Sábado, Maio 15

conversa à volta do Bill 



BILL:...because she is coming and she's coming to kill you.
And unless you accept my assistance, I have no doubt she will succeed.

BUDD: I don't dodge guilt and I don't Jew out of paying my comeuppance.

BILL: Can't we just forget the past?

BUDD: That woman deserves her revenge. And we deserve to die.


Mai nada!

O sorriso 

Creio que foi o sorriso,

sorriso foi quem abriu a porta.

Era um sorriso com muita luz

lá dentro, apetecia

entrar nele, tirar a roupa, ficar

nu dentro daquele sorriso.

Correr, navegar, morrer naquele sorriso.


Eugénio de Andrade


Trânsito de Vénus  



A passagem visual de Vénus ou de Mercúrio diante do Sol, quando observado da Terra, designa-se por “trânsito” .
O trânsito de Vénus de 8 de Junho de 2004 será inteiramente observado no Norte do país, as restantes regiões perderão apenas os instantes iniciais e na Madeira e nos Açores serão observadas as fases intermédia e final do fenómeno.
O próximo ocorrerá em 2012, e o seguinte só deverá verificar-se em 2117!

Os trânsitos de Vénus são utilizados desde o século XVIII para determinar a distância da Terra ao Sol.
Johannes Kepler (1571-1630) calculou em 1629 que Mercúrio passaria diante do Sol em Novembro de 1631 e Vénus no mês seguinte. Tendo falecido antes desta data, a confirmação dos cálculos foi efectuada por Pierre Gassendi, mas apenas para Mercúrio.
Contrariamente aos cálculos de Kepler, Vénus passou diante do Sol quando era noite na Europa.
O «ano» de Vénus, dura 224,701 dias, enquanto o ano terrestre dura 365,256 dias - Terceira Lei de Kepler.
Mercúrio e Vénus são planetas interiores, porque a sua órbita é interior à da Terra, ou seja, interpõem-se entre nós e o Sol.

Para que o alinhamento seja perfeito são necessárias duas condições.

Em primeiro lugar é necessário que o planeta esteja na chamada conjunção inferior; em segundo lugar, é necessário que esteja na linha de intersecção entre os planos da sua órbita e da órbita da Terra, a chamada linha de nodos.
Por isso, Vénus ultrapassa periodicamente a Terra. Ao tempo que demora a ganhar à Terra uma rotação completa chama-se período sinódico e é aproximadamente igual a 584 dias.
Este valor representa o tempo, em dias, que medeia entre duas passagens consecutivas de Vénus pela Terra, ou seja, duas conjunções inferiores.

Em segundo lugar, é necessário que, no momento de conjugação, estejam no mesmo plano.
Os planos de órbita da Terra e de Vénus (tal como os planos de órbita da Terra e da Lua) não são o mesmo. Fazem um ângulo.
Vénus pode estar em conjunção com a Terra sem estar perfeitamente alinhado com esta. Esse alinhamento perfeito só se verifica quando ambos os planetas estão na linha assinalada, que se chama linha dos nodos.

Nessa linha, o alinhamento pode verificar-se em duas situações: no chamado nodo descendente, quando Vénus está em V1 e a Terra em T1, o que acontecerá a 8 de Junho, ou no chamado nodo ascendente, quando Vénus está em V2 e a Terra em T2 , o que acontecerá a 8 de Dezembro.
Em todos os outros casos de conjunção, como é o marcado em V3 e T3 , não poderemos ver Vénus passar em frente ao Sol, pois este passa «por baixo» ou «por cima» do astro.

Os trânsitos de Vénus são mais raros que os de Mercúrio.
No século XX, enquanto Mercúrio se atravessou entre nós e o Sol por 14 vezes, Vénus não registou um único trânsito.
Esta raridade relativa dos trânsitos venusianos deve-se, entre outros factores, a um movimento muito lento das conjugações.

