos assumidos
- Adequação e eficácia das propostas


Apreciação Geral - Fevereiro de 2005

A verdade é que a situação do País é muito preocupante e que a nossa sociedade não cria actualmente riqueza suficiente para sustentar o presente Estado e o modelo social em que vivemos.

A verdade é que:
- o funcionamento do Estado e de muitos dos seus serviços, incluindo programas de protecção social, não é sustentável na sua forma actual, gerando frequentemente ineficiências, abusos e injustiças;
- as mudanças estruturais necessárias implicam a redução significativa, mas socialmente equilibrada e planeada, do número de funcionários públicos acompanhada da respectiva contenção salarial;
- é necessário abrir e flexibilizar efectivamente os mercados, incluindo o do arrendamento e laboral, nestes casos mantendo uma protecção social adequada;
- a prioridade do Estado deve-se centrar no combate à pobreza, na prestação de serviços públicos essenciais de qualidade e na igualdade de oportunidades para todos os Portugueses, assegurando-lhes uma qualificação mínima que lhes dê melhores perspectivas para o futuro;
- para além do Estado / Administração Pública, também as famílias têm incorrido em padrões de consumo baseados num crescente e excessivo endividamento que não é possível manter.

A verdade é que nos tempos mais próximos, o nível de vida dos Portugueses dificilmente irá subir, sendo provável que, em certos casos, possa mesmo diminuir, e que o desemprego venha a aumentar.

Sendo esta a verdade, é também verdade que nenhum dos partidos, provavelmente por razões eleitorais, mais ou menos compreensíveis, foi capaz no seu programa de ir tão a fundo no assumir desta verdade.

Mas se queremos ter esperança e inverter a situação, atingindo os objectivos últimos da nossa sociedade (a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos, em particular dos mais desfavorecidos), sacrifícios têm que ser feitos e as reformas estruturais que o Compromisso Portugal, e outros têm defendido, terão que ser, finalmente, implementadas por forma a criar mais riqueza que sustente um novo modelo social.

Para isso, também é importante que os Portugueses comecem a valorizar mais o discurso da verdade.



Apreciação do Programa do Governo PS - Abril de 2005

São motivos de alguma preocupação o facto de o Governo:

- Não dizer claramente aos Portugueses que a atitude de optimismo e esperança que devemos ter se encontra directamente relacionado com a nossa capacidade de realizarmos as mudanças necessárias, o que implica os sacrifícios inerentes, que poderão exigir a contenção ou mesmo a redução de salários reais.

- Não apresentar uma definição clara do papel do Estado, parecendo apostar, em muitas áreas, num intervencionismo, deste que se poderá revelar excessivo. É importante que os Estado deixe de asfixiar a sociedade civil e os cidadãos e liberte estes e a iniciativa privada para novas oportunidades e desafios, mantendo as suas responsabilidades sociais.

- Não traçar, desde já, objectivos para a despesa pública nem clarificar as principais áreas onde a respectiva redução irá ser concretizada.

- Não apresentar uma estratégia geral para o financiamento do Estado.

- Não ter explicitado no programa uma aposta forte e clara numa sã concorrência, abertura e flexibilidade dos vários mercados, incluindo o laboral.

- Não explicar quais vão ser os factores diferenciadores do enquadramento em que vamos apostar para atrair mais investimento de maior qualidade.

- Não ter apresentado uma listagem das principais medidas a tomar nos primeiros cem dias.

Será importante que, a curto prazo, O Governo venha a dar resposta a estas e outras questões, de modo a transmitir à sociedade uma maior confiança na sua capacidade de prosseguir uma acção verdadeiramente reformista e estruturante, alterando significativamente a forma como o País funciona.
De facto, o País precisa de mudanças e alterações profundas, para atingirmos os objectivos últimos da nosa sociedade: aumento de qualidade de vida de todos os Portugueses, em particular ods mais desfavorecidos e a maximização das possibilidades de realização e felicidade pessoal de cada um.

Excerto do artigo Objectivos e Reformas do Governo, publicado na edição deste trimestre.
Os sublinhados nos dois textos anteriores são meus.



Pois bem:

Pese embora o sentimento generalizado de que os sinais de confiança transmitidos por quem nos desgoverna se traduzam em medidas do género:
- para pequenos remédios, como a contenção da despesa pública, o Estado tem grandes males, como a OTA e o TGV;
- para grandes desígnios como o défice, nos são pedidos pequenos esforços como o aumento dos impostos;

Continuo a acreditar que um dia destes eles vão acordar e perceber que o verdadeiro papel do Estado deverá passar pela promoção de serviços de qualidade nas áreas da educação, da saúde, da justiça;
Estado que acredite na sociedade civil e promova efectivamente o progresso económico, um sistema fiscal competitivo, enfim.. generalidades que - ainda que discretamente, levem as pessoas e as empresas a dar o seu melhor nas actividades que exercem, contribuindo assim para o progresso social e bem estar individual.


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