Cinco períodos sinódicos de Vénus são aproximadamente iguais a oito anos terrestres, ou seja, de oito em oito anos os três astros encontram-se aproximadamente na mesma posição no espaço.
Como há uma diferença de dois dias e algumas horas entre os dois períodos sinódicos, de oito em oito anos a posição de Vénus e da Terra muda um pouco, o equivalente aos movimentos de translação de 2,428 dias.

Num trânsito de Vénus, ambos os planetas estão na linha dos nodos.
Passados oito anos menos 2,428 dias, os três astros estarão em posição semelhante, portanto é possível que se registe outro trânsito, mas também é possível que as órbitas dos dois planetas nesses 2,428 dias os tenha afastado dessa linha e que já não se verifique nenhum trânsito.
A partir da inclinação da sua órbita, Vénus sobe cerca de 20' (minutos de arco) ou desce 24', ao passar de uma conjunção inferior para a que se regista passados 2,428 dias.
Como o disco solar tem um diâmetro aparente visto da Terra de cerca de 32', é possível que se registe um trânsito de Vénus num momento e se registe outro passado oito anos, pois tendo-se deslocado o planeta 20' ou 24' apenas, é possível que cruze o disco solar das duas vezes.
Isto explica que os trânsitos de Vénus apareçam habitualmente aos pares, como se passa com o trânsito de 2004, que é seguido de um outro daqui a oito anos, em 2012.

Mas isto quer dizer também que não é possível haver um terceiro trânsito passados mais oito anos, pois nessa altura Vénus já se terá deslocado 40' ou 48' e saído do disco solar, que apenas mede cerca de 32'.
É necessário que decorram mais 105,5 ou 121,5 anos depois de um par de trânsitos separados por oito anos.
E mesmo nesse par pode falhar um dos trânsitos.
Foi o que aconteceu em 1388, no trânsito falhado que antecedeu o de 1396.

Sexta-feira, Maio 14

luminosidade intensa ou o triunfo da simplicidade 



Um concerto imperdível para quem aprecia jazz!
Concerto não, performance, ou melhor ainda, perfumar - é o que o Jan Garbarek vai fazer esta noite no Grande Auditório do CCB.
Os vôos prolongados do saxofone tenor de Garbarek atravessam-nos a alma.
O estilista Eberhard Weber, no seu indomável contrabaixo, é quem nos prende à terra.
É um reencontro desejado, e seguramente as tonalidades desta noite ecoarão pelo fim-de-semana.

nascimento dos mitos 

No princípio do século XX Portugal tem cinco milhões de habitantes.
É um país essencialmente rural, pobre e atrasado.
Quarenta mil portugueses emigram por ano. A taxa de analfabetismo ronda os 70%.


A 5 de Outubro de 1910 Portugal torna-se numa das primeiras repúblicas da Europa.
O novo regime mobiliza o país e apaixona a opinião pública.
Escolas e educação, prioridade.
A legislação consagra os novos direitos de liberdade e cidadania.
A prática do exercício desses direitos engendra grandes contradições.
Comportamentos restritivos e repressivos da parte do Partido Republicano no poder.
Portugal participa na I Guerra Mundial (1914 -1918).
Agravamento das tensões dentro da sociedade portuguesa estão na origem da Ditadura de Sidónio Pais.
Em 1917 Portugal sofre o desastre da batalha de La Lys, em França.
Agudizam-se as tensões entre a sociedade urbana, em vias de industrialização e o mundo rural tradicional e arcaico.


Em Fátima, três miúdos afirmam ter visto Nossa Senhora em cima de uma oliveira.
Em Lisboa, na Estação do Rossio, Sidónio Pais é assassinado a 14 de Dezembro de 1918.
Bento Gonçalves, dirigente anarco-sindicalista, visita a Rússia durante a revolução bolchevista.
Em 1921 fundará do Partido Comunista.
Em 1920 a Igreja recusa a imagem de Nossa Senhora de Fátima do escultor Teixeira Lopes pela sua sensualidade.

Na Serra da Gardunha, um tocador de cornetim é cobiçado pelas duas bandas do Fundão:
«música nova» e «música velha».
A vida de músico é insegura, ele tem que assegurar o sustento dos três filhos e da mulher novamente grávida.
É sapateiro, mas por causa do cornetim, poucos sapatos fizera.
Sai dos confins da Beira Interior e resolve tentar a sorte na capital.
É o tempo das cerejas (Maio e Junho) e em Lisboa, na Rua Martim Vaz, a mulher dá à luz uma criança do sexo feminino: Amália da Piedade Rodrigues.


A vida está má e o sapateiro-músico não arranja trabalho.
Voltam todos para o Fundão mais pobres do que nunca.
Excepto Amália que, com 14 meses, fica em Lisboa com os avós.

Quarta-feira, Maio 12

«Mensagem» de Fernando Pessoa 



3ª Parte - O Encoberto

II - Os Avisos


Primeiro - O Bandarra

Sonhava, anónimo e disperso,
O Império por Deus mesmo visto,
Confuso como o Universo
E plebeu como Jesus Cristo.

Não foi nem santo nem herói,
Mas Deus sagrou com Seu sinal
Este, cujo coração foi
Não português mas Portugal.


Segundo - António Vieira

O céu 'strela o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e à glória tem,
Imperador da língua portuguesa,
Foi-nos um céu também.

No imenso espaço seu de meditar,
Constelado de forma e de visão,
Surge, prenúncio claro do luar,
El-Rei DE. Sebastião.

Mas não, não é luar: é luz do etéreo.
É um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Império
Doira as margens do Tejo.


Terceiro

Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?

canção do mar 



Fui bailar no meu batel
Além do mar cruel
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo

Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração

Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo


Frederico de Brito / Ferrer Trindade
a voz luminosa de Dulce Pontes

Terça-feira, Maio 11

para uma existência sustentável 

Ora aqui está uma boa razão para existir!

No dia 22 de Maio, data do meu aniversário, comemora-se o Dia Mundial da Biodiversidade!
Tenho contribuído pouco para promover um desenvolvimento responsável e duradouro dos recursos naturais da nossa terra.

Se o desenvolvimento sustentável for abordado como forma de garantir o progresso humano integral, este deverá consubstanciar-se num espírito de serviço aos meus semelhantes e para com a natureza.

Utilizar da melhor forma os recursos e avaliar a finalidade e a dimensão dos nossos problemas ambientais, económicos e sociais, procurar caminhos no sentido da salvaguarda das florestas e das espécies biológicas ameaçadas, é uma forma de comprometimento pessoal, que certamente me tornará mais rico, tanto espiritual como culturalmente.


Parque Natural da Ria Formosa

Local de eleição das minhas férias de verão, espero que por muitos anos!

Segunda-feira, Maio 10

Biancaneve e i sette Nani 

Era una fredda giornata d'inverno; bianchi fiocchi cadevano volteggiando dal cielo come piume leggere e una regina sedeva ricamando accanto alla finestra aperta. Mentre così se ne stava, ricamando e guardando la neve, si punse un dito con l'ago e tre gocce di sangue rosse come rubini caddero sul bianco manto nevoso. Tanta era la bellezza di quelle tre stille rosso fiamma sul bianco immacolato che la regina pensò: "Oh, se potessi avere una bambina dai capelli neri come l'ebano, dalle labbra rosse come il sangue e dalla pelle bianca come la neve!" Poco dopo, diede alla luce una bambina a cui fu dato il nome di Biancaneve . Ma dopo poco si ammalò gravemente e morì. Un anno dopo il re si risposò. La sua seconda moglie era bella, ma anche gelosa e crudele , e non poteva tollerare neppure il pensiero che esistesse al mondo qualcuna più bella di lei.



Possedeva uno specchio magico, ed ogni giorno chiedeva: "Specchio, specchio delle mie brame, chi è la più bella del reame?" e ogni giorno lo specchio rispondeva: "O mia regina, al mondo non c'è nessuna che sia più bella di te" . Intanto però, Biancaneve cresceva e diventava sempre più bella. L'invidia della regina cresceva di pari passo con la bellezza della fanciulla, tanto che la costringeva a vestirsi di stracci e a fare la serva. La principessina affrontava ogni fatica senza un lamento. Anzi, sempre allegra e sorridente: Solo un desiderio era solita confidare, cantando, alle amiche colombe: incontrare presto l'uomo dei suoi sogni. Un giorno, mentre si trovava accanto al pozzo, le bianche colombe le confidarono un segreto: " Questo" dissero tubando "è un pozzo incantato. Esprimi un desiderio affacciandoti ad esso e se udrai l'eco il desiderio diverrà realtà." Così Biancaneve sussurrò: "Vorrei tanto trovare qualcuno che mi ami." E non appena l'eco le rispose, nell'acqua del pozzo apparve un bel principe su un cavallo nero. Il principe guardava Biancaneve con tanta ammirazione che la fece arrossire e fuggire timidamente nella sua stanza. La regina, di lontano aveva assistito a tutta la scena. Subito impallidì per l'invidia e corse a rivolgersi a suo specchio magico: "Specchio, specchio delle mie brame, chi è la più bella del reame?" e lo specchio le rispose: "Tu mia regina sei sempre bellissima, ma Biancaneve è più bella di te!" La regina non poteva tollerare una rivale: e così convocò un guardiacaccia suo fido e gli disse: "Porterai la principessa nella foresta, e la la ucciderai. Mi porterai poi il suo cuore come segno del delitto". Il guardiacaccia portò Biancaneve nella foresta ma al momento giusto non ebbe il coraggio di ucciderla. Le intimò di scappare nella foresta, e sulla strada del ritorno uccise un cerbiatto per portare il cuore alla regina. Biancaneve corse a perdifiato nella foresta, fin quando non arrivò in una radura, dove sorgeva una minuscola e graziosa casetta: entrò e capì che ci viveva qualcuno, e pensò che abitassero sette bambini senza mamma.



C'erano infatti sette piccole sedie impolverate, sette piattini sporchi, sette camicine sporche e polvere e ragnatele dappertutto. Biancaneve non stette a pensarci su: prese scopa e strofinaccio, e di buona lena ripulì ogni cosa. Poi salì al piano superiore e vi trovò sette lettini di legno. Su ciascun letto era inciso un nome: Dotto, Gongolo, Eolo, Cucciolo, Brontolo, Mammolo e Pisolo. "Che strani nomi!" pensò Biancaneve. Poi, siccome era molto stanca , si addormentò sui lettini.

Gli abitanti della casa erano sette nanetti che lavoravano nella miniera di diamanti vicina. Rientrando trovarono Biancaneve e decisero di ospitarla, raccomandandole di essere estremamente prudente per via della regina cattiva. Per Biancaneve iniziò un periodo sereno, con nuovi amici ed a contatto con la natura. Ma un brutto giorno la regina cattiva chiese di nuovo allo specchio chi era la più bella del reame. E lo specchio magico le rispose : "Al di là dei sette monti, al di là delle sette valli c'è la casa dei sette nani, in cui vive Biancaneve che è ancora più bella di te". La regina decise di uccidere Biancaneve: prese una mela, una mela bellissima e la immerse in un veleno magico. Poi si trasformò da mendicante, ed andò nella casa dei nani. Biancaneve stava preparando una torta e impietosita le offrì una fetta. In cambio la strega travestita le diede la mela e Biancaneve diede un morso.



Subito cadde a terra addormentata, sembrava morta! La strega fuggì felice: l'unico antidoto era il primo bacio d'amore, credeva che i nani vedendola morta l'avrebbero sepolta. Ma i nani, disperati non vollero separarsi da Biancaneve e la misero in una bara di cristallo nella foresta, per vegliarla in continuazione. Passò molto tempo. Un bel giorno un principe su un cavallo nero sentì la gente del villaggio parlare di quella meravigliosa fanciulla che giaceva addormentata nel bosco. Il suo suo cuore diede un sobbalzo. Si trattava forse della bellissima fanciulla che aveva visto un giorno a palazzo e che non era più riuscito a trovare? Subito cavalcò fino alla radura nel bosco.

Quando la vide non ebbe dubbi: era proprio quella fanciulla che aveva incantato il suo cuore, ed era morta! Mestamente, il principe sollevò il coperchio di cristallo e si chinò per dare un bacio al suo amore perduto... Immediatamente Biancaneve aprì gli occhi e sorrise: quel primo bacio d'amore aveva spezzato l'incantesimo. Così il sogno che un giorno Biancaneve aveva confidato al pozzo dei desideri divenne realtà.
Il principe la fece salire sul cavallo e partì con lei verso il suo palazzo tra le nuvole... dove vissero, per sempre, felici e contenti!

dei Fratelli Grimm

Efemérides 

No dia de hoje, 20 anos antes, morreu o saudoso Joaquim Agostinho.
Lembro-me de em miúdo ver o Estádio de Alvalade levantar-se em peso a aplaudir quando ele entrava na pista para a última volta antes de conquistar "mais uma" Volta a Portugal em bicicleta.
Desde a morte dele desinteressei-me pela modalidade.



No dia de hoje, 22 anos antes, entrei para a Força Aérea.
Estava uma manhã bonita, como a de hoje.
Fui ter com o Eduardo Jaime, amigo de infância e meu irmão.
No fim-de-semana anterior, à cautela, tínhamos ido fazer um pente 4 na barbearia de sempre, no Largo do Carmo. A barbearia já fechou e o Armando já morreu.

O comboio levou-nos até ao Entroncamento, e daí nos Autocarros da FAP chegámos à Base Aérea N 3.
Fomos logo separados - O EJ para a PA( Polícia Aérea) e eu para os Bicos.
No imediato, o resultado prático foi o mesmo, pois eles acharam que nós levávamos o cabelo muito grande e fizeram uma ligeira correcção até ao valor zero.

Dois dias depois tivemos uma abébia!
Viemos para casa, pois no dia seguinte João Paulo II celebrava missa no Parque Eduardo VII.

Domingo, Maio 9

diálogo imprevisto 



Hoje à tarde, depois do ritual semanal de deixar o dízimo na Fnac, desci a Nova do Almada e, ao chegar ao carro, um turista espanhol pergunta:
- Barro Altio?
- Bairro Alto? Arriba!
- Tengo de andar mucho?
- No.
- Xabes onde fica um sítio onde poxo ter una vista de la ciudad?
- Jardim São Pedro de Alcântara. Se quiseres deixo-te lá!
- Muchas gracias.
No trajecto, a ouvir a TSF:
- Vengo de Caxilhas. O paxéo de barco és mui lindo!
- É! Do rio tens uma vista magnífica sobre a cidade!
- Está a jugar Benfica? Si ganha se va a Champions, no?
- É, mas eu sou do Sporting!
- (...)
- Lixboa é una ciudad mui romantica, mui linda. Conoces Madrid?
- Si, claro, e me gusta muchissimo.
- Ah! Se Madrid tienga um rio!!
- Olha, já chegamos!
- Asta luego!
Concluí o meu trajecto a ouvir os instantes finais dos jogos, à espera de um golinho da União de Leiria na Luz, mas as minhas preces foram em vão.
O espanhol deu galo!


Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery  

CHAPITRE VII

Le cinquième jour, toujours grâce au mouton, ce secrèt de la vie du petit prince me fut révélé.
Il me demanda avec brusquerie, sans préambule, comme le fruit d'un problème longtemps médité en silence:

-Un mouton, s'il mange les arbustes, il mange aussi les fleurs?

-Un mouton mange tout ce qu'il rencontre.

-Même les fleurs qui ont des épines?

-Oui. Même les fleurs qui ont des épines.

-Alors les épines, à quoi servent-elles?

Je ne le savais pas. J'étais alors très occupé à essayer de dévisser un boulon trop serré de mon moteur. J'étais très soucieux car ma panne commençait de m'apparaître comme très grave, et l'eau à boire qui s'épuisait me faisait craindre le pire.

-Les épines, à quoi servent-elles?

Le petit prince ne renonçait jamais à une question, une fois qu'il l'avait posée.
J'étais irrité par mon boulon et je répondis n'importe quoi:

-Les épines, ça ne sert à rien, c'est de la pure méchanceté de la part des fleurs!

-Oh!

Mais après un silence il me lança, avec une sorte de rancune:

-Je ne te crois pas! les fleures sont faibles. Elles sont naives. Elles se rassurent comme elles peuvent. Elles se croient terribles avec leurs épines...

Je ne répondis rien. A cet instant-là je me disais: "Si ce boulon résiste encore, je le ferai sauter d'un coup de marteau." Le petit prince dérangea de nouveau mes reflexions:

-Et tu crois, toi, que les fleurs...

-Mais non! Mais non! Je ne crois rien! J'ai répondu n'importe quoi. Je m'occupe, moi, des choses sérieuses!

Il me regarda stupéfiait.

-De choses sérieuses!

Il me voyait, mon marteau à la main, et les doigts noirs de cambouis, penché sur un objet qui lui semblait très laid.

-Tu parles comme les grandes personnes!

Ca me fit un peu honte. Mais, impitoyable, il ajouta:

-Tu confonds tout... tu mélanges tout!

Il était vraiment très irrité. Il secouait au vent des cheveux tout dorés:

-Je connais une planète où il y a un Monsieur cramoisi. Il n'a jamais respiré une fleur.
Il n'a jamais regardé une étoile. Il n'a jamais aimé personne.
Il n'a jamais rien fait d'autre que des additions.
Et toute la journée il répète comme toi: "Je suis un homme sérieux! Je suis un homme sérieux!" et ça le fait gonfler d'orgueil.
Mais ce n'est pas un homme, c'est un champignon!

-Un quoi?

-Un champignon!

Le petit prince était maintenant tout pâle de colère.

-Il y a des millions d'années que les fleures fabriquent des épines.
Il y a des millions d'années que les moutons mangent quand même les fleurs.
Et ce n'est pas sérieux de chercher à comprendre pourquoi elles se donnent tant de mal pour se fabriquer des épines qui ne servent jamais à rien?
Ce n'est pas important la guerre des moutons et des fleurs? Ce n'est pas sérieux et plus important que les additions d'un gros Monsieur rouge?
Et si je connais, moi, une fleur unique au monde, qui n'existe nulle part, sauf dans ma planète, et qu'un petit mouton peut anéantir d'un seul coup, comme ça, un matin, sans se rendre compte de ce qu'il fait, ce n'est pas important ça?



Il rougit, puis reprit:

-Si quelqu'un aime une fleure qui n'existe qu'à un exemplaire dans les millions d'étoiles, ça suffit pour qu'il soit heureux quand il les regarde.
Il se dit: "Ma fleur est là quelque part..." Mais si le mouton mange la fleur, c'est pour lui comme si, brusquement, toutes les étoiles s'éteignaient!
Et ce n'est pas important ça!

Il ne put rien dire de plus. Il éclata brusquement en sanglots. la nuit était tombée.
J'avais lâché mes outils. Je me moquais bien de mon marteau, de mon boulon, de la soif et de la mort.
Il y avait sur une étoile, une planète, la mienne, la Terre, un petit prince à consoler!
Je le pris dans les bras. Je le berçai. Je lui disais: "La fleur que tu aimes n'est pas en danger... Je lui dessinerai une muselière, à ton mouton... Je te dessinerais une armure pour ta fleur... Je..." Je ne savais pas trop quoi dire.
Je me sentais très maladroit. Je ne savais comment l'atteindre, où le rejoindre... C'est tellement mystérieux, le pays des larmes.



mais do que um sonho: comoção!
sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

e recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.


David Mourão-Ferreira

This page is powered by Blogger. Isn't yours